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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Queda de preço das commodities derruba exportações de Minas

Por: Bruno Porto

25/09/2014 às 08h12

Um grupo de cinco produtos, que juntos respondem por 68% da pauta de exportações de Minas Gerais, está em trajetória de desvalorização. Alguns deles com viés de queda nos preços há pelo menos um ano, sem horizonte de melhorias significativas no curto prazo. Todos eles são commodities: minério de ferro, ouro, café, soja e açúcar.

A motivação da depreciação nas cotações é majoritariamente externa, como os altos estoques internacionais, mas os impactos são locais e podem ser severos.

As taxas de emprego e o crescimento da economia sofrem as consequências da desvalorização dos embarques, e Minas Gerais já apresenta indicadores aquém da média nacional.

“A saída para regiões como Minas Gerais, com economia muito voltada para exportações, é a produtividade e competitividade. Quem não tem produtividade sente os efeitos com mais peso. No caso do Estado, as taxas de crescimento tendem a ficar abaixo da média ”, disse o professor do Ibmec Minas Márcio Salvato.

O Commodity Research Bureau(CRB) Index, índice internacional de preço médio de produtos básicos, caiu 1,78% na semana encerrada no último dia 19 em função da desvalorização de diversos produtos.

“Pelo menos até o primeiro semestre de 2015, não há fundamentos que justifiquem uma melhoria no cenário. O produtor agrícola até está capitalizado, com gordura cumulada de 2010 a 2012. Este ano também houve grande oferta de crédito agrícola. Mas com 2014 e 2015 de preços baixos, e isso se prolongando para 2016, haverá corte de investimento no campo, e consequências para a rentabilidade”, disse o diretor de Pesquisa Econômica da consultoria GO Associados, Fábio Silveira.

O enfraquecimento das commodities já foi sentido no balanço das exportações mineiras. No ano, os embarques estão 7% menores, sobretudo pela queda de preço do minério de ferro.
A soma de US$ 8,3 bilhões exportados em minério até agosto é 14,3% inferior ao comercializado no mercado externo em igual período de 2013. No caso do ouro, as exportações no período somam US$ 531 milhões, uma retração de 37% sobre o mesmo intervalo do ano passado.

Crédito ao agricultor ameniza desvalorização
A desvalorização das commodities em 2014 está sendo compensadas, em parte, com crédito agrícola. Para 2015, no entanto, um esperado ajuste fiscal deverá minar a principal fonte de capitalização, o governo, e em 2016 a situação do produtor rural poderá chegar ao seu pior momento, aponta o diretor de Pesquisa Econômica da Consultoria GO Associados, Fábio Silveira.

“Estamos pagando o preço por sermos muito exportadores de commodities. A economia mundial vive um rearranjo, e esse movimento sempre gera sofrimento. Se nada mudar o ambiente de forma significativa, 2016 será um pouco dramático”, observou.
A avaliação está direcionada, principalmente, para produtos como soja, milho e açúcar.

Minério
O preço do minério de ferro, que esta semana ficou abaixo de US$ 80, atingindo a pior cotação desde 2009, chegará em 2015 ainda desvalorizado, entre US$ 80 e US$ 85 por tonelada, de acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). O presidente do Inda, Carlos Loureiro, avalia que o mercado foi surpreendido pela demora das empresas em reduzir a produção, e isso se explica pelos pesados investimentos que já foram feitos até este momento. Ele citou a Anglo American, que comprou o projeto Minas-Rio da MMX, e agora não vai deixar de colocar minério no mercado, após ter realizado o investimento. “Se o grande custo era fazer a mina, o mineroduto, agora a empresa não vai entregar nada?”, disse Loureiro.
Queda de preço das commodities derruba exportações de Minas

Fonte: Hoje em Dia

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Preços do diesel na Petrobras e no exterior se aproximam

Belo Horizonte e São Paulo, 24 de Setembro, 2014 - 17:20

André Magnabosco - AE


O preço do óleo diesel voltou a cair no exterior durante o mês de setembro e, mantidas as projeções feitas pela GO Associados, o spread (diferença) entre o valor internacional e aquele praticado pela Petrobras no mercado doméstico praticamente inexiste neste momento. A projeção da consultoria sugere que, em setembro, essa diferença será de apenas 3%, ou R$ 0,05 por litro. Em setembro de 2013, a diferença era de 18%, ou R$ 0,33 por litro.

De agosto para setembro deste ano, o spread no diesel oscilou de 5% para 3%, em função de uma queda projetada de 1,6% no preço internacional. O dólar, por outro lado, apresentou valorização em relação ao real (de R$ 2,27 em agosto para R$ 2,31 em setembro), o que limitou uma variação ainda mais expressiva no spread, já que a importação ficou mais cara. O levantamento foi realizado pela GO Associados na semana passada.


No caso da gasolina, o spread projetado para setembro ficou em 12%, no mesmo patamar registrado em agosto deste ano, porém, inferior aos 16% de setembro de 2013. A estabilidade na comparação entre setembro e o mês anterior é explicada pela tendência de queda dos preços internacionais, consequência da retração de 2,4% na cotação do petróleo WTI, compensada pela desvalorização de 1,9% do real.



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Retração no PIB já afeta negociação salarial

Por Cláudia Rolli | De São Paulo

07/09/2014 às 02h00

A retração da economia chegou às mesas de negociações salariais neste trimestre e terá impacto no emprego e no bolso do trabalhador.

A perda de dinamismo da economia afetou a produção industrial e a confiança do brasileiro, trouxe reflexos no consumo das famílias e deve se intensificar no mercado de trabalho a partir de 2015.

A avaliação é de economistas e representantes da indústria e do comércio que consideram que a intensidade dos efeitos depende do resultado das eleições e das medidas para tentar recolocar o país na rota de crescimento.

Entre elas, citam redução de juros, corte de gastos públicos e ajustes para reduzir a inflação e fazer reformas para estimular investimentos.

Economistas ouvidos pela Folha projetam para 2015 crescimento da taxa de desemprego de 0,2 ponto percentual a 1,3 ponto percentual. Para o rendimento, a previsão é desacelerar.

Um dos primeiros sinais da deterioração do mercado de trabalho foi a redução no ritmo da criação de vagas, que começou no terceiro trimestre de 2013 e veio com mais força nos dados de julho do Ministério do Trabalho.
No mês retrasado, foram criados 11.796 empregos com carteira assinada, pior nível para julho desde 1999.

A economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, chama a atenção para o fato de que no segundo trimestre deste ano foram cortados 17 mil empregos (descontados fatores sazonais). "Isso não ocorria em um trimestre desde 2009, segundo ano em que a crise internacional afetou a economia."

De março a julho, a indústria fechou 128,3 mil vagas, e a construção civil, 55 mil. Dados do setor automotivo mostram que o emprego recuou em agosto pela sétima vez seguida para o pior resultado desde maio de 2012.

Com a retração na produção, as montadoras suspendem temporariamente contratos de trabalho, dão férias coletivas e abrem programas de demissão voluntária até reduzirem os estoques.

"A indústria automobilística está se ajustando ao ambiente recessivo, o que deve repercutir em outros setores, como comércio e serviços", diz Fábio Silveira, diretor da consultoria GO Associados.

VAREJO
Com queda média na produção de 15% no primeiro semestre, o setor de confecção admite ter de cortar empregos e não contratar temporários como faz nesta época.

"Não há encomendas para as fábricas, o varejo vende mais importados, e a indústria não consegue competir com os preços chineses. Há um mês, o setor começou a demitir", diz Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário.

DESALENTO
O desemprego ainda não cresce, explicam os economistas, porque o número de pessoas à procura de vagas cai assim como o número de pessoas ocupadas.

"Como a renda cresce menos, quem está fora do mercado de trabalho deve voltar a procurar emprego. E como a ocupação também está em queda, a tendência é a taxa de desemprego subir", diz Fábio Romão, economista da LCA Consultores.

José Marcio Camargo, professor da PUC-Rio e sócio da Opus Consultoria, prevê aumento do desemprego já no último trimestre de 2014 (descontados os efeitos sazonais).
Em relação à renda, o impacto já é visto nos dados do Ministério do Trabalho.

"Os salários dos novos contratados são cada vez menores que o dos demitidos, o que serve como sinal do que vai acontecer com os salários médios no futuro."

Para André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, o ajuste no mercado de trabalho ainda está em curso e deve vir à tona em 2015, com definições de políticas fiscais e monetárias adotadas no próximo governo.

Para a CUT, porém, o cenário não é adverso. "Usam a incerteza da eleição para não conceder aumento real. Estamos preparados para reagir", afirma Vagner Freitas, presidente da central sindical.

Na Força Sindical, um calendário de manifestações já está marcado no setor metalúrgico, diz Miguel Torres, presidente da entidade.

"As negociações podem ser mais difíceis. Mas o trabalhador quer aumento real", afirma Ricardo Patah, presidente da UGT.

Fonte: Folha de S.Paulo



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Produção de veículos cai 22,4% em agosto em relação a 2013, diz Anfavea

Do G1, com Reuters
04/09/2014 13h44


Exportações caíram 50,6% no mês passado. Na comparação com julho deste ano, a produção aumentou 5,3%.


A indústria brasileira de veículos registrou queda de 22,4% na produção em agosto sobre igual período do ano passado, a 265,9 mil unidades, segundo dados associação que representa o setor, Anfavea, divulgados nesta quinta-feira (4).

No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a produção chegou a 2,1 milhões de veículos, o que significa um recuo de 18% na comparação anual.
Segundo a Anfavea, as vendas de veículos novos no Brasil em agosto caíram 17,2% sobre o mesmo mês de 2013, para 272,5 mil unidades.
O declínio na produção de automóveis tem como pano de fundo um cenário de demanda mais fraca no mercado interno, com seletividade dos bancos em aprovar financiamentos, e com as montadoras seguindo pressionadas por estoques elevados.
Produção de veículos em 2014
Em mil unidades
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Fonte: Anfavea
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Exportações
As exportações da indústria também vêm sendo atingidas: em agosto, houve queda de 50,6% sobre um ano antes, enquanto no acumulado do ano o recuo chega a 38,1%, com 235,4 mil veículos exportados, informou a Anfavea.
O economista Fabio Silveira disse à GloboNews que o endividamento das famílias, a estagnação dos salários e do crédito impedem a alta da produção. "Mais um fator negativo, a Argentina, que é o destino de boa parte da produção automobilística, passa por uma recessão."
Emprego
O número de trabalhadores do setor também caiu, apresentando os piores resultados desde maio de 2012. Em agosto, eram 148.892 pessoas empregadas na indústria, contra 150.295 em julho (queda de 0,9%) e 157.641 empregados em agosto de 2013. Nesse período, a retração foi de 5,5%.
Expectativas
Para o presidente da entidade, Luiz Moan, a situação no segundo semestre deverá ser "muito melhor" que na primeira metade do ano. A jornalistas, ele afirmou que a reação da rede bancária à facilitação do crédito só foi sentida na última semana de agosto, mas essa é uma tendência que deverá ajudar a indústria daqui para frente.
A Anfavea manteve as expectativas para o ano, que tinham sido reduzidas em julho, para projetar recuo de 10% na produção, declínio de 5,4% nas vendas no mercado interno e queda de 29,1% nas exportações.
                                                                                                                      Fonte: G1 (Globo)

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Cenário de exportação muda com alta para EUA e Europa e queda para China

Por Denise Neumann | De São Paulo

03/09/2014 às 05h00

Os dados da balança comercial do último quadrimestre mostram uma mudança nos destinos da exportação brasileira. Há recuperação nos embarques para Estados Unidos e União Europeia e uma inédita queda nas vendas para a China, além do aprofundamento da retração no comércio com a Argentina. E como a parte benigna desse cenário - a melhora da atividade nos países desenvolvidos - continuará presente em 2015, ela pode ajudar a economia brasileira.

Depois de anos de crescimento, as vendas para a China recuaram, influenciadas pela queda no preço da soja e do minério de ferro, movimento que também é reflexo do menor crescimento do país asiático. De janeiro a abril deste ano (sobre igual período de 2013), as exportações para a China ainda cresceram 13%, mas no segundo quadrimestre recuaram 8,8%. No acumulado do ano, o resultado é um pequeno crescimento de 0,9%, muito abaixo da alta de dois dígitos dos últimos anos.

Parte da diferença entre os quadrimestres decorre da antecipação dos embarques de soja (após crescer 42% nos primeiros quatro meses, a exportação do grão recuou 13% de maio a agosto, sempre em relação a 2013), mas nos últimos meses há recuo em outras commodities, como minério de ferro e açúcar.

"A queda no preço das commodities foi generalizada e afetou o comércio com a China", observa Fabio Silveira, economista-chefe da GO Associados. Mais que a desaceleração da economia chinesa, a retração decorre da expectativa de alta dos juros americanos. A tendência, diz Silveira, é de novos recuos nas cotações desses itens.

Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), afirma que 70% da exportação brasileira para a China é de soja e minério de ferro. Este ano, em média, o preço de exportação da soja foi 4% menor, enquanto a queda no minério passa de 15%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

"O comércio com os chineses está desacelerando por fatores não tão conjunturais, pois envolve tanto preço como volume", diz Lima. Segundo ele, o menor crescimento em quantidade está relacionado à transição que o governo chinês está fazendo na economia e que visa aumentar o peso do consumo doméstico no Produto Interno Bruto (PIB).

Se a exportação para a China perde fôlego e os embarques para a Argentina caem cada vez mais, há sinais de recuperação das vendas para os mercados mais ricos. Sem petróleo, a venda de produtos brasileiros para os Estados Unidos manteve, nos dois quadrimestres, alta de 14% sobre o ano passado, o que indica uma recuperação bem consistente.

Com petróleo, o aumento foi de 16% no primeiro quadrimestre e 5,3% no segundo, mas como o volume do produto é muito volátil, ele esconde, um pouco, a recuperação nos outros itens. O Brasil está vendendo mais aviões, produtos de ferro e aço, celulose, máquinas e motores para os americanos.

"Nas exportações para os americanos, ocorre o inverso da China, pois o Brasil está vendendo mais celulose, soja e café", diz Silveira, listando diferentes commodities. Esse aumento, que também inclui alguns manufaturados, já é reflexo da retomada da economia americana, acrescenta o economista. "Qualquer suspiro no mercado internacional nos ajuda", afirma.

Também para a União Europeia há uma reversão positiva. Nos primeiros quatro meses do ano, a exportação para a região caiu quase 11%, em relação a igual período de 2013. Mas no segundo quadrimestre (sobre o segundo do ano passado), o resultado se inverte e vira um pequeno crescimento de 1,3%. Em bens intermediários, a exportação caiu 7,7% nos primeiros quatro meses e cresceu 7% no período de maio a julho (o dado desagregado de agosto não está disponível), sempre em relação ao mesmo período do ano passado.

A recuperação para os mercados desenvolvidos, diz Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria, está relacionada com a recuperação das respectivas economias, por enquanto mais forte nos Estados Unidos. "O Brasil poderia estar surfando mais nessa onda, mas isso não acontece pela falta de acordos internacionais. A política comercial dos últimos anos ficou muito focada no Mercosul", afirma.

Por conta dessa orientação o país foi tão fortemente atingido pela crise argentina. As exportações para o vizinho estão caindo cada vez mais. De janeiro a abril, a retração foi de 17,3%. No segundo quadrimestre, a queda subiu para 30%. Em valores, no ano, o Brasil perdeu US$ 3,2 bilhões em vendas para o parceiro do Mercosul.

O quadro por destino desenhado no segundo quadrimestre mostra uma mudança em relação ao ano passado e aponta, um pouco, o cenário que pode ser esperado para o próximo ano, especialmente quanto à recuperação dos embarques para as economias desenvolvidas.

Pelo critério de média diária, no ano passado, o Brasil vendeu 10,8% mais para a China e 8,1% mais para a Argentina, enquanto as exportações para Estados Unidos e União Europeia recuaram, 8,1% e 3,5%, respectivamente. No caso dos EUA, descontando o petróleo, o resultado de 2013 foi de estabilidade: 0,2% a mais em relação a 2012.

Para os economistas, a recuperação para os países desenvolvidos pode ser mais permanente na pauta exportadora e a tendência para a China é de crescimento, ainda que em ritmo menor que o registrado nos últimos anos. Além do câmbio, que ajudou a melhorar um pouco a competitividade do exportador brasileiro, e deve ajudar ainda amais no próximo ano, a própria retração do mercado brasileiro pode incentivar exportações em 2015.

"O que realmente determina o comércio é a demanda, e ela está em recuperação nos EUA e em alguns países europeus, enquanto o modelo de foco no mercado interno brasileiro está comprometido", afirma Lima, da Sobeet. Para a Europa ele espera reforço da exportação de carnes, entre outros itens.

Silveira, da GO Associados, lembra que no próximo ano a saída para a economia brasileira passa pelo setor externo. "A própria crise doméstica, aliada a um câmbio mais desvalorizado, vai ajudar na melhora da balança comercial", diz. "As empresas, diante do esgotamento da demanda interna, vão começar a olhar mais para o mercado externo."

Outra ajuda, avalia o economista, virá do petróleo, que já está ajudando as exportações este ano e que continuará um ponto positivo em 2015. Silveira projeta déficit comercial de US$ 1 bilhão este ano e saldo positivo de US$ 3 bilhões em 2015, com aumento de 3% nas exportações e câmbio na faixa de R$ 2,40 a R$ 2,45.

Nas projeções da Tendências, a exportação brasileira encerrará 2014 com queda de 1% em relação ao ano passado. Nesse cenário, o comércio com a China se mantém semelhante à media do ano, quando aumentou apenas 0,9%, explica Lavieri.
Fonte:  Valor Econômico

Analistas cortam previsão e falam em ′PIB zero′ para resultado deste ano

Por Claudia Rolli e Toni Sciarretta| De São Paulo

30 Agosto 2014| 02h00

Economistas de diferentes linhagens debatem se o país está ou não em recessão, após dois trimestres seguidos de recuo no PIB, como ensinam os livros-textos. No entanto, a maioria concorda que o país vive um quadro de estagnação e que o crescimento deve ficar perto de zero em 2014.

Essa é a previsão do economista Fabio Silveira, da consultoria GO Associados, que até então previa alta de 0,5%.

"O país está em recessão; tanto faz se é técnica ou não. Mas esse quadro deve ser moderadamente revertido no quarto trimestre", disse.

A mesma projeção deverá ser confirmada pelo economista Ilan Goldfajn, do Itaú, que prevê expansão entre zero e 0,2% (antes era de 0,6%). "Os indicadores não apontam ainda para uma retomada mais vigorosa", afirmou.
Para alguns economistas, a recessão é um quadro mais complexo do que dois trimestres seguidos de contração. Segundo Silvia Matos, economista da FGV, implica o corte de vagas e queda na renda, o que está longe de ocorrer.

"É melhor olhar uma gama maior de informações. Mas a maioria dos dados tem sido ruim –indústria, varejo e serviços. Também pelo mercado de trabalho a sinalização é de recessão. A questão é que é uma recessão relativamente leve, mas mais duradoura", disse Sergio Vale, da MB Associados, que revisou a previsão de 0,6% para 0,5%.

"Prefiro olhar para a formação bruta de capital [investimentos]. Estamos vivendo uma estagnação, mas com tendência de deterioração, porque caíram os investimentos. Estamos plantando menos e vamos colher menos", disse Otto Nogami, professor do Insper, que reduziu a previsão de 0,8% para 0,6%.

Entre os mais otimistas estavam Bráulio Borges, da LCA. O economista deve revisar, na segunda, sua projeção de crescimento de 1% para perto de 0,7%.

A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências, foi uma das poucas que acertaram que o PIB recuaria 0,6% no segundo trimestre. Agora, ela acredita em ligeira recuperação nos próximos meses. Mesmo assim, ela revisou sua previsão de alta de 0,6% para 0,3% em 2014.


Fonte Internet: Folha de São Paulo, 30/08/2014