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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Desperdício de água no Brasil é de 40%

Estudo da consultoria GO Associados encomendado pelo International Finance Corporation (IFC), órgão de financiamento ao setor privado do Banco Mundial, mostra que se o Brasil cortasse pela metade o desperdício de água, daqui a 17 anos teria um ganho de R$ 37 bilhões. O valor é equivalente à soma de investimentos do setor ao longo de cerca de cinco anos. Por ano, os aportes do setor oscilam entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões.

O País tem uma perda média de cerca de 40% na oferta de água – seja por falha na conservação da rede de distribuição (traduzida em problemas simples, com canos com furos) ou fraudes nas instalações, os conhecidos "gatos". Apesar do volume de água desperdiçada ser grande, o Brasil está pouco abaixo da média latino-americana, de aproximadamente 50%. Já o Japão é muito mais eficiente, com uma perda média entre 10% e 12%. A Austrália também apresenta um bom número, 16% de desperdício.

"O setor, na média, tem um baixo conhecimento técnico e institucional para este tipo de perda. Poucas empresas têm esse tema na sua pauta do dia. Muitos preferem investir no aumento da capacidade de tratamento de água à evitar as perdas", explica Fernando Marcato, sócio da GO Associados.

Segundo Marcato, algumas concessionárias do setor de saneamento têm se esforçado para cortar o desperdício. Parece contraditório, já que quanto maior o consumo de água, maior a receita. O problema, explica, está no fato de que é cada vez mais caro para as concessionárias oferecer esse tipo de serviço por conta da escassez de recurso hídrico.

Em São Paulo, por exemplo, a Sabesp, responsável pelo abastecimento, tem de trazer a água que abastece 365 municípios a uma distância de 80 quilômetros.

Fonte: http://www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20130627143145&cat=brasil&keys=-desperdicio-agua-brasil

Brasil perde 40% da água por ineficiência operacional

27 Jun (Reuters) - A ineficiência operacional das concessionárias de saneamento brasileiras provoca uma perda média de cerca de 40 por cento na oferta de água no Brasil, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira pela consultoria GO Associados a pedido da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial.
Os prejuízos são provocados apenas por perdas de água, causadas em sua maior parte por fraudes, furos na tubulação e deficiências operacionais. A ineficiência energética também causa prejuízos, apontou o estudo, uma vez que a energia é o principal insumo nos custos das empresas de saneamento.
Caso houvesse um "esforço nacional" para reduzir as perdas de água e aumentar a eficiência energética, os ganhos potenciais poderiam chegar a 37 bilhões de reais até 2025, com redução de 50 por cento das perdas correntes, informou.
Mesmo com uma diminuição menor das perdas, de 25 por cento até 2025, os ganhos chegariam a quase 21 bilhões de reais, afirmou o estudo.
Na visão do IFC, os modelos atuais de contratação de programas de redução de perdas não têm se mostrado eficientes.
"É preciso desenvolver modelos que auxiliem as concessionárias a financiar seus investimentos em redução de perdas", afirmou por meio de nota o executivo sênior da IFC, Rogerio Pilotto.

 (Por Natalia Gómez; edição de Aluísio Alves)


Commodities perdem fôlego no 1º semestre

Seis das oito principais commodities agrícolas comercializadas pelo Brasil no exterior vão encerrar este primeiro semestre com cotações médias inferiores às registradas entre julho e dezembro do ano passado, conforme cálculos do Valor Data com base nos contratos futuros de segunda posição de entrega negociados nas bolsas de Chicago (milho, soja e trigo) e Nova York (açúcar, algodão, cacau, café, suco de laranja).
Com ofertas relativamente confortáveis ou em processo de recomposição, açúcar, café, cacau, soja, milho e trigo sentiram os reflexos das debilidades europeias, da desaceleração chinesa e da lenta recuperação americana sobre a demanda e perderam sustentação. Algodão, com produção global em queda, e suco, que refletiu as adversidades climáticas e fitossanitárias na Flórida foram as exceções.

A valorização do dólar em junho passou a exercer pressão baixista sobre as cotações de todos esses produtos, em parte porque as commodities produzidas nos Estados Unidos perderam competitividade no exterior com a variação cambial, e as perspectivas para o segundo semestre são, em geral, negativas para as cotações, uma vez que não há sinais claros de significativo fortalecimento da cambaleante economia global no curto prazo.
Fábio Silveira, economista da GO Associados, projeta uma queda da ordem de 4% no índice internacional de commodities CRB em todo o ano de 2013 na comparação com 2012, graças a um aprofundamento da curva de baixa até dezembro. Se a tendência de queda se confirmar, os exportadores brasileiros tendem a encontrar alguma compensação com o dólar mais forte. Em contrapartida, a prevista redução do peso dos alimentos na inflação do país no segundo semestre, dada como certa há meses, enfrentará limitações.
No campo inflacionário, as atenções estão voltadas para o comportamento dos preços dos grãos, básicos na alimentação. E a recomposição da oferta segue seu caminho, ainda que o "mercado de clima" que acompanha o plantio e o desenvolvimento das safras dos EUA quase sempre ofereça suporte às cotações em Chicago sobretudo nos meses de maio, junho e julho. Neste ano não foi diferente. E, em meio à volatilidade provocada pelas previsões meteorológicas para o Meio-Oeste americano, a soja encerra junho com preço médio maior que o de maio, enquanto milho e trigo apresentam quedas, mas modestas.
Com a alta de 2,95% (o balanço do Valor Data foi fechado no dia 27), a oleaginosa, carro-chefe do agronegócio brasileiro, passa a acumular baixa de apenas 0,89% em relação à média de dezembro e alta de 2,63% na comparação com a média de junho de 2012. Mesmo com valorizações em maio e em junho, a cotação média da commodity no primeiro semestre é 9,6% menor que a do segundo semestre do ano passado, mas sobe 4,93% em relação ao intervalo entre janeiro e junho de 2012.
No mercado de milho, o preço médio dos contratos futuros de segunda posição de entrega em junho recua 3,73% sobre maio e passa a registrar queda de 13,4% em relação a dezembro. Na comparação com junho de 2012, ainda há alta de 4,85%. Assim, a média deste primeiro semestre é 13,4% inferior à registrada entre julho e dezembro do ano passado, mas 7,33% superior à média dos seis meses anteriores.
Entre outras finalidades, milho e soja compõem as rações animais, e a disparada de ambos no segundo semestre de 2012, reflexo das estiagens que prejudicaram as colheitas na América do Sul na safra 2011/12 e nos EUA no ciclo 2012/13, apertou as margens dos frigoríficos e gerou aumentos das carnes nas gôndolas. Daí porque agora, depois da boa colheita sul-americana em 2012/13 e da até agora inabálavel tendência de recomposição da oferta americana, o espaço para quedas mais fortes se consolida - ainda que a divulgação de novos números sobre estoques nos EUA, nesta sexta-feira, possa conferir fôlego aos preços nas próximas semanas.
Em Chicago, os contratos futuros de soja e milho para entrega em setembro, por exemplo, já vêm sendo negociados por valores entre 15% e 20% menores que os dos papéis para entrega em julho. Nesta semana, a "Oil World" confirmou que o potencial de baixa da soja é grande. A respeitada publicação alemã sobre o mercado de oleaginosas prevê que, entre julho deste ano e junho de 2014, o preço médio da soja em grão ficará em cerca de US$ 480 por toneladas, menor nível em quatro anos. A tonelada para entrega em outubro em Roterdã está em quase US$ 510.
O trigo, mesmo com um quadro global de oferta já menos apertado, tem oscilado em linha com o milho, sobretudo porque pode ser usado como alternativa ao "rival" em rações. Em Chicago, o preço médio do trigo fecha junho em queda de 1,24% sobre maio e registra queda de 14,94% em relação a dezembro e alta de 3,65% na comparação com junho de 2012. Sua cotação média entre janeiro e junho é 17,2% menor que a do segundo semestre do ano passado e 10,77% superior à média verificada nos seis meses anteriores.
Entre as "soft commodities" negociadas na bolsa de Nova York, os destaques são as contínuas deteriorações das cotações de cacau, açúcar e café. Com clima favorável e ânimos políticos arrefecidos entre os produtores do oeste da África, o cacau encerra este primeiro semestre com a menor média semestral desde o período de julho a dezembro de 2007. No mercado de açúcar, que sofre a pressão das perspectivas de aumento da produção no Brasil, o patamar é o mais baixo desde o primeiro semestre de 2009, enquanto no café, com oferta global abundante, o nível é o menor desde o intervalo entre os meses de janeiro e junho de 2010.
Exceções, os preços de algodão e suco tiveram um primeiro semestre positivo em 2013. No algodão, que se recupera das fortes baixas do ano passado, a alta sobre o segundo semestre de 2012 chega a 15,5%, mas sobre o primeiro semestre do ano passado há baixa de 1,65%; no suco, a média deste semestre é a maior desde a primeira metade de 2007. 

terça-feira, 25 de junho de 2013





Balança tem superávit de US$ 1,29 bi na semana

Por Lucas Marchesini, Thiago Resende e Rodrigo Pedroso | De Brasília e São Paulo


As vendas ao exterior de plataforma para extração de petróleo, aviões e etanol puxaram o superávit de US$ 1,29 bilhão na balança comercial da terceira semana de junho, melhor resultado semanal desde maio do ano passado e que deixou o acumulado do mês com um saldo positivo de US$ 1,64 bilhão.
Os dados, divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, mostram que se mantida essa tendência, será a primeira vez no ano que um saldo mensal será melhor do que o verificado em igual mês de 2012. Na terceira semana de junho, as exportações somaram US$ 6,05 bilhões e as importações US$ 4,75 bilhões. O resultado no acumulado reduziu o déficit nas compras e vendas de bens do ano para US$ 3,74 bilhões.
A média diária de US$ 1,07 bilhão nas exportações nas três primeiras semanas de junho é 11,1% superior à média diária dos embarques de junho do ano passado. Esse aumento é explicado pela exportação maior de manufaturados e básicos. Na outra ponta, as importações subiram 4 % na terceira semana ante junho do ano passado, com média diária de US$ 965 milhões.
De janeiro a maio, os desempenhos mensais foram todos piores quando comparados aos mesmos meses de 2012. Apesar de fraca, a balança comercial de maio - com superávit de US$ 758 milhões - foi um sinal claro de recuperação, segundo avaliação feita pelo ministério na época da divulgação.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), contudo, discorda do ministério. Excluindo o saldo positivo da terceira semana, junho está se mostrando um mês ruim. "Sem plataforma, aviões e caminhões, o saldo seria próximo de zero, o que é ruim para um mês historicamente de grandes superávits", afirma.
Castro chama atenção para a queda no preço do minério de ferro, que até o fim de maio estava em US$ 108 a tonelada, valor um pouco acima do registrado ano passado. "O preço veio caindo e agora está em US$ 93", diz.
O superávit forte registrado na terceira semana de junho foi considerado "ponto fora da curva" por Fabio Silveira, economista da GO Associados, que mantém a estimativa de saldo positivo de US$ 8 bilhões para o comércio exterior brasileiro neste ano. "A desvalorização cambial recente e o crescimento menor do consumo e do investimento devem fazer o saldo convergir para esse número", diz Silveira.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Brasil na Encruzilhada

O anúncio da conformação da Aliança do Pacífico, em nosso próprio espaço geográfico, nos pegou no contrapé e serviu para acirrar o apelo para que o Governo se lance, de vez, em negociações de acordos comerciais, na ânsia de evitar a perda irreparável dos poucos espaços que ainda restam para nossos bens industrializados nos mercados mundiais.

Até os EUA e a União Europeia estão negociando a abertura recíproca de seus mercados. É bem verdade que o Brasil, em meio às manobras dilatórias da Argentina, também tem buscado lançar sua bandeira a favor da retomada da negociação Mercosul-UE.

Mas antes de nos comprometer em novos empreendimentos negociadores, e mesmo com vistas à possível retomada da Rodada Doha, deveríamos adotar, de uma vez por todas, um modelo de negociação de espectro mais amplo, que inclua dispositivos regulatórios, deixando de nos aferrar apenas ao conceito clássico de acesso a mercados, voltado basicamente para calendários de desgravação tarifária.

Hoje, diante da grave defasagem competitiva que vive a indústria brasileira, a negociação de acordos comerciais deveria estar focada em uma dimensão estratégica, que adote, a partir de nossos interesses, padrões globais e uma regulação transfronteiriça para nosso comércio.

Trata-se de estabelecer instrumentos comerciais que nos possibilitem integrar nossas práticas de mercado aos padrões de vanguarda no comércio e nas cadeias de produtividade dos mercados internacionais, ajudando-nos, com isso, a superar ou, pelo menos, mitigar a persistente crise de competividade em que vive o país na indústria de transformação.

Ainda que já tardiamente, não podemos postergar o início de um debate mais aprofundado que identifique, sob essa nova perspectiva, os reais interesses da classe empresarial, que é, afinal, o principal beneficiado - ou prejudicado - nas negociações comerciais. Cabe a ela opinar, em primeira mão, dentro de cada segmento produtivo e comercial, sobre o alcance das concessões a serem efetuadas e dos pleitos a serem apresentados no quadro negociador, de forma a orientar e balizar a posição brasileira. Só assim os acordos comerciais poderão trazer benefícios estruturais para a economia do país.  

A proposta do setor empresarial ao Governo deve ser abrangente e precisa, arrolando suas pretensões e também seus limites. Caberá ao Governo e aos negociadores brasileiros a responsabilidade de defendê-la, ao coordenar-se com o Mercosul e na mesa de negociações extra-bloco.

A realidade hoje impõe repensar nosso modelo negociador. A menos que nos conformemos em participar como meros coadjuvantes das cadeias de produção global, impedindo-nos de escapar da perversa armadilha de sermos grandes fornecedores de “commodities”, mas produtores de manufaturados apenas para o mercado doméstico, crescentemente tolhido, aliás, pela competividade externa.


Regis Arslanian é diplomata e sócio da GO Associados 

quinta-feira, 20 de junho de 2013



Consumo menor deve reduzir impacto de câmbio na inflação

Por De São Paulo
O aumento brusco do preço dos alimentos no atacado, indicado no início de junho, e a alta do câmbio acenderam o alerta para o risco de volta da inflação nos próximos meses. Mas, balanceados por uma demanda mais fraca, tanto dentro como fora do país, os dois movimentos devem ser amortecidos e chegar ao consumidor em menor intensidade, avaliam economistas.
"O consumo claramente perdeu força no país neste começo de ano, inclusive pela inflação. Então, ainda que haja um aumento de preço, é mais difícil que haja um repasse disso pelo varejo", disse Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria. Além disso, no contexto internacional, a China desacelerando seu ritmo de crescimento e a Europa ainda com dificuldades tendem a esfriar o mercado e puxar para baixo os preços internacionais das commodities, o que, na conversão final, compensa em parte a desvalorização do real.
Os preços dos produtos agrícolas no atacado subiram 1% na prévia do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiram 1% na segunda prévia de junho, surpreendendo após a queda de 1,96% de um mês antes, segundo divulgou nesta semana a instituição. A alta foi disseminada e puxada principalmente pela escalada da soja, que refletiu em parte a trajetória de aumento do dólar, mas foi influenciada por fatores pontuais como o reajuste após as quedas registradas no início do ano e a entressafra nos Estados Unidos, maior produtor mundial do grão.
"Essa elevação de preço agrícola é mais uma flutuação, ligada a um movimento de curto prazo, do que um processo de aceleração dos preços estabelecido", disse Fábio Silveira, economista da GO Associados. "Mas o aumento do dólar inevitavelmente traz uma pressão de alta (na inflação). Não só os preços agrícolas sobem, mas também outras matérias-primas e bens de consumo importados, como têxteis, eletrônicos, vestuário ou calçado. De qualquer forma, não vai ser uma alta explosiva", disse.
Segundo cálculo feito pela Tendências, o câmbio médio até aqui neste trimestre, de US$ 2,05, está 2,3% acima da média do primeiro trimestre, de R$ 1,99. Por outro lado, as cotações em dólar das commodities, incluindo grãos e metais, caíram 1,5% - com essa compensação, o aumento em reais destes produtos acaba sendo de apenas 0,7%. "Isso equivale a um impacto de 0,03 ponto percentual na inflação do trimestre. É ainda muito pouco", disse Alessandra. "Não dá para olhar só o câmbio para pensar na inflação. Tem que pensar no conjunto da situação."
Para Basilik Litvac, analista da MCM Consultores, o impacto de um dólar mais caro para o índice de preços pode ser maior, mas diluído ao longo de vários meses, já que o repasse do aumento leva tempo até se disseminar por toda a cadeia. "Nossa estimativa é que, para cada 10% de aumento no câmbio, a inflação ganha 0,4 ponto em um 12 meses", disse a economista. Ontem, o câmbio fechou em 2,22, já bem acima da média do primeiro trimestre. Já o IPCA, índice oficial de preços do IBGE, após meses de pressão dos alimentos cedeu em maio para 0,37% no mês, embora continue acumulando 6,5% em um ano, o limite da meta estabelecida pelo governo.
Basilik também destaca o fato de o varejo ter, até aqui, segurado o preços dos alimentos em alta enquanto vários deles já estavam em deflação há meses no atacado. "Como muitos produtos da cadeia não tiveram esse repasse da redução no começo do ano, a chance de acompanharem esta alta agora é pequena", disse a economista.
Além da soja, a prévia do IGP-M, que recolheu preços de 21 de maio a 10 de junho, registrou aumento em itens que independem de dólar e do mercado internacional, caso do leite (3,99%) e da batata (13,43%). Ainda assim, os economistas concordam que, apesar das oscilações, os alimentos não devem registrar, no futuro, os altos índices dos últimos meses. (JE)


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quarta-feira, 19 de junho de 2013


Acordos comerciais de preferências fixas

Por Regis Arslanian
A palavra de ordem hoje no Brasil é competitividade. O mercado interno já se mostra insuficiente para sustentar a produção industrial, que vem caindo assustadoramente. Do lado externo, grande parte de nossas exportações continua concentrada em produtos primários. O recrudescimento da concorrência internacional à caça de mercados de exportações, aliado aos preços de nossos manufaturados, inflados pelo câmbio, não permitem vislumbrar uma maior inserção brasileira nos mercados globais.
O Brasil, entre os emergentes, é dos que têm a menor participação no comércio mundial. Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio exterior do Brasil no total do PIB representa apenas 23%, enquanto, para citar os demais Brics, a Rússia tem parcela de 52%, a Índia, de 48%, a China, de 53% e a África do Sul, 56%.
O real valorizado tem, por sua vez, servido de estímulo para a substituição da produção doméstica pelas compras no exterior. Em vista do aumento inflacionário, dificilmente o Banco Central permitirá uma desvalorização maior do real, a variável que hoje mais incide sobre a competitividade do produto brasileiro. Com a desaceleração econômica do país, ocorreu um desaquecimento ainda maior da atividade manufatureira como um todo. Os investimentos, que vinham crescendo acima da média da economia, estão diminuindo. O mercado brasileiro já não é capaz de criar uma escala de produção que justifique aos produtores estrangeiros o deslocamento de seus investimentos produtivos para o Brasil.
Devemos fazer uso de todas as opções que temos diante de nós, com todos os parceiros de interesse
Hoje, o Brasil é exportador líquido de manufaturados apenas para os vizinhos latino-americanos. Com os acordos comerciais extra-regionais que eles estão negociando e com a penetração implacável da China, nossa presença comercial na região tem-se diluído. Isso sem falar das escandalosas barreiras comerciais da Argentina, nosso parceiro estratégico e sócio no Mercosul.
O Brasil precisa - e com urgência - abrir novos mercados externos, por meio de acordos comerciais que sirvam para reduzir tarifas e, com isso, mitigar o fator cambial que tanto priva nossos produtos de competitividade. O aumento das exportações, favorecidas por tarifas preferenciais, abrirá espaço para ampliar a escala de produção industrial, servindo de incentivo para maiores investimentos estrangeiros, que poderão, inclusive, aportar tecnologia e inovação. A abertura de novos mercados torna-se decisiva para reverter o estágio de retração da produção industrial e ampliar a competitividade dos produtos brasileiros.
Nesse cenário, é acertada a decisão do governo de reativar as negociações do Acordo de Livre Comércio Mercosul-União Europeia, suspensas desde 2006. Será um acordo que revigorará a União Aduaneira do Mercosul e ampliará nossas perspectivas comerciais. Contudo, uma negociação de espectro tão amplo dificilmente estará concluída em curto prazo. Isso porque, além de envolver múltiplos atores, com níveis de ambição diferenciados -entre os quais a própria Argentina, cuja postura comercial atual está longe de ser liberalizante - um Acordo de Livre Comércio deve cobrir, em acesso a mercado, praticamente todo o universo tarifário de bens, além de abranger áreas como serviços, investimentos e compras governamentais, que são sempre complexas e sensíveis, por envolverem o âmbito regulatório das partes.
Sem deixar de lado esse processo negociador com a União Europeia, uma opção para o Brasil seria a negociação, em paralelo, de Acordos Comerciais de Preferências Tarifárias Fixas com mercados extrarregionais, pelos quais seriam definidos produtos selecionados que gozarão de benefícios tarifários no comércio bilateral.
Esses modelos de acordo seriam de negociação mais rápida e simples do que os de Livre Comércio na medida em que, por meio de ofertas e pedidos, seriam definidas listas de produtos para os quais seriam concedidas, de parte a parte, preferências tarifárias. Desse modo, aqueles produtos que, pela sua sensibilidade, possam constituir gargalos nas negociações não seriam contemplados em tais acordos.
Embora subscritos no âmbito do Mercosul, tais Acordos de Preferências Fixas poderiam estabelecer listas com preferências e produtos diferenciados, nas áreas, não só industrial como também agrícola, segundo os interesses específicos de cada uma das partes negociadoras. Poderiam ser negociados com um grande número de países da África, Oriente Médio, Ásia etc. A grande vantagem de tais acordos é que, na atual conjuntura política e econômica do Mercosul, caracterizada por assimetrias e diversidades, seu formato oferece margem muito maior de flexibilidade para acomodar as diferentes sensibilidades dos cinco parceiros do bloco, permitindo-se que, na mesa de negociação, seja dado apenas o que se pode, sem exigir o que não se pode.
Acordos baseados nesse modelo já foram subscritos, por iniciativa do Brasil, pelo Mercosul com Índia, México e com a União Aduaneira do Sul da África (SACU). Os da Índia e do México estão vigentes. Embora restritos (o da Índia contemplou cerca de 900 produtos), são instrumentos que servirão para estabelecer um intercâmbio de comércio preferencial com novos mercados, onde o Brasil, até agora, não está presente ou o está de forma tímida, sob o risco de perder, de vez, espaço para outros produtores globais, mais agressivos e criativos. Nada impediria que esses acordos, de natureza mais seletiva, venham a servir de base para o estabelecimento gradual e futuro de Acordos de Livre Comércio, de escopo mais abrangente e profundo.
A dinâmica dos mercados globais é inexorável. Não podemos nos dar ao luxo de deixar passar mais tempo e oportunidades. Devemos ser ousados para fazer uso, o quanto antes, de todas as opções que temos diante de nós, com todos os parceiros de interesse. Por que não começar pelo menor, que nos trará resultados mais imediatos, em vez de esperar, indefinidamente, pelo maior?
Regis Arslanian, embaixador, foi chefe negociador do Brasil no Mercosul e é sócio sênior da GO Associados


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Brasil perde espaço no mercado chinês e saldo comercial recua

Por Marta Watanabe | De São Paulo
Embora tenham perdido ritmo, as importações brasileiras com origem China ainda crescem acima da média. Isso mostra que os produtos do país asiático avançam no mercado doméstico. As exportações brasileiras, porém, cresceram menos que as importações totais da China. Com isso, as trocas com a China, o maior parceiro comercial do Brasil, contribuem menos para melhorar o resultado comercial brasileiro. Especialistas avaliam que esse movimento vai prosseguir até o fim do ano.
Segundo dados compilados pela Organização Mundial de Comércio (OMC), a importação total da China de janeiro a maio cresceu 8,2% contra iguais meses do ano passado. As exportações brasileiras para o país asiático, porém, cresceram menos, com alta de 4,9% no mesmo período. Na mesma comparação, as importações brasileiras com origem China aumentaram em 8,3%, enquanto os desembarques totais tiveram elevação de 7,7%. O superávit comercial do Brasil nas trocas com os chineses caiu de US$ 3,8 bilhões, de janeiro a maio de 2012, para US$ 3,5 bilhões nos mesmos meses deste ano. Os dados do comércio brasileiro são do Ministério do Desenvolvimento.
Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da Go Associados, diz que a pauta brasileira de exportação para a China explica parte do descompasso. "A exportação é concentrada em commodities, que são os primeiros produtos a sentir no preço a queda da demanda internacional e, neste momento, a fuga de dólares aos EUA", diz ele, referindo-se à expectativa de mudança no programa americano de estímulo ao crescimento.
"A sobra de liquidez, que até pouco mais de um ano estava direcionada para as commodities, agora está migrando para os títulos americanos", diz Silveira. O efeito, explica, é a valorização do dólar no mercado internacional e a queda do preço das commodities. Os três produtos mais importantes que o Brasil vende para os chineses são soja, minério de ferro e petróleo. Juntos o embarque dos três itens para a China somou de janeiro a maio US$ 15,3 bilhões, o que significa 85% da exportação brasileira para o país asiático.
O mesmo não acontece com as compras brasileiras da China. Entre os produtos adquiridos do país asiático predominam os bens manufaturados. Entre os dez produtos que o Brasil mais vende para os chineses estão material elétrico - como partes de aparelhos de telefonia e televisores -, circuitos integrados, fornos industriais, guindastes e tecidos. Os valores dos dez produtos mais importados da China nos primeiros cinco meses do ano somaram US$ 4,2 bilhões, o que representa 29% do total da importação brasileira com origem no país asiático. Se considerarmos os três principais produtos - celulares, partes de televisão e partes de máquinas -, a fatia é de 16%.
"Nós importamos da China o fio e o tecido, o componente e o bem de capital acabado", diz Silveira, sobre a diversificação dos bens. Com pauta de exportação muito mais variada e rica em manufaturados, avalia, os chineses sentem menos a volatilidade do mercado internacional e do câmbio.
"O problema é o possível agravamento do quadro até o fim do ano", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Segundo ele, até agosto, o Brasil deve exportar para a China toda a safra de soja para o ano. No segundo semestre, portanto, cessa a contribuição do grão para o resultado comercial das trocas com os chineses e os embarques brasileiros ficarão mais dependentes do desempenho do minério de ferro.
Castro lembra que na última semana o minério chegou a ser vendido por US$ 110 a tonelada no mercado à vista da China. "Esse preço CIF - que inclui seguro e frete - equivale a US$ 90 a tonelada para embarque no Brasil, que é um preço baixo." Se houver essa queda de preço, é possível que o quadro da exportação piore, já que os volumes vendidos de minério estão até agora com evolução negativa.
De janeiro a maio, o volume de venda de minério para os chineses caiu 6% contra mesmo período de 2012. Mas o comportamento do preço compensou essa queda, fazendo a exportação do minério para o país asiático avançar 1,5% no mesmo período.
O petróleo, porém, pode amenizar a situação no segundo semestre. De janeiro a maio, a exportação do óleo para a China somou US$ 1,32 bilhão, o que representa uma queda de 35,6% contra iguais meses de 2012.
Com a retomada de parte da produção doméstica, diz Silveira, deverá haver recuperação em relação ao primeiro semestre, como também na comparação com o segundo semestre do ano passado. "Mas será uma melhora modesta e relativa, nada espetacular. Amenizará a queda da exportação para a China, mas não irá virar o jogo."
Mesmo que não se agrave muito, o quadro de perda de superávit nas trocas com a China não deve mudar este ano, diz Castro. Os preços das commodities não mostram sinais de que irão se recuperar. Para ele, a importação pode amenizar a queda de superávit. "Um consumo das famílias mais fraco no mercado doméstico, aliado à alta de juros, pode resultar em perda de ritmo nas importações."
Silvio Campos Neto, economista da Tendências, tem opinião semelhante. Para ele, a desvalorização do real também pode contribuir para reduzir o ritmo das importações. "Isso pode atenuar a expansão das importações, já que o atual patamar de câmbio torna mais caros não só os bens de menor valor agregado como também os intermediários e os bens de capital." Num horizonte de mais longo prazo, porém, destaca o economista, a tendência é que o custo desse novo patamar de câmbio, se mantido no nível atual, seja absorvido.


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Quadro é quase crítico

Por De São Paulo
O Fórum Econômico Mundial classifica o Brasil no 134º posto entre 142 nações, quando o assunto é infraestrutura de transporte aéreo. Entre os BRICs, o Brasil é o último colocado.
Ronaldo Jenkins, diretor de segurança e operações da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) diz que pistas e pátios de estacionamento nos principais aeroportos precisam de expansão urgente. Tendo como referência a convenção mundial - de que é considerada crítica uma pista com mais de 150 mil procedimentos anuais de pouso e decolagem -, Guarulhos, por exemplo, terá ultrapassado essa referência em 2014 se concretizada a previsão de 333 mil movimentos em suas duas pistas naquele ano. Até 2020, os aeroportos de Brasília, Campinas, Confins, Porto Alegre e Recife, Curitiba e Salvador também estarão operando acima do limite.
Entre os 15 maiores aeroportos do país, apenas três - Viracopos, Natal e Recife - não estarão com seus pátios congestionados já em 2016. "Não podemos ficar parados, esperando o estrangulamento para depois agir", diz. Um novo aeroporto, caso a situação exija, leva sete anos para ser erguido.
O economista Gesner Oliveira, coordenador de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre investimentos e competitividade aeroportuária, diz que a demora do governo em optar pelo modelo de concessões fez o país perder uma janela de oportunidade, que está chegando ao fim, marcada por uma grande liquidez financeira no mercado internacional, recursos que poderiam já ter promovido as melhorias na infraestrutura necessárias.
Por outro lado, o crescimento da demanda torna os principais aeroportos brasileiros atrativos para o investidor. Além disso, o governo, na avaliação de Oliveira, agora conta com um planejamento de expansão adequado e um satisfatório marco regulatório.
Segundo especialistas, a solução para a crise de infraestrutura na área da aviação civil pode estar na modernização dos aeroportos regionais. "Poderá mudar a trajetória do desenvolvimento econômico do Brasil", afirma Francisco Lyra, diretor da consultoria C-Fly Aviation e presidente da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral). Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Regional, Apostole Chryssafidis, a medida tem o mérito de corrigir o processo de crescimento assimétrico dos transportes aéreos, uma vez que apenas São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro geram mais de 50% do tráfego de todo o país. (DZ)


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terça-feira, 18 de junho de 2013



PONTO DE VISTA


Destaque do Prof. FISHLOW: A Índia


Gesner Oliveira
Fabio Silveira

Dias atrás, recebemos na GO Associados a visita do Prof. Albert Fishlow. Economista formado na
Universidade da Pensilvânia, com PhD em Harvard, e professor emérito da Universidade de
Columbia, em Nova York, ele dirige atualmente o Center of Brazilian Studies e o Institut for Latin
American Studies.

Entre diversos temas abordados, mereceu destaque do Prof. Fishlow o grande potencial econômico
(e de negócios) apresentado pela Índia. De fato, a economia indiana é muito pujante. Entre 2002 e
2012, seu crescimento médio foi da ordem 7,7% ao ano, isto é, bem mais acelerado que os 3,6%
ao ano registrados pelo Brasil no mesmo período.

Em 2012, o PIB da Índia totalizou US$ 1,80 trilhão, colocando o país em décimo lugar no ranking
mundial. A economia indiana ainda não possui o mesmo porte da brasileira, mas desta se aproxima
com razoável rapidez. No mesmo período, o PIB do Brasil atingiu US$ 2,4 trilhões, ocupando o
sétimo lugar no referido ranking.

Há enorme espaço para a ampliação da corrente de comércio entre Brasil e Índia. No ano passado,
as exportações realizadas entre ambos os países somaram apenas US$ 10,6 bilhões, montante
bastante inferior aos US$ 75,4 bilhões contabilizados na corrente de comércio Brasil-China, por
exemplo.

Para os próximos anos, prevê-se elevação constante da demanda indiana por alimentos, bens de
consumo duráveis, máquinas e equipamentos, por conta do cenário de continuidade do atual
processo de urbanização do país, onde cerca de 70% de sua população de mais de 1,2 bilhão de
habitantes ainda vive na zona rural. A Índia é também grande importadora de petróleo, já que
produz apenas 25% dos 3,7 milhões de barris consumidos diariamente.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

"Nosso problema não é a Copa", diz ministro sobre aeroportos

Moreira Franco garante bom funcionamento do sistema aeroportuário brasileiro durante grandes eventos e afirma que preocupação é com "o dia a dia". Ele pede elaboração urgente de plano de contingência.
O governo admite que o sistema aeroportuário brasileiro precisa dar um salto de qualidade. Mas, diante da proximidade de eventos como Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude e Copa do Mundo, o poder público vem se vendo forçado a estender a pressão às administradoras dos terminais – tanto à Infraero, quanto às concessionárias que controlam, em regime de concessão, terminais importantes do país.
Nesta quinta-feira (06/06), em conversa com jornalistas, o ministro Moreira Franco, que chefia a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC), atribuiu a precariedade do serviço prestado hoje ao longo período em que o setor esteve sob o monopólio da Infraero. Ele disse, no entanto, estar tranquilo com o desempenho do setor nos grandes eventos.
“Não tenho dúvida de que hoje temos grande tecnologia para eventos. Nosso problema não é a Copa. O problema é o dia a dia”, afirmou.
Novas concessões
O governo diz que a satisfação do passageiro é prioridade. Nesta semana, o aeroporto Santos Dumont, no Rio, amanheceu fechado para pousos por causa do mau tempo por vários dias consecutivos. A frequência do fechamento desse e de outros terminais – como o de Congonhas (SP) – e a insatisfação dos passageiros levaram a Secretaria de Aviação Civil a convocar uma reunião com o presidente da Infraero, Gustavo Vale, o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, e o secretário de Aeroportos da SAC, Juliano Noman.
No encontro, Moreira Franco pediu a elaboração urgente de um plano de contingência para atender passageiros em aeroportos fechados por mau tempo. A intenção, segundo a SAC, é prestar assistência rápida aos usuários.
Nos primeiros três meses deste ano, mais de 21 mil passageiros que passaram por 15 aeroportos brasileiros (nos embarques nacional e internacional) avaliaram os principais serviços dos terminais, desde a cortesia dos funcionários do check-in até o valor da alimentação.
O resultado é uma média de satisfação de 3,81 pontos, em uma escala que vai de 0 a 5. Itens como a velocidade na restituição de bagagem, conforto no embarque, custo do estacionamento e instalações dos estabelecimentos de alimentação receberam avaliações abaixo da média.
Como estímulo, o governo lançou nesta semana um prêmio que pretende fomentar a competição entre os aeroportos que receberão torcedores durante a Copa das Confederações, como os de Rio de Janeiro e Brasília.
E é como o foco no cliente que as novas concessões estão sendo pensadas. Na próxima rodada, os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Minas Gerais, serão abertos à iniciativa privada. Para essa nova fase de concessões, o governo quer evitar erros cometidos nas últimas rodadas, principalmente no que se refere à experiência exigida das empresas e ao grau de participação como investidoras.
“Aprendemos com os erros”, disse Moreira Franco. “Nós melhoramos substancialmente a qualidade do edital que está em audiência pública”.
Agora o país exige que o concessionário tenha experiência em operar aeroportos com mais de 35 milhões de passageiros por ano, e o aporte inicial dos sócios nas concessões foi elevado de 10% para 30%.

Concorrência para estimular investimento

Na última semana, o Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou pesquisa sobre a importância da competição para obtenção de bons resultados nas concessões dos aeroportos brasileiros.
Entre 2002 e 2012, o volume de passageiros cresceu a uma taxa média anual de 10,8%, combinada a uma redução do preço médio das passagens.
A previsão é que, até 2030, o Brasil terá uma demanda de 312 milhões de passagens aéreas, número cerca de três vezes maior do que o registrado em 2009. Assim, a capacidade teria que dobrar, o que significa investimentos entre 25 e 34 bilhões de reais até 2030, principalmente em melhorias nos terminais.
“É muito importante que os consórcios vencedores das licitações tenham incentivo a investir”, disse à DW Brasil o professor da FGV Gesner de Oliveira.
Ele lembra que os aeroportos de Guarulhos e Galeão correspondem hoje a 80% do tráfego aéreo internacional no Brasil. Gesner avalia que o aeroporto carioca é um candidato natural a se tornar um hub no tráfego internacional. Para o pesquisador, promover a competição entre Galeão e Guarulhos é uma estratégia que vai estimular o investimento.
Além da competição, planejamento e regulação eficientes são elementos essenciais. “Com esses elementos, será possível aumentar investimentos. Há muito apetite por investimentos no setor de aeroportos”, conclui.



terça-feira, 4 de junho de 2013

GO Associados projeta alta de 7% na produção em 2013

Por Gustavo Porto
A produção de veículos automotores deve atingir 3,575 milhões de unidades em 2013 no Brasil, alta de 7% sobre as 3,343 milhões de unidades de 2012, de acordo com projeção da GO Associados. Já as vendas de veículos nacionais devem crescer 4% entre os períodos, para 3,129 milhões de unidades. Incluindo as importações, o crescimento do mercado será de 2,3%, entre 2012 e 2013, para 3,888 milhões de veículos.
A GO Associados projeta ainda um crescimento de 4,5% na produção de veículos entre 2013 e 2014, para 3,735 milhões de unidades e estima que no próximo ano as vendas totais devam superar 4 milhões de veículos pela primeira vez na história. As previsões incluem automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.
De acordo com o relatório da GO Associados, elaborado pelos consultores Fabio Silveira e Arthur Niculitcheff, as vendas domésticas serão sustentadas pela manutenção do crédito, pelo incremento de 2,7% na massa real de rendimento do brasileiro entre 2012 e 2013, pela redução de 4,5% na importação e ainda por conta da desoneração tributária e da queda no preço da energia, a qual diminuiu o custo produtivo.
O destaque em 2013 será o setor de caminhões, cuja produção deve crescer 38% sobre 2012, para 183 mil veículos, e as vendas deverão avançar 16%, para 156 mil unidades, de acordo com a GO Associados. A consultoria avalia ainda que a produção de autos e comerciais subirá 6% e as vendas 3% entre os períodos, para, respectivamente, 3,335 milhões e 2,942 milhões de veículos.
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Mesmo sem petróleo, importação afeta saldo

O aumento de 9% das importações no acumulado do ano até maio ante o mesmo período do ano passado é a principal causa do déficit de US$ 5,39 bilhões registrado na balança comercial brasileira nos cinco primeiros meses de 2013. Embora o valor total seja influenciado pelo registro atrasado das compras de petróleo e derivados, a balança comercial mostra uma expressiva importação de bens intermediários, que também cresceu 9%. Essa categoria de uso representa 42% do valor total importado.
Como os intermediários abastecem a indústria nacional, mas o ritmo da importação é muito superior ao da produção local, os dados sugerem que os bens importados, a exemplo do que ocorreu no primeiro trimestre, continuam a tomar espaço do produto doméstico. Mesmo sem petróleo e derivados, a alta das importações no quadrimestre foi de 6,7%.
Ao mesmo tempo, as exportações ajudaram pouco o saldo comercial, com queda de 2,8% no acumulado do ano. Esse resultado foi puxado pela retração de 2,9% no embarque de industrializados - que reúne manufaturados e semimanufaturados - e foi afetado pela queda de 2,5% em básicos. Mesmo em maio, o desempenho das exportações seguiu fraco, com alta de apenas 1,7% em básicos e recuo de 4,4% em industrializados, sempre em relação ao mesmo período de 2012.
O problema está no descompasso entre as duas pontas, de acordo com Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Até o ano passado, o ritmo do aumento das importações era acompanhado pelo compasso das exportações. Neste ano, além das compras do exterior terem acelerado, a geração de divisas com as vendas ao exterior está menor. "Quanto mais tempo isso permanecer, menor ficará a perspectiva de superávit para este ano", diz Branco.
Em maio, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 760 milhões, superávit fraco perante o resultado negativo de US$ 6,15 bilhões acumulado até abril. Em nenhum outro ano as importações superaram tanto as exportações no acumulado até maio, segundo série histórica do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), iniciada em 1993.
As importações de combustíveis continuam fazendo diferença na balança. No acumulado do ano, há ainda o efeito do registro em atraso da importação de combustíveis, mas isso não justifica o resultante frustrante do comércio exterior. Desconsiderando os US$ 4,6 bilhões do registro atrasado de combustíveis, o saldo ainda seria deficitário em US$ 803 milhões. Esse seria o pior resultado desde 1998.
Em relatório, o Itaú Unibanco diz que o saldo de maio ficou aquém das estimativas. O banco, porém, mantém previsão de superávit de US$ 6 bilhões no ano, e relata tendência de melhora nos próximos meses. Enquanto as exportações de petróleo devem se acelerar com o fim da manutenção de várias plataformas e consequente alta na produção, o passivo de combustíveis importados em 2012 e registrados este ano finalmente chegou ao fim. Além disso, diz o banco, as exportações de soja ainda devem ser elevadas em junho e, após este período, haverá espaço disponível nos portos para mais exportações de açúcar e milho. Relatório da Rosenberg Associados aponta que excluindo tanto as exportações quanto as importações de petróleo da balança comercial, o saldo em maio seria positivo de US$ 3,6 bilhões, compatível com a sazonalidade do período.
Menos otimista, José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que o desempenho da balança até maio deixou uma chance maior de déficit para 2013. "Se houver neste ano superávit, com certeza ficará abaixo de US$ 5 bilhões. Maio deveria ter sido melhor, pois houve grandes embarques de soja e minério de ferro."
Pelas contas dele, já foram embarcadas 52% da soja prevista para este ano. O comportamento do preço, porém, tirou parte do ganho que o grão poderia trazer com o embarque num ano de safra recorde. Em maio a exportação brasileira de soja em grão cresceu 14,3% contra o mesmo mês de 2012, mas os preços caíram 1,1%. Com isso, o valor embarcado do grão teve alta de 13,1%. Para complementar um cenário mais pessimista para o segundo semestre, diz Castro, o preço do minério de ferro está em queda. Ao mesmo tempo, diz ele, o ritmo da importação deve-se manter. "O fornecedor externo tem gordura para queimar, ao contrário do produtor nacional. A importação continua trazendo maior rentabilidade."
No ano, o problema do desempenho da balança está no eventual impacto das transações correntes, diz Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da Go Associados. De forma mais imediata, o resultado ruim da balança aumenta a expectativa em torno da política cambial. "Há uma incerteza muito grande sobre a adoção de uma nova banda cambial nas próximas semanas, que migre de um preço de dólar dos atuais R$ 1,95 a R$ 2,05 para R$ 2,05 a R$ 2,15."
O resultado faz pressão adicional para a desvalorização do real frente ao dólar, diz Silveira. "Ao mesmo tempo em que parece haver uma mudança de banda, é claro que não se pode desvalorizar muito a moeda nacional porque isso pode trazer inflação." (Colaboraram Thiago Resende e Lucas Marchesini, de Brasília)


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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Analistas se dividem sobre efeito de juros no emprego

CLAUDIA ROLLI
MARIANNA ARAGÃO
DE SÃO PAULO
O mercado de trabalho já pode começar a sentir nos próximos meses os efeitos da alta de juro, medida usada pelo Banco Central para conter a inflação.
O impacto na taxa de desemprego pode chegar até a 1 ponto percentual a mais em 2013 na comparação com o ano anterior, segundo estimam os mais pessimistas.
Mais cautelosos, outros economistas acreditam que é necessário um ciclo mais longo de aperto monetário (a alta de juros) para que haja um esfriamento mais intenso da economia que atinja com mais força emprego e renda.
Mas economistas e especialistas em trabalho são unânimes em dizer que, com isso, fica também mais distante a meta de gerar 1,5 milhão de empregos neste ano, como chegou a prever o governo há duas semanas.
A criação de vagas, a taxa de desemprego e a renda já estavam em um movimento de desaceleração que tende a se acentuar agora.
Após chegar ao menor patamar em dezembro do ano passado (4,6%, segundo o IBGE), o desemprego subiu pela quarta vez consecutiva e atingiu 5,8% em abril.
GELO NA ÁGUA FRIA
"A dose do aumento de juros foi elevada e veio na hora errada. É como jogar gelo no que já estava esfriando", diz o economista Fabio Silveira, sócio da GO Associados. "O pior: contamina as expectativas para 2014."
Com o aumento de meio ponto percentual no juro, o nível de atividade da economia -principalmente da indústria- desacelera ainda mais e em ritmo mais intenso: os empresários seguram os investimentos, o que tem efeito direto nas contratações. O consumidor, por sua vez, fica mais cauteloso, e o varejo também é afetado.
"É provável que o ambiente de crescimento mais modesto force um movimento de acomodação do mercado de trabalho, que já estava sendo visto", afirma André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.

 Editoria de Arte/Folhapress 
Diante da desvalorização do real, a inflação seguirá sob pressão em 2013, o que deve impedir a melhoria da atividade econômica.
O economista estima crescimento de 2,1% do PIB para este ano, com desemprego de 6% (ante 5,6% em 2012).
"Ainda assim, vale lembrar que 6% é um patamar baixo, metade do verificado há dez anos", diz Perfeito.
Embora o impacto da elevação de juros deva levar de seis a nove meses para ser "absorvido", o ânimo do empresariado já está afetado, ressalta.
INDÚSTRIA EM CRISE
Para o Dieese, a piora do emprego na indústria é um dos fatores de maior preocupação. "Em um momento em que era necessária uma política para incentivar investimentos no setor, vem uma pisada no freio", diz Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Dieese.
O resultado é que isso deve dificultar as negociações salariais no segundo semestre, quando tradicionalmente a economia deveria estar mais aquecida, diz.
CAUTELA
Uma parte dos analistas, no entanto, é menos pessimista em relação ao efeito dos juros. "Só um ciclo mais longo (de ajustes da Selic) poderia afetar a demanda e bater no mercado de trabalho", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
A visão é compartilhada por Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria. Em 2014, a consultoria aposta em uma taxa de desemprego de 5,1%, menor que a projetada para este ano (5,3%).
"Isso porque acreditamos que o ciclo de ajuste (da taxa de juros pelo Banco Central) será curto e que a política expansionista (de gastos) do governo continuará forte", afirma Alessandra.