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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Déficit comercial da Petrobras triplica em apenas um ano

24/02/2014 - 05:00
Por Rodrigo Pedroso

Fonte: Valor Econômico

A política de controle de preços do governo também provoca desequilíbrio na balança comercial da Petrobras. O déficit gerado pelas trocas comerciais da estatal somou US$ 24,4 bilhões no ano passado, o triplo do saldo negativo do ano anterior, de US$ 8,6 bilhões, de acordo com dados da abertura por empresas feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Com fatia de 84,4% da corrente de comércio de petróleo e derivados, a piora no saldo comercial da Petrobras influenciou a balança do setor.
Depois de ter participação de 12,8% nas exportações totais do país em 2012, a parcela do setor de petróleo e derivados nos embarques recuou para 9,4% no ano passado, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Trata-se da menor fatia desde 2005, quando petróleo e derivados representaram 7,9% dos embarques.
Os desembarques desses produtos, por outro lado, acompanharam o ritmo relativamente acelerado das importações em 2013. O setor aumentou a participação nas importações totais do país para 15%. Em 2009, menor participação dos últimos 13 anos, as compras externas do setor corresponderam a 11,6% do total importado.
Com isso, o peso de petróleo e derivados na corrente de comércio exterior brasileiro ficou em 12,2% em 2013, próximo do registrado nos anos anteriores. Esses movimentos em sentidos opostos da exportação e da importação resultaram no pior déficit da balança de petróleo e derivados desde 2000.
Os dados da ANP mostram saldo negativo de US$ 13,1 bilhões ano passado. O pior saldo em 14 anos foi o de 2000 -déficit de US$ 5,52 bilhões. Nem a inclusão de plataformas de petróleo como item exportado poderia tornar positivo o saldo comercial da balança da indústria do petróleo. A venda de plataformas despertou atenção ao atingir US$ 7,7 bilhões no ano passado - o recorde era US$ 1,49 bilhão, em 2008 - e tornar-se o quinto item mais importante da pauta de exportação do país. A conta de 2013 incorpora os registros atrasados referentes a importações de petróleo e derivados realizadas no ano anterior.
Segundo analistas ouvidos pelo Valor a contribuição desse grupo não será tão negativa em 2014, com manutenção da fatia dos importados e avanço da exportação para níveis mais próximos de anos anteriores. A previsão é de déficit, mas bem menor que o de 2013.
As mudanças do peso das petroleiras no total exportado e importado nos últimos anos se devem à política adotada pelo governo para o setor, de acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Os preços administrados para os combustíveis no mercado interno desestimularam a produção e consumo do etanol, aumentando a demanda por gasolina. Os estímulos fiscais para a indústria automobilística e os incentivos para a compra de automóveis também pressionaram as importações.
Nesse quadro, o cronograma de investimentos da Petrobras para refinarias foi prejudicado pela defasagem entre preços internos e externos de combustíveis. Com a oferta crescendo em ritmo menor do que a demanda, mais um impulso foi dado às compras externas. "Em 2009 não importávamos gasolina. De 2010 até o fim do ano passado, a importação do combustível cresceu e hoje representa 13% do consumo interno vem do exterior", afirma Pires.
Para este ano, Pires prevê crescimento das importações, mas em um ritmo mais baixo em função da desaceleração do consumo interno, e recuperação das exportações. O CBIE prevê déficit menor para a balança do setor neste ano, de US$ 5,4 bilhões.
Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados, vê o início de um movimento de "recuperação de produção e credibilidade" da estatal entre 2014 e 2015. Com o cronograma do pré-sal em andamento, mas com anos à frente até começar a ter efeito substancial na produção, o aumento da extração de petróleo e o avanço tímido do consumo interno de combustíveis esperado por ele para este ano vai ser sentido na balança.

"O difícil é prever a velocidade dessa recuperação. Não dá para esperar aumento forte da produção de imediato. Por outro lado, neste ano o consumo interno não será tão preponderante, pois a economia vai crescer pouco, assim como as exportações totais, causando tanto a melhora na balança do setor quanto o aumento do peso dele no comércio exterior", diz.

Com preço livre, Petrobras adiciona mais à economia Por Flavia Lima

24/02/2014 - 05:00
Por Flavia Lima

Fonte: Valor Econômico

Controle da inflação ou motor da economia? A relevância da Petrobras extrapola em muito os interesses de seus acionistas e fornecedores, com forte peso nos resultados da arrecadação nacional, balança comercial e investimentos - como poderá ser comprovado amanhã, quando a empresa divulgará o seu balanço. As análises de especialistas e números levantados pelo Valor mostram que a resposta à pergunta inicial é que a gigante petroleira se mostraria mais útil à economia do país funcionando a plenos motores.
Com um peso equivalente a 10% dos investimentos produtivos do país, a estatal poderia dar uma contribuição à atividade econômica proporcional ao seu tamanho nos próximos anos. Caso consiga tirar do papel os US$ 236 bilhões em investimentos previstos para o período entre 2013 e 2017, o programa adicionaria nada menos do que 0,6 ponto percentual em média, ao ano, à conta do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas o que a realização integral dos investimentos da estatal pode adicionar ao PIB nos próximos anos, a política de controle de preços dos combustíveis, se mantida, tem o poder de continuar a tirar. A estratégia reduziu em 31,6% a arrecadação do governo com tributos incidentes sobre as atividades da Petrobras entre 2008 e 2012, segundo dados corrigidos pela inflação. Como percentual do PIB, o impacto impressiona ainda mais. No período de 2008 a 2013, o valor dos tributos pagos pela Petrobras caiu de 2,1% do PIB para 1,6%.
Os números ganham ainda mais relevância em uma economia que cresce em ritmo mais lento. Na comparação com outras políticas econômicas, dar mais liberdade à Petrobras tocar os seus projetos e reajustar seus preços também parece vantajoso. Basta lembrar que há algumas semanas, o governo divulgou estimativas segundo as quais a desoneração da folha de pagamentos dos três primeiros setores beneficiados pela redução de impostos em 2011 elevou o PIB em 0,17 ponto percentual.
A estimativa do impacto dos investimentos no PIB, feita com exclusividade pela consultoria Tendências a pedido do Valor, mostra a relevância à economia brasileira de uma companhia, cuja performance nos últimos anos deixa a desejar. Considerando apenas o que a Petrobras investiu em 2012, os R$ 84 bilhões equivalem a 10,5% de tudo o que foi investido na economia em máquinas e equipamentos e na construção civil - a chamada formação bruta de capital fixo (FBCF). A conta mostra também que empresa e país estão bastante conectados e como, de certa forma, o que acontece com um reflete os desafios que, em larga escala, é enfrentado pelo outro.
A Tendências levou em conta R$ 555 bilhões em investimentos - o volume anunciado convertido a um dólar médio de R$ 2,35. Desse total, 95% foram considerados, percentual que efetivamente deve ficar com o Brasil, segundo disse a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em Davos, na Suíça. O exercício contemplou ainda o chamado "efeito multiplicador" dos investimentos no PIB, segundo o qual cada R$ 1 investido na economia gera aumento de R$ 1,9 em, por exemplo, geração de emprego e contratação de outros serviços.
Para Alessandra Ribeiro, economista da Tendências, os números impressionam porque, no geral, as projeções de investimento feitas pelos economistas incorporam variáveis macroeconômicas com impacto mais relevante na construção civil e no consumo aparente de bens de capital. "Neste sentido, tratei dos investimentos da Petrobras como algo exógeno", explica.
O que poderia atrapalhar um cenário que parece tão promissor? Na avaliação de especialistas, o incremento significativo que os planos da petrolífera poderiam trazer ao PIB esbarra em uma variável econômica importante: a inflação. Em dezembro, a defasagem dos preços da gasolina no mercado interno com relação ao internacional chegou a 23,6%, já incorporados os reajustes dados pelo governo ao longo do ano, segundo a Tendências. O repasse integral dessa defasagem teria adicionado 0,7 ponto ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Considerando a alta de 5,9% do IPCA em 2013, o repasse teria feito com que a inflação medida pelo indicador encerrasse o ano acima de 6,5%, o teto da meta. "Não é à toa que o governo segura na unha para não dar esse reajuste", diz Alessandra. Em 2010, o repasse teria adicionado 0,1 ponto à inflação. Em 2011, 0,4 ponto e, em 2012, 0,6 ponto. Embora o diesel tenha maior participação no faturamento da Petrobras, é a trajetória da gasolina que conta na inflação porque ela corresponde a uma fatia bem mais significativa do IPCA, de 3,8%. O diesel tem um peso apenas residual no índice, de 0,1%.
Desde 2005, no entanto, a defasagem do preço da gasolina no mercado local em relação ao cenário internacional vinha se ajustando, até se transformar, em 2009, em uma diferença - a favor da Petrobras - superior a 27%, segundo dados da consultoria GO Associados. Depois disso, o quadro só piorou. "O que era uma medida de caráter temporário se tornou uma política, especialmente de 2011 para cá", diz o diretor de pesquisa econômica da GO, Fabio Silveira.
Segundo Silveira, se os repasses tivessem sido feitos de forma integral ao longo do tempo, o impacto sobre a inflação seria certo, mas talvez menos significativo. "Entre 2011 e 2013, o atraso médio [com relação aos preços externos] foi 14,4% ao ano", nas contas de Silveira. "Se tivesse sido dado o reajuste, o impacto sobre a inflação seria modesto frente à degradação do resultado da empresa e dos danos que isso traz para outras empresas públicas e privadas e para a própria avaliação do país". Para Silveira, o preço pago para controlar a inflação foi "alto demais."

Will Landers, gestor sênior para a América Latina da americana BlackRock, diz que a empresa parece ter todo o "comprometimento possível" para cumprir o seu cronograma de investimentos, mas acredita que o maior empecilho seja a capacidade de continuar a emprestar dinheiro no mercado e manter o "famoso" grau de investimento. "É essa conta que a defasagem dos preços de combustíveis atrapalha, já que as perdas no refino diminuem a lucratividade e capacidade de gerar caixa." A Petrobras corresponde hoje a 5% dos US$ 4 bilhões sob gestão de Landers. A fatia da ação nos fundos da BlackRock acompanhou a queda do papel no índice MSCI, de quase 20% em 2008 para cerca de 8%. Frederico Sampaio, da Franklin Templeton, resume o imbróglio: ou a Petrobras pega mais dívida e perde o grau de investimento, ou faz nova capitalização, ou ajusta os preços dos combustíveis se quer investir mais. "A equação do jeito que estão não está fechando".

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

“Confiabilidad y pragmatismo del nuevo Gobierno atraen a brasileños”

Por Luis Fernández Lagraña lfernandez@lanacion.com.py
Queremos participar en cadenas productivas, aseveró el experto sobre posibles inversiones en Paraguay.

Regis Arslanian. Foto de Sebastián Cáceres.
“Es impresionante la nueva dinámica que el nuevo gobierno de Cartes imprimió al país. Paraguay está dando confiabilidades, seriedad. El presidente Cartes nos recibió con los brazos abiertos y nos dijo que si teníamos problemas que hablemos con él, con el presidente”, expresó en una entrevista con La Nación Regis Arslanian, ex embajador de Brasil ante el Mercosur y especialista en comercio internacional y asuntos internacionales de la consultora Go Associados junto con Gesner Oliveira, especialista en alianzas público-privadas. Está casado con una paraguaya y hace más de 20 años que está en contacto con Paraguay, nos comentó.

Ambos consultores participaron de la presentación de oportunidades de inversión y de negocios que brinda Paraguay, que realizaron autoridades nacionales ante más de 170 empresarios brasileños el martes en Asunción.

–Los brasileños están viniendo casi “en masa” a Paraguay. ¿Qué les atrae?
–Un país que creció 14%, un gobierno que tiene ministros jóvenes de altísima calificación, un Presidente al que le llamaron ahora como un 'estadista emprendedor', que le dice al Brasil 'estaremos siempre con Brasil y nunca contra Brasil' y que nos recibió con los brazos abiertos...

–Aparte de las lindas palabras del presidente debe haber otros factores más que atraen a los empresarios brasileños.
–El Gobierno está dando confiabilidades. El Presidente es pragmático y obviamente eso crea en el empresariado brasileño un ambiente muy confortable y un clima favorable para los negocios.

–¿Qué es lo que quiere el empresario?
–Quiere seguridad, saber que donde pone su plata, su plata va a rendir y él tendrá la seguridad de que su plata no va a estar perdida.
Aparte de eso, en Brasil hay un sistema tributario muy caro, muy alto, y el régimen laboral también es muy alto. Ustedes tienen una carga tributaria mucho más baja, la mano de obra es barata, tienen energía eléctrica abundante y además, tienen la ventaja de gozar del Sistema Generalizado de Preferencias con la Unión Europea que Brasil ya no tiene. Paraguay puede vender 1.700 productos libres de impuestos a la Unión Europea, todo eso despierta el interés de los empresarios brasileños de venir a invertir en Paraguay. Muy importantes también son las seguridades, la previsibilidad y la receptividad que el gobierno de Paraguay está ofreciendo a los brasileños.

–Cuáles son los sectores de inversión de Paraguay que más interesan a los empresarios brasileños?
–Yo diría que hay mucho interés en infraestructura, en participar de esos 17 mil millones de dólares de inversión que el ministro de Obras Pública anunció de licitaciones para los próximos cuatro años. Queremos participar en cadenas productivas, transfiriendo a Paraguay los sectores de cadenas productivas que en Brasil salen muy caros. ¿Por qué no en electroelectrónica, por qué no en calzados, por qué no en automotriz, o sea crear un parque industrial aquí en Paraguay. Ustedes están en una ubicación geográfica central hacia el Pacífico y hacia el Atlántico y eso puede crear un verdadero “hub” en Paraguay, un corazón logístico en América del Sur.

–Usted como experto en comercio internacional, ¿cómo ve a Paraguay en ese aspecto?
–Como Brasil también, Paraguay es un gran exportador de productos primarios, soja, carne... alimentos. Yo creo que hay un esfuerzo muy grande en Paraguay por industrializarse y con esa integración de cadenas productivas se puede iniciar una industrialización en Paraguay.
 
–¿Por qué Volkswagen, General Motors de Brasil no pueden importar autopartes desde Paraguay?
–Con el sistema de maquila, por ejemplo, las pymes deberían empezar a producir autopartes para la industria de Brasil, y ya se está haciendo, pero eso tiene que aumentar.

–Los empresarios piden seguridad para invertir. ¿Cómo ve ese aspecto en Paraguay?
–Veo un nuevo Paraguay, conozco Paraguay, trabajo con Paraguay hace veinticinco años, y yo creo que el nuevo gobierno consiguió imprimir con el discurso muy pragmático, con la apertura que demostró tener hacia el sector privado brasileño, una nueva imagen de Paraguay, muy abierta, muy seria, muy práctica y eso inspira confianza. Cuando Ud conoce a una persona, sabe si inspira confianza o no y el gobierno paraguayo inspira confianza.

Fonte: http://www.lanacion.com.py/articulo/157027-confiabilidad-y-pragmatismo-del-nuevo-gobierno-atraen-a-brasilenos.html

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Varejo e serviços evitam recessão, diz economista da GO

GUSTAVO PORTO - Agencia Estado
SÃO PAULO - O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) no campo negativo - com quedas de 0,17% entre o terceiro e o quarto trimestre de 2013 e de 1,35% em dezembro ante novembro - mostra uma evolução "bastante lenta" da economia brasileira, mas ainda fora de uma ameaça de recessão. A avaliação é do diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira.
"O ritmo de crescimento é baixo por causa de inflação, juro alto, pouco dinamismo do setor exportador e da indústria que não consegue competir bem nos mercados externo e doméstico", disse. "Mas não defenderia uma recessão, por enquanto, porque temos ''gorduras'' como varejo, serviços e massa salarial que, mesmo crescendo menos, ainda sustentam o aumento de 2% na economia em 2014 e 2015", afirmou.
Silveira estima que os setores de varejo e serviços devem avançar de 2,5% a 3% em 2014, a massa salarial ainda crescerá 1% e até a indústria deve ter um fôlego para avançar 1% neste ano. No entanto, esse crescimento é fruto das "glórias do passado" recente, na avaliação de Silveira. Época, segundo ele, em que setores como agronegócio e mineração tiveram receita grande de exportação e, além do saldo na balança comercial, ajudaram na urbanização e no crescimento do interior brasileiro, refletindo na economia.
"Mas houve uma piora do saldo comercial, que caiu de US$ 40 bilhões anuais para zero, o que começa a gerar uma desconfiança de que País não conseguirá voltar a ter saldos positivos, que inflação será difícil de ser dominada, mesmo com juros elevados, e que o nível de atividade não melhorará", disse. "Portanto, não estamos operando no campo vermelho, mas não estamos longe dele."

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

"Plano de Voo": Varejo esfria e deve crescer apenas 3,5%

Por: Liliana Lavoratti

Fonte: DCI

O processo de esfriamento do varejo brasileiro continua. A cada mês, reforça-se a trajetória declinante do setor, projetando-se para 2014...


O processo de esfriamento do varejo brasileiro continua. A cada mês, reforça-se a trajetória declinante do setor, projetando-se para 2014 um crescimento físico das vendas da ordem de 3,5%. 
De acordo com estudo do economista Fábio Silveira, da GO Associados, espera-se tal desempenho como reflexo, sobretudo, da perda constante de dinamismo de seus principais condicionantes: massa real de rendimento e crédito ao consumidor.
Ficou para trás o tempo que as vendas mensais do varejo eram objeto de crescimento acelerado (com taxas anualizadas entre 6% e 9%, na série sem ajuste), caso de 2011 e 2012. 
Pior. Gera algum desalento perceber que essa época tão cedo não volta, pois seria preciso, entre outros fatores, elevar o nível do pessoal ocupado (praticamente estagnado), reverter a queda do salário real e diminuir os juros reais presentes no crédito.
*Colaboração: Leda Rosa

O Brasil enfrenta uma guerra contra o pessimismo na economia

Números de atividade econômica do Banco Central aumentam a desconfiança sobre os rumos da atividade no país, e resgatam o fantasma da recessão
Fonte: El País

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 São Paulo 14 FEV 2014 -20:36BRST


Alta inesperada de temperatura no início deste ano, crise na Argentina, manifestações anti-Copa, pronunciamento da presidenta do Federal Reserve, Janet Yellen, prevenindo para a vulnerabilidade dos emergentes, incluindo o Brasil. O ano de 2014 começou agitado para os brasileiros, que hoje tiveram ainda de lidar com a desconfiança do mercado externo depois da divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br). A queda na atividade de 1,35% em dezembro, registrada pelo indicador, veio um pouco acima da expectativa das instituições financeiras locais. Além disso, o recuo de 0,17% no trimestre acendeu a luz amarela para alguns analistas, uma vez que o IBC-Br do trimestre anterior, de 0,21% negativo, estaria configurando a chamada recessão técnica, quando a economia se contrai por dois trimestres consecutivos.
O dado foi visto com bastante cautela pelos economistas brasileiros, já que o indicador do Banco Central trabalha com uma metodologia diferente da utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que faz a leitura oficial do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, para avaliar a atividade econômica. O número final do PIB de 2013 – e o cálculo do último trimestre – só será divulgado pelo IBGE no próximo dia 27. É fato que o PIB de julho a setembro recuou 0,5%. E se o resultado trimestral dos três últimos meses do ano vier com viés negativo, efetivamente esse quadro de recessão estaria confirmado.
“Parece-me um pouco forte esse diagnóstico. Não vejo esse quadro negativo se confirmar”, diz Fabio Silveira, da GO Associados. “Sim, a atividade está lenta, mas ainda há fatores de sustentação para nos manter em terreno positivo”, avalia. Silveira aponta a expansão de crédito, ainda que em menor proporção do que nos últimos anos, assim como o ganho de renda com a massa salarial dos trabalhadores como fatores que jogam a favor do país, diante desse ritmo letárgico de crescimento. E ainda, a própria desvalorização cambial, provocada pela volatilidade com o fim dos estímulos monetários nos Estados Unidos, juntamente com a tensão com crise financeira na Argentina. “O dólar mais forte favorece as exportações”, afirma.
José Augusto Castro, presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), acredita que a desvalorização do real pode ajudar não só nos ganhos financeiros das vendas para o exterior, assim como funciona como uma proteção para as importações crescentes do país. “A retomada do crescimento nos Estados Unidos também é uma boa notícia, que importam manufaturados brasileiros”, diz Castro.
Mas ele admite que 2014 já se configura como um ano “de fortes emoções” para o país. “Ninguém esperava que em janeiro houvesse um descontrole na Argentina. Isso vai nos tirar ao menos 2 bilhões de dólares de exportações”, calcula. Os argentinos são o terceiro parceiro comercial do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos.
Esse quadro está fazendo a AEB refazer as contas sobre o saldo comercial que o país deve alcançar em 2014: em dezembro a projeção era de 7 bilhões de dólares, número este que deve ficar em 4 ou 5 bilhões de dólares diante da realidade mais restritiva da Argentina.
Embora considere que o quadro do país não possa ser classificado como recessão, Nicola Tingas, economista da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, admite que há elementos preocupantes. “O motor do crescimento brasileiro já mostrou que está mais frio. Levando em conta o cenário que tivemos poucos anos atrás para o consumo e para os investimentos, a leitura é de que estamos mais paralisados do que em recessão”, diz ele.
Na opinião de Julio Gomes de Almeida, economista da Universidade de Campinas, no entanto, os baixos níveis de crescimento, aliados a uma queda de investimentos, podem se desdobrar em uma recessão. “É como se a economia brasileira estivesse caminhando sobre o fio da navalha. Se escorregar um pouquinho mais, essa possibilidade pode virar realidade”, afirma.
Para o economista Luiz Roberto Calado, da Brasil Investimentos e Negócios, na realidade, está ocorrendo um ataque internacional por todos os lados. “Se a gente for considerar um parâmetro objetivo como o ranking de negócios Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil subiu 14 lugares em 2013, para a 116ª posição – são analisadas 189 economias no levantamento.”
Nesta sexta-feira, o jornal britânico Financial Times destacou em seu portal de notícias que o Brasil poderia estar em recessão, o que demonstra a preocupação constante com o país. José Bezerra de Menezes, controlador do Bic Banco, afirma que os britânicos se caracterizam por exagerar tanto nos momentos bons quanto nos ruins. “Não consigo reconhecer nos dados algo substancial que possa levar a produzir uma avaliação de recessão. Nem a mudança cambial desfavorável à moeda brasileira é uma exclusividade, mas sim uma tendência pela qual todas as moedas estão passando”, diz.
O economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, prefere não dizer que a recessão é inevitável. Mas sim que o país vive um dilema neste ano. A responsabilidade fiscal e monetária para assegurar que a inflação não saia do controle vai levar a um crescimento baixo, que pode chegar a cerca de 1% ao ano, segundo ele. Mas isso sem considerar a eventualidade de uma crise energética. O país vive um dos piores verões das últimas décadas, com temperaturas acima dos 35% nas últimas semanas, o que provocou seca e racionamento de água em algumas cidades, e a queda do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, que representa 60% da matriz energética do Brasil. Ao mesmo tempo, subiu o consumo de energia com o uso ar-condicionado e ventiladores pela população, para se proteger das altas temperaturas.
“Se essa crise de energia acontecer, a situação muda substancialmente. Aí poderemos ter os crescimentos negativos seguidos que levam à recessão. Há a probabilidade de racionamento de energia, mas ela não é predominante”, diz.
Frischtak afirma ainda que o país conta atualmente com "um cenário na foto e outro no filme". "A foto do Brasil hoje, com os indicadores macroeconômicos básicos, não é tão ruim. Não geraria uma situação de pessimismo, talvez de cautela. O filme, contudo não é bom. O enredo é o de um país que saiu de uma situação sólida há dois, três anos.” O futuro, portanto, ainda é incerto.
Para ele, a comunicação do Governo não colabora para a melhora desse quadro e mantém uma sensação de insegurança, embora a realidade não seja tão ruim. “O nível das nossas reservas ainda é bastante elevado (378 bilhões de dólares) e a inflação não está descontrolada, mas parte do baixo crescimento se deve à má condução da política econômica”, diz ele.
“Não é que os analistas de uma hora para outra passaram a olhar as coisas de forma diferente. Mas, se o diagnóstico é ruim, geralmente o remédio também é.”
Para acalmar os mercados, o Banco Central tem sinalizado que usará de todos os instrumentos para controlar a instabilidade no mercado.

PIB do 4º trimestre caiu 0,17%, indica BC

15 de fevereiro de 2014 | 9h 49

EDUARDO CUCOLO, GABRIELA LARA, GUSTAVO PORTO E LUCIANA ANTONELLO XAVIER - Agencia Estado


BRASÍLIA E SÃO PAULO - A economia brasileira encolheu pelo segundo trimestre consecutivo nos últimos três meses do ano passado, segundo o índice de atividade divulgado pelo Banco Central (BC). O IBC-Br apresentou queda de 0,17% no quarto trimestre do ano passado em relação ao trimestre anterior, depois de cair 0,21% no terceiro trimestre. No ano, houve crescimento de 2,52%.
No jargão dos economistas, dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB) configuraria uma "recessão técnica". Mas, para analistas, ainda não é possível usar esse termo para a economia brasileira, pelo fato de o IBC-BR, apesar de ser considerado uma prévia do PIB oficial, não apontar com fidelidade para o indicador do IBGE.
Segundo levantamento feito pelo serviço AE Projeções logo após a divulgação do IBC-Br, o PIB oficial do quarto trimestre, que sai no próximo dia 27, deve ficar entre estabilidade e crescimento de 0,6%. A maior parte das previsões indica uma expansão de 0,3% para o PIB dos três últimos meses do ano passado na comparação com o trimestre anterior.
"Tem gente que vai falar em recessão técnica, mas não é bem assim, é preciso esperar para ver se o PIB do quarto trimestre vem negativo. O que vale é o dado do IBGE", disse o economista-chefe do banco Besi Brasil, Flávio Serrano. Para ele, o quarto trimestre ficará entre estabilidade e alta de 0,4%. O PIB do terceiro trimestre de 2013 teve recuo de 0,5%.
De acordo com Serrano, há muito tempo o Brasil sofre com um mix de resultados ruins, com atividade fraca e inflação alta. "O incentivo ao consumo e o aumento do gasto público não estão surtindo efeito", afirmou. "Apesar de o indicador ter avançado 2,52% no ano passado, todo o crescimento ficou concentrado no primeiro semestre."
Indústria. Na avaliação do economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, as duas quedas trimestrais no IBC-Br são reflexo de atividade industrial retraída. O desempenho negativo da atividade no fim do ano passado, ajudado também pela desaceleração no varejo, que deve persistir em 2014, indica que o PIB do primeiro trimestre deste ano possa ser mais fraco que o previsto, segundo ele. A Tendências avalia que o PIB deve avançar 0,2% nos últimos três meses de 2013. Com isso, o Brasil deve escapar de uma recessão.
O diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, também avalia que o dado do BC mostra uma evolução "bastante lenta" da economia brasileira, mas ainda fora de uma ameaça de recessão. "O ritmo de crescimento é baixo por conta de inflação, juro alto, pouco dinamismo do setor exportador e da indústria que não consegue competir bem nos mercados externo e doméstico."
O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, afirmou que os dados do BC confirmam que o Brasil está crescendo em ritmo decepcionante. "O que esperávamos para a economia há alguns anos não está se realizando", afirmou o economista.
Leal pondera, no entanto, que o quadro apontado pelo IBC-Br não necessariamente vai se repetir no PIB calculado pelo IBGE. "São metodologias e dados diferentes. Eu tomaria cuidado ao dizer que o IBC-Br sinaliza que o PIB vai estar em recessão." O ABC Brasil espera uma alta de 0,1% para o PIB no último trimestre de 2013 e um avanço de 2,1% no ano.
Gustav Gorski, economista-chefe da Quantitas Asset, por outro lado, avalia que o IBC-Br confirmou uma provável recessão no Brasil. Gorski pondera, no entanto, que a recessão não é um cenário tão ruim se ajudar a inflação a convergir para a meta de 4,5% em 2015.
"Se houver uma recessão, mesmo que seja pequena, mas conseguir convergência da inflação para 2015, é um cenário bem mais positivo do que a economia ficar andando devagar com inflação alta por um longo período", disse Gorski.
Para ele, é muito provável que o BC reduza o ritmo de alta da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 25 e 26. No encontro mais recente, a autoridade monetária elevou a taxa Selic de 10% para 10,5%. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

IBC-Br decepciona, mas economistas têm cautela ao falar em recessão

IBC-Br, conhecido como 'PIB do BC', indicou crescimento econômico de 2,52% em 2013, mas apresentou resultados negativos para dezembro e para o 4.º trimestre
14 de fevereiro de 2014 | 12h 31
Fonte: Estadão
Gabriela Lara, Gustavo Porto, Luciana Antonello Xavier, Maria Regina Silva e Ricardo Leopoldo, da Agência Estado - Atualizado às 15h00
SÃO PAULO - Chamado de 'PIB do BC' e considerado um termômetro para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta sexta-feira, 14, aponta para um crescimento de 2,52% da economia brasileira em 2013.
No quarto trimestre, houve queda de 0,17% em relação aos três meses anteriores, depois da queda de 0,21% na comparação do terceiro com o segundo trimestre, no dado com ajuste.Apesar do indicador positivo para o ano, chamou a atenção dos economistas os resultados negativos seguidos para os dados mensal e trimestral, quadro que configura recessão técnica. 
Já em dezembro, o indicador caiu 1,35% na comparação com o mês anterior, após registrar queda de 0,64% em novembro ante outubro.
O resultado foi considerado decepcionante pelos economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, mas os analistas foram cautelosos ao falar em recessão técnica. Isso porque, na prática, o que vale é o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) que será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 27 de fevereiro. Vale lembrar que o PIB do terceiro trimestre de 2013 registrou queda de 0,5%.
Os índices negativos do IBC-Br no quarto trimestre e em dezembro mostram uma evolução "bastante lenta" da economia brasileira, mas ainda fora de uma ameaça de recessão, avalia o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira. "O ritmo de crescimento é baixo por conta de inflação, juro alto, pouco dinamismo do setor exportador e da indústria que não consegue competir bem nos mercados externo e doméstico", disse. "Mas não defenderia uma recessão, por enquanto, porque temos 'gorduras' como varejo, serviços e massa salarial que, mesmo crescendo menos, ainda sustentam o aumento de 2% na economia em 2014 e 2015", afirmou.
O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, avaliou que os dados do IBC-Br confirmam que o Brasil está crescendo em ritmo decepcionante. "O que esperávamos para a economia há alguns anos não está se realizando", afirmou. Luis Otávio Leal pondera, no entanto, que o quadro apontado pelo IBC-Br não necessariamente vai se repetir no PIB calculado pelo IBGE. "É difícil dizer se o PIB do quarto trimestre será ou não negativo, o que também configuraria recessão. No trimestre passado, o PIB foi pior que o IBC-Br, mas no anterior foi o contrário. Não tem um receita de bolo. São metodologias e dados diferentes", disse. "Eu tomaria cuidado ao dizer que o IBC-Br sinaliza que o PIB vai estar em recessão."
Por enquanto, o ABC Brasil espera uma alta de 0,10% para o PIB no último trimestre de 2013 e um avanço de 2,10% no dado fechado do ano passado.
O economista-chefe da Quantitas Asset, Gustav Gorski, considera que a retração mensal e trimestral do IBC-Br evidencia a possibilidade de a economia estar em recessão. "Os dados antecedentes já sinalizavam uma economia fraca, mas o IBC-Br veio pior", explica. "O IBC-Br confirmou hoje uma provável recessão no Brasil", acrescentou. Gorski pondera, no entanto, que a recessão não é um cenário tão ruim se ajudar a inflação a convergir para a meta de 4,5% em 2015.
Na avaliação do economista-chefe do banco Besi Brasil, Flávio Serrano,"apesar de o indicador ter avançado 2,52% no ano passado, todo o crescimento ficou concentrado no primeiro semestre, motivado em grande parte por fatores pontuais como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI)", afirmou. Na passagem de novembro para dezembro, o IBC-Br recuou 1,35%, prejudicado pelo desempenho do varejo e da produção industrial piores que em meses anteriores. Na comparação trimestral, o índice registrou a segunda queda consecutiva. "Tem gente que vai falar em recessão técnica, mas não é bem assim, é preciso esperar para ver se o PIB do quarto trimestre vem negativo. O que vale é o dado do IBGE", disse o economista.
Para Serrano, no entanto, o mais importante é perceber que a economia está estagnada e "sem saída". "A única coisa que estava melhor era o comércio, que também veio mal na divulgação de ontem", afirmou, referindo-se ao recuo de 0,2% das vendas no varejo, na margem, informado pelo IBGE. "O resultado mostra que começa a perder força o que até então estava sendo o motor da economia. O crescimento baixo está se espalhando para outros segmentos", afirmou.
O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Luiz Gonzaga Belluzzo disse que o PIB neste ano deve crescer ao redor de 2%, um desempenho semelhante ao que tem ocorrido em 2013.
Na avaliação do acadêmico, o crescimento do País será modesto também em 2014 em função do aperto monetário adotado pelo Banco Central, que já elevou a Selic desde abril, de 7,25% para os atuais 10,50%.
Além disso, também deverá contar o aperto fiscal que o governo fará e, para ele, será necessário que a meta do superávit primário atinja 2,50% do PIB, devido, especialmente, à perda de confiança de investidores internacionais em relação à política econômica brasileira. "Mas um fator positivo que ajudará na expansão da economia será as concessões públicas na área de infraestrutura", afirmou.

Esfriamento do varejo prossegue

14 de fevereiro de 2014 | 2h 08

ANÁLISE: Fábio Silveira* - O Estado de S.Paulo
Em dezembro, o volume de vendas do varejo cresceu 3,9% (na série restrita sem ajuste), ou seja, em ritmo menor que o apresentado em igual mês de dezembro de 2012, quando este indicador elevou-se 5,1%. Na série restrita com ajuste, o varejo brasileiro retraiu-se 0,2%, encerrando 2013 com variação de 4,3%. Em termos menos áridos, o processo de esfriamento do varejo brasileiro continua. A cada mês, reforça-se a trajetória declinante do setor, projetando-se para 2014 um crescimento físico das vendas da ordem de 3,5%. Espera-se tal desempenho como reflexo sobretudo da perda constante de dinamismo de seus principais condicionantes: massa real de rendimento e crédito ao consumidor.
Definitivamente, ficou para trás, o tempo em que as vendas mensais do varejo brasileiro eram objeto de crescimento acelerado (com taxas anualizadas entre 6% e 9% ao ano, na série sem ajuste), como observou-se em 2011 e 2012. Pior. Gera algum desalento perceber que essa época tão cedo não deverá retornar, já que, para tanto, será necessário: a) elevar o nível do pessoal ocupado, o qual está praticamente estagnado desde o fim do terceiro trimestre do ano passado; b) reverter o movimento declinante do salário real; e c) diminuir os juros reais embutidos nos financiamentos. Convenhamos que tratam-se de metas muito ambiciosas de serem atingidas no horizonte de 2014 e 2015.
* Diretor de pesquisa econômica da GO Associados 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Plano de Voo: Em agosto, inflação pode superar a meta

Por: Liliana Lavoratti

Fonte: DCI


Apesar da queda em janeiro, o cenário ainda inspira cuidados...


Em agosto, inflação pode superar a meta 
O resultado do IPCA de janeiro, de 0,55%, com pressão de alta de grupos como despesas pessoais, alimentação e bebidas e educação fez a GO Associados concluir que o índice pode ficar acima do teto da meta (6,5% ao ano) nos meses de agosto, setembro e outubro de 2014.
O estudo dos economistas Fábio Silveira e Arthur Niculitcheff  indica, entre alguns dos fatores de pressão para a alta, a continuidade da expansão da massa real de rendimento e do crédito ao consumidor.
Já o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, lembra que apesar de o resultado da medição dos preços em janeiro ser o menor desde 2009, o cenário prospectivo da inflação ainda inspira cuidados. “O cenário eleitoral, os reajustes no preço da gasolina e de outros preços administrados que foram represados em 2013, impactarão a inflação de 2014”.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Plano de Voo: Hidrelétricas têm o quarto pior janeiro

"Este janeiro é o quarto pior no nível dos reservatórios das hidrelétricas desde janeiro de 2002". A avaliação é de Fábio Silveira, da GO Associados...

Hidrelétricas têm o quarto pior janeiro
“Este janeiro é o quarto pior no nível dos reservatórios das hidrelétricas desde janeiro de 2002”. A avaliação é de Fábio Silveira, da GO Associados e reforça os temores sobre os limites do sistema de energia nacional que, na terça-feira deixou 11 estados, além do DF, na escuridão. Neste cenário, ronda o fantasma de um novo racionamento de energia, como o vivido entre julho e fevereiro de 2002.
Mesmo com a falta de chuvas, o levantamento aponta que o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste é melhor do que o registrado nos janeiros de 2004 e 2013. 
Já no Nordeste, a situação é mais preocupante, com as hidrelétricas na terceira pior marcação, no pós-racionamento.
No Sul, o nível das usinas foge do atual padrão de escassez e não está nem entre os cinco piores desde janeiro de 2000, assim como nos reservatórios dos estados da região Norte.

Donadon em voto aberto
Está marcada para quarta-feira (12) a votação da representação do PSB que pede a cassação do deputado afastado Natan Donadon (sem partido-RO). O Plenário da Câmara dos Deputados vai decidir, pela segunda vez, se Donadon perderá ou não o mandato, desta vez, com voto aberto. É a primeira votação de um processo disciplinar sob o novo rito. Em agosto, com voto secreto, os deputados o preservaram. Donadon cumpre pena na Papuda.

Mobilidade em aeroporto
A Ortobras – especializada em produtos de mobilidade e de acessibilidade - e a Infraero inauguraram ontem no aeroporto de Palmas (TO) o sistema ELO pela primeira vez no país. Trata-se de um conjunto de passarelas climatizadas projetado para interligar salas de embarque e desembarque às aeronaves destinado às pessoas com mobilidade reduzida.

Caravana do Padilha
Para dar início às Caravanas do PT Paulista em 2014, a Direção Estadual promove amanhã ato de abertura em Ribeirão Preto, no interior. A atividade contará com as presenças do ex-ministro da Saúde e candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha e do ex-presidente Lula, além de ministros e parlamentares.

Tributação global
O Comitê de Tributos da BDO Internacional, uma das Big 5 globais do setor de auditoria e consultoria, estará reunido em São Paulo, de 9 a 13 de fevereiro para discutir o direcionamento global na área de tax. No encontro, Richard Payette, CEO para as Américas, e Raul Corrêa da Silva, presidente da BDO no Brasil.

Inconstitucional
“Todos os acordos internacionais devem passar pelo Congresso Nacional. Caso contrário terão vicio de inconstitucionalidade formal”, afirma a advogada e professora do Largo de São Francisco, Maristela Basso, sobre o empréstimo de US$ 682 milhões do BNDES para a construção do porto de Mariel, em Cuba.

China no Memorial
Amanhã, a Associação Chinesa do Brasil inicia as festividades do Ano Novo Chinês no Memorial da América Latina, na capital paulista. As comemorações começam às 8h, com passeio ciclístico e depois das 10h, atividades culturais.
Colaboração: Leda Rosa
Fonte: http://www.dci.com.br/opiniao/plano-de-voo-hidreletricas-tem-o-quarto-pior-janeiro-id383111.html

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Especialista analisa déficit da balança comercial: ‘Vamos ter pressão de alta no câmbio’

Para Fábio Silveira, diretor da GO Associados, indústria fraca não consegue compensar perda em commodities

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Por que a balança comercial tem tido resultados tão ruins?
Houve uma redução na receita com exportações, por causa da queda nos preços das commodities. E a desvalorização cambial que ocorreu não foi suficiente para estimular as exportações de produtos com maior valor agregado. Estamos prevendo para 2014 um déficit de US$ 3 bilhões na balança comercial. Não tínhamos resultado negativo desde o fim da década de 1990.

Será um resultado até pior do que no auge da recente crise internacional, em 2008?
As commodities têm uma participação muito relevante nas exportações brasileiras e estão com preços mais baixos do que em 2008 e 2009, após a crise financeira internacional. E nossa indústria está mais enfraquecida, com menor poder de exportação e não tem como compensar a perda das commodities. Depois de vários anos submetida a condições anormais, carga tributária elevada e dificuldades de financiamentos, nossa indústria não consegue reagir e não tem condições de fazer face à competitividade de lugar nenhum do mundo.

O que o déficit comercial significa para a economia do país como um todo?
Significa que a gente vai estar com pressão altista no câmbio, por causa das contas externas negativas. A situação só não fica mais dramática porque o país tem muitas reservas, cerca de US$ 370 bilhões, o que traz algum fôlego para abastecer a demanda interna por dólares. Porém isso não vai se sustentar para sempre. O que não pode acontecer é uma piora dramática na balança comercial, porque geraria desconfiança em relação à capacidade de pagamento do país. Uma coisa que incomoda é os EUA estarem num processo de aspiração de dólares em escala global, com perspectiva de subir juros, o que pode fazer o Brasil deixar de ser atraente para os investidores. Nós fizemos muita bobagem, mas as economias desenvolvidas também precisam agir de forma coordenada. O processo de atração americana não pode ser brusco a ponto de sacudir a relação financeira de toda a economia mundial, abalando países como Brasil, Tailândia, África do Sul e Índia, num processo de crise semelhante aos que já vimos antes e que não interessa a ninguém.

http://oglobo.globo.com/economia/especialista-analisa-deficit-da-balanca-comercial-vamos-ter-pressao-de-alta-no-cambio-11494141