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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Taxa de juro deve subir para 10,25% no primeiro Copom de 2014

Comitê de Política Monetária do Banco devide na quarta-feira e 46 de 68 analistas financeiros consultados pela Agência Estado apostam em alta do juro de 0,25 ponto porcentual



14 de janeiro de 2014 | 10h 00

Flavio Leonel e Maria Regina Silva, da Agência Estado
SÃO PAULO - Começa nesta terça-feira, 14, a primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir a nova taxa básica de juros (Selic). A maior parte dos economistas do mercado financeiro continua com a expectativa de que os diretores do Banco Central diminuirão o ritmo de alta da Selic. Levantamento realizado pela Agência Estado com 68 instituições mostrou que 46 delas aguardam um ajuste de 0,25 ponto porcentual para a taxa básica de juros, o que a levaria para a marca de 10,25% ao ano. A reunião do Copom se encerra na quarta-feira, quando será conhecida a decisão do órgão.
Para as 22 restantes, o colegiado deverá manter o ritmo de alta de 0,50 ponto porcentual, fazendo com que os juros atinjam o nível de 10,50% ao ano.
A nova sondagem foi feita após a divulgação, na sexta-feira, 10, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e de 2013. Os resultados salgados, de 0,92% e de 5,91%, respectivamente, foram anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vieram acima das expectativas dos analistas.
Depois disso, algumas casas promoveram ajustes nas previsões para o Copom de janeiro, mas o aumento de 0,25 ponto porcentual ainda é o mais citado entre os economistas do mercado. O cenário é um pouco diferente daquele visto no mercado de juros futuros da BM&FBovespa, onde as taxas iniciaram a semana atual refletindo maiores chances de uma elevação de 0,50 ponto na Selic.
Na véspera do conhecimento do IPCA, a Agência Estado havia divulgado seu tradicional levantamento sobre a reunião do comitê do Banco Central. Na ocasião, o placar trazia 57 de 71 casas com expectativa de alta para 10,25% ao ano em janeiro, contra 13 instituições com a expectativa de Selic a 10,50% e uma única casa, a GO Associados, com juro básico inalterado em 10,00%.
Alta para 10,25%. Para a corrente dominante do levantamento finalizado nesta segunda-feira, as recentes questões levantadas pelo Banco Central nos instrumentos de comunicação, como a ata da reunião de novembro do Copom, dão a entender que será reduzida a dose de aperto.
Quanto aos motivos para a diminuição do ritmo, destaque para a defasagem dos efeitos da política monetária sobre a inflação. O grupo que projeta a manutenção do ciclo de ajuste em 0,50 ponto porcentual cita o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro de 2013 como parte fundamental para justificar tal elevação. Tudo porque entendem que no documento do BC havia demonstrações de maior preocupação com a evolução da inflação.
Somado a este detalhe, ao comentar o RTI, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou a jornalistas que o objetivo da autoridade monetária é levar a inflação para o centro da meta de 4,5% "o mais rápido possível".
Após o IPCA de dezembro em nível expressivo, o conjunto de casas com expectativa de Selic em 10,50% viu seu cenário reforçado.
No outro lado, para boa parte das instituições com 10,25%, a manutenção da projeção trouxe agora um panorama que não descartada totalmente que o Banco Central continue o ciclo de aperto iniciado em abril de 2013. "Aumentou a chance de ser 0,5 ponto porcentual, mas mantemos a previsão de 0,25 ponto ainda", disse o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. "Na minha opinião, nada muda do IPCA pra cá", comentou o economista André Muller, da Quest Investimentos, que também trabalha com Selic a 10,25% no encontro de janeiro do Copom.
Para Muller, a diretoria do BC deu especial ênfase nos documentos mais recentes ao fato de que o mecanismo de transmissão da política monetária para os preços ocorre com defasagens e com impacto ainda incerto. Com isso, depois da sequência de altas usada pelo Copom desde abril do ano passado, a percepção de proximidade do fim do ciclo estaria ficando cada vez mais clara. "Por outro lado, as expectativas de inflação seguem desancoradas e o risco de depreciação cambial ainda está presente, o que aponta para a necessidade de elevações adicionais da taxa, porém em ritmo menor", ressaltou.
O estrategista-chefe da CGD Securities, Mauro Schneider, também ainda espera que o Copom eleve a Selic em 0,25 ponto porcentual na reunião desta semana e avalia que o comunicado pode dar pistas de que outros aumentos estarão por vir. O economista, no entanto, acredita que o texto que será divulgado pelo Banco Central poderá conter um tom mais duro na comparação com os anteriores, devido à resiliência dos preços. "Pode ser que tenha algum ajuste na escolha das palavras, com o BC reconhecendo a persistência da inflação, e de que ela poderá demorar a cair", comentou.
Já a GO Associados alterou a projeção da Selic na reunião de janeiro, de 10% para 10,25%, influenciado pelo resultado inesperado do IPCA de dezembro e de 2013. Segundo o diretor de Pesquisa Econômica da instituição, Fábio Silveira, a pergunta que o mercado gostaria que o Banco Central respondesse é qual o teto de Selic que o BC está trabalhando. "Qual o juro ideal para que a inflação tenha algum arrefecimento?", questionou.
A despeito da aceleração da inflação do mês passado, o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho, trabalha com a hipótese de que o Copom elevará a Selic em 0,25 ponto porcentual na quarta-feira. Em sua opinião, a alta do IPCA em dezembro foi marcada por algumas questões pontuais. "Além disso, houve redução em algumas das projeções do BC no último RTI" ponderou.
Para Eduardo Velho, o cenário externo também tende a reforçar a expectativa de aumento do juro básico para 10,25%, após o resultado decepcionante no total de vagas criadas nos EUA em dezembro. "O payroll (relatório de emprego) veio mais fraco, o que diminui a pressão sobre o dólar", avaliou. No mês passado, foram gerados apenas 74 mil empregos nos EUA, bem menos que os 200 mil esperados por analistas.
Alta para 10,5%. Na Credit Suisse Hedging-Griffo, a equipe de economistas mudou a projeção para a reunião de janeiro do Copom, de 0,25 ponto porcentual para meio ponto. Em relatório a clientes, os analistas destacaram que, ao longo das últimas semanas, as comunicações e discursos do BC vinham todos no sentido de indicar que o ciclo de juros estaria perto do seu final. Entretanto, na avaliação dos profissionais, o que se viu recentemente foi uma deterioração expressiva das condições de contorno e do cenário para a inflação.
"O dólar voltou a subir em relação ao real; a inflação se mostrou mais alta do que se imaginava, mais dispersa e mais robusta, e acima da meta já pouco ambiciosa de encerrar o ano abaixo de 5,84%, sem qualquer sinal de convergência para meta oficial de 4,5%; a taxa de desemprego não deu nenhum alento a quem poderia crer numa evolução mais benigna de salários; e a política fiscal passou a ser motivo de muito mais preocupação por parte dos agentes de mercado (de um ponto de partida já bastante difícil)", listaram os economistas da Credit Suisse Hedging-Griffo. "Ou seja, que argumentos há para desacelerar a alta dos juros? Em face da deterioração expressiva dessas condições, passamos a crer que o BC manterá o ritmo em 50 pontos-base nessa reunião de janeiro, levando a Selic a 10,5%, sinalizando uma redução do passo adiante. Entretanto, cabe destacar que nossa convicção é baixa, dado o histórico de decisões contrastantes com os fundamentos", escreveram.

No BicBanco, o diretor-financeiro da instituição, Aury Luiz Ermel, migrou da corrente do mercado que aguardava ajuste de 0,25 ponto para o grupo que espera aumento de 0,50 ponto porcentual. "Basicamente por causa do IPCA", justificou, ressaltando que, além deste detalhe importante, há uma maior preocupação com o comportamento dos preços administrados para 2014 e também continuam, entre os alguns analistas, dúvidas sobre a postura do governo federal em relação à política fiscal. "Talvez também seja mais inteligente a adoção de uma ajuste mais forte da Selic agora no começo do ano do que deixar para fazer algo mais próximo das eleições e virar alvo de críticas da oposição", avaliou.

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