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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Conflito no Iraque pode elevar em US$ 2 bi o déficit do petróleo

26/06/2014 às 05h00
Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo

A escalada da violência no Iraque desde o início do mês deve afetar negativamente o resultado da balança comercial brasileira do setor neste ano. O ataque de sunitas a várias cidades, inclusive à refinaria Baiji, a maior do país, deflagrou uma guerra civil que está levando a uma disparada dos preços do barril de petróleo.
Analistas preveem que a elevação de preço - que chegaria a 10% - terá influência maior nas importações de derivados do que nas exportações do óleo cru. Nas contas da consultoria GO Associados, o déficit da balança de petróleo e derivados do Brasil neste ano pode aumentar em até US$ 2 bilhões.
Cálculos do Valor Data mostram que, entre 30 de maio e ontem, o preço do barril de petróleo tipo WTI, que baliza os preços dos derivados no Golfo do México, subiu 3,7% e chegou a US$ 105. O aumento é similar ao observado no barril do tipo "brent", utilizado mais para exportação pelo país. Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados, estima que o valor do WTI deve aumentar para US$ 111 nas próximas semanas. Levando em conta a elevação esperada, o Brasil venderia mais caro o petróleo, mas também compraria derivados por um valor mais elevado.
Na projeção da consultoria, o déficit da balança de petróleo e derivados neste ano subiria dos US$ 20,5 bilhões projetados no início do ano para US$ 22,3 bilhões, com impacto maior dos derivados. Em relação ao petróleo cru, a venda mais cara diminuiria o saldo negativo esperado em US$ 500 milhões, para US$ 2,4 bilhões. A conta de derivados aumentaria para déficit de US$ 12,4 bilhões e a de outros energéticos com preços ancorados no preço do óleo bruto para US$ 7,6 bilhões.
O déficit esperado para este ano é menor do que os US$ 24,3 bilhões de saldo negativo que a balança do setor registrou ano passado. Silveira nota, entretanto, que se forem descontados os US$ 4,6 bilhões em registros atrasados referentes a importações realizadas nos últimos meses de 2012, a tendência de aprofundamento do déficit segue, estimulada pelo aumento de preços, mesmo que seja temporário.
"De janeiro a abril deste ano tivemos déficit de US$ 8,7 bilhões, abaixo dos US$ 11,1 bilhões do mesmo período do ano passado. Mas naquela época grande parte dos registros já haviam sido contabilizados", afirma Silveira.
De janeiro a abril, quando a Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou o mais recente relatório com esses dados, houve aumento tanto da produção quanto do volume exportado de petróleo pelo país no período. Neste ano, o volume produzido cresceu 7,2%. O volume do óleo cru extraído no Brasil no início do ano passado foi prejudicado por paralisações para manutenção de plataformas em bacias maduras.
"Juntando a base baixa do ano passado, que cresce a partir de agora, e o fato de que a produção de derivados está praticamente estagnada neste ano, com aumento de 0,2% de volume apenas, o incremento do óleo bruto neste ano não sana a diferença entre o que exportamos de óleo cru e o que compramos de derivados em volume. Com isso, o déficit do setor tende a aumentar quando o petróleo sobe", diz Silveira.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), também concorda que o aumento da produção brasileira de petróleo dever desacelerar até o fim do ano. Enquanto o governo prevê em 7,5% o incremento da produção nacional, ele acredita que o aumento vai alcançar 5%. O Brasil chegaria, assim, ao nível de produção registrado em 2011.
"A maior exportação de volume de petróleo já está aparecendo na balança deste ano. A questão é que derivados está estagnado e os dois preços andam juntos. Ganha-se de um lado e perde-se do outro", diz Pires.
Mesmo se o conflito no Iraque se acirrar e uma guerra civil mais duradoura se instalar, o analista não prevê que os preços possam subir muito acima do previsto. Pires diz que hoje há uma oferta grande de petróleo no mercado mundial e de fornecedores diversos, como Estados Unidos, Brasil, México e países africanos. Desde a invasão americana ao Iraque, em 2003, o país não restabeleceu o nível de produção da época da ditadura de Saddam Hussein. "Os iraquianos estão fora do mercado mundial há um bom tempo. Uma interrupção total da produção deles não vai ter efeito devastador nos preços", afirma o analista.
Outro fator atenuante para uma perspectiva mais pessimista para a balança do setor, no médio prazo, é o incremento da mistura de biodiesel para diesel dos atuais 6% para 7% em novembro e a possibilidade de o governo aumentar para 27,5% a mistura de etanol na gasolina consumida no país até o fim do ano.
Os planos de compra e venda da Petrobras também podem diluir parte do impacto do aumento do preço do barril de petróleo. Caso a alta dure poucos meses e volte ao patamar de US$ 100, a estatal pode adiar compras previstas até que o preço esteja mais favorável, de acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
"Há muito de especulação nesses preços. Contratos comerciais não variam diariamente. É claro que as importações são mais afetadas do que as exportações com o petróleo mais caro, mas, no curto prazo, não deve haver alterações grande nem para um lado nem para o outro", afirma Castro.


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terça-feira, 17 de junho de 2014

O ano da virada?

O governo tirou da gaveta sete concessões em 2013, e o investimento privado em transportes bateu recorde. Agora é preciso manter o ritmo
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff se afasta — felizmente ¬— cada vez mais daquela candidata à eleição de 2010 que criticava as privatizações em debates públicos. Diante da marcha lenta do Programa de Aceleração do Crescimento, adotou um discurso pró-concessões pouco tempo depois de assumir o cargo.

Em 2012, foi além e lançou um plano nacional que prevê 206 bilhões de reais de investimentos privados em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos ao longo de três décadas. Passados três anos de seu governo, os resultados da política de atração do capital privado começam a aparecer.

No primeiro semestre de 2014, Dilma marcou presença na inauguração de três novos terminais aeroportuários concedidos à iniciativa privada, em Brasília, São Paulo e Rio Grande do Norte. No discurso de abertura do terceiro terminal do Aeroporto de Guarulhos, em maio, a presidente não poupou elogios às empresas responsáveis pela obra.

Em dois anos e meio, o consórcio Invepar ACSA, que ganhou o leilão do aeroporto, montou uma estrutura de 200 000 metros quadrados que amplia em 33% o fluxo anual de passageiros. Deverão passar por Guarulhos, a cada ano, 48 milhões de pessoas. “Em pouco tempo, as empresas construíram uma excepcional infraestrutura”, disse a presidente, entre sorrisos e aplausos.

O fato é que o governo passou a reconhecer que, sozinho, não pode resolver o problema dainfraestrutura, negligenciada há muito tempo no país. Agora, admite que as empresas são mais ágeis para tocar os empreendimentos e recorre ao capital privado para a realização de grandes obras.

“O poder público depende de uma burocracia que atrapalha a gestão”, diz o ex-secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda Gesner Oliveira, um dos organizadores do livro Parcerias Público-Privadas: Experiências, Desafios e Propostas. “A iniciativa privada é mais livre para executar obras e tomar decisões.”

Com o Planalto mais pragmático, abriu-se um espaço para que as empresas entrassem em campo. E assim 2013 encerrou um ciclo de oito anos em que os investimentos públicos em infraestrutura de transportes — embora muito baixos — superavam os privados.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostra que as concessionárias desembolsaram o valor recorde de 16 bilhões de reais para rodovias, aeroportos, ferrovias e portos no ano passado, 44% mais do que o poder público.
“Mesmo com o avanço, ainda estamos no meio do caminho”, diz Paulo Fleury, presidente do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos).

“O Brasil precisa de um total de 1 trilhão de reais para alcançar o nível da infraestrutura americana.”
Em abril, o consórcio Inframerica inaugurou o píer sul do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, considerado um dos piores pelos usuários. Em dois anos, o operador foi capaz de aumentar a capacidade do aeroporto em 30%, para 21 milhões de passageiros por ano.

O consórcio Aeroportos Brasil, responsável por Viracopos, no interior de São Paulo, está atrasado. As obras deveriam ter sido entregues até maio. Apesar de fora do prazo, a concessionária conseguiu concluir mais de 90% do projeto.
Se comparada com o setor público, ainda assim está bem à frente. Dados do Ilos mostram que as 12 maiores obras de infraestrutura do governo têm atraso médio de quatro anos.

Ao que tudo indica, ao menos nos setores de aeroportos e de rodovias, as concessões começaram a deslanchar. Na atual gestão, o governo conseguiu leiloar seis aeroportos e seis trechos de estradas federais. Só no ano passado foram sete projetos que saíram da gaveta. Se depender das empresas, há apetite para mais.

“Se o projeto for bom, temos interesse em participar”, diz Gustavo Rocha, presidente da Invepar, vencedora dos leilões do Aeroporto de Guarulhos e da BR-040, que liga Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, passando pela região metropolitana de Belo Horizonte.

Os contratos de concessões têm prazo definido e, por isso, as empresas buscam renovar suas carteiras para manter a perpetuidade do negócio. Como a primeira fase de concessões no Brasil ocorreu na década de 90, muitos contratos estão chegando ao fim. No ano que vem, vence a concessão da ponte Rio-Niterói, que garante ao grupo CCR cerca de 150 milhões de reais ao ano.

“Vamos participar novamente do leilão para não perder essa receita”, diz Leonardo Vianna, diretor de novos negócios da CCR, que assumiu no ano passado o Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, e o trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul.

Os grupos que dominam o mercado de concessões no Brasil são verdadeiros gigantes — em sua base estão grandes empreiteiras, como Odebrecht e Engevix. Só no setor de rodovias, o número de empresas criadas por eles para operar cada um dos trechos arrematados dos leilões dos governos federal e estaduais cresceu 50% desde 2007, para um total de 54 concessionárias.

No caso dos aeroportos, as empresas criadas já aparecem na lista das maiores do país por receita líquida nesta edição de MELHORES E MAIORES. A concessionária do Aeroporto de Guarulhos, a GRU Airport, é a 166a do ranking, com receita de 3,1 bilhões de reais no ano passado.

Quatro dos grandes grupos de concessões têm ações negociadas na bolsa de valores: CCR, Arteris, EcoRodovias e Triunfo. Juntos, eles têm valor de mercado de quase 50 bilhões de reais e uma dívida que corresponde a um terço desse montante. De acordo com analistas que acompanham os resultados dessas companhias, a maioria dos grupos tem condição financeira de assumir novas concessões.

O governo tem dado um empurrão para que as empresas participem de leilões. Ninguém tem sido tão importante para a nova onda de concessões no Brasil quanto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A instituição estatal financia até 70% da obra com juros de 7% ao ano — 4 pontos percentuais abaixo da taxa básica da economia, a Selic.

O banco prevê que nos próximos quatro anos o investimento em logística de transportes no país some 171 bilhões de reais. “O Brasil não tem um problema de falta de recursos”, diz Dalmo Marchetti, gerente de logística do BNDES. “Mas o país tem um desafio, que é desenvolver outras fontes de financiamento para as concessões além do BNDES, como o mercado de capitais.”

Apesar do progresso, a nova onda de concessões está longe do fim. No caso das rodovias, um terço dos 7 000 quilômetros previstos no programa de investimento em logística, lançado em 2012, ainda não foi leiloado. Neste ano, o governo já anunciou que quer conceder mais cinco rodovias, um total de 2 600 quilômetros.

Esses trechos não estavam no plano de dois anos atrás e devem somar 18 bilhões de reais em investimentos. Já nos aeroportos, agora o foco do governo está na aviação regional. A ideia é reformar ou construir 270 aeroportos de médio e pequeno porte. Neste momento, o governo analisa a melhor solução para cada um desses terminais no que diz respeito à administração.
Ela pode ficar a cargo da União, dos estados, dos municípios ou ser concedida à iniciativa privada. No setor privado, há expectativa quanto a futuras concessões de aeroportos maiores, como os de Recife e Salvador.

Para que o ritmo de concessões ganhe mais força, o governo precisa destravar os leilões de portos e ferrovias. Os modelos para esses setores não dão segurança aos investidores. Nos portos, a ineficiência da Companhias Docas é uma preocupação para quem atua em terminais públicos.

Essas empresas só conseguem usar um terço dos recursos liberados pelo Tesouro a cada ano por falta de projetos e ingerência política. Dessa forma, investimentos importantes como os de dragagem — obra de aprofundamento do canal — deixam de ser feitos. Já no caso das ferrovias, o setor privado quer reduzir o risco da estatal Valec.

Hoje uma empresa de engenharia, ela seria encarregada de adquirir toda a capacidade de transporte das ferrovias privatizadas. O temor é que, ao longo dos 35 anos de concessão, o governo mude de ideia ou não ponha dinheiro suficiente para que a empresa honre o compromisso.

“Da forma como o marco regulatório das ferrovias está, não há condições de investir”, diz Carlo Alberto Bottarelli, presidente da Triunfo Participações e Investimentos, concessionária de Viracopos. “No entanto, o governo tem discutido o tema do marco regulatório com as empresas para que uma solução seja encontrada.” O que foi feito até agora já é um avanço, mas ainda há um longo caminho pela frente.



Link: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/106702/noticias/o-ano-da-virada

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Economistas reduzem estimativa para IGP-M

16/06/2014 às 05h00
Por Arícia Martins | De São Paulo
Claudio Belli/Valor / Claudio Belli/Valor
De acordo com Fabio Silveira, da GO Associados, contribuição do dólar para a inflação mais baixa será passageira
O recuo de commodities agrícolas e minerais no mercado internacional e a trajetória mais favorável do câmbio reduziram estimativas para a inflação no atacado em 2014, o que pode dar alívio para os preços ao consumidor. Antes na casa de 7%, projeções de economistas consultados pelo Valor para a alta do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) estão, agora, entre 5,5% e 6%.
Já as previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seguem rondando o teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 6,5%, mas podem cair -ainda que em menor intensidade - a depender da evolução dos preços das matérias-primas e do dólar nos próximos meses.
Na semana passada, foram divulgados alguns dados de inflação ao produtor que acabaram levando a perspectivas mais modestas para o aumento do IGP-M no ano. Elaborado pelo Banco Central, o Índice de Commodities Brasil (IC-Br) caiu 1,96% em maio, após ter cedido 2,53% em abril. A primeira prévia do IGP-M de junho, na qual a Fundação Getulio Vargas (FGV) calcula a variação de preços entre os dias 21 e 31 do mês de maio, mostrou deflação de 3% nos preços agrícolas e de 0,63% nos industriais, mesmo com a alta de 1% do dólar no período.
O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, diz que a permanência da taxa de câmbio ao redor de R$ 2,20 é o principal fator que mantém os preços de commodities mais comportados no atacado, mas avalia que essa contribuição será passageira. Como a moeda nacional deve voltar a se depreciar após as eleições e o governo deve autorizar reajuste na ordem de 5% da gasolina, também depois de outubro, Silveira segue trabalhando com avanço de 6,6% para o IPCA em 2014, mesmo após ter revisado para 5,3% sua projeção para o IGP-M.
"Passado o período eleitoral, o dólar vai pular para R$ 2,35 ou R$ 2,40", prevê o economista, para quem, após outubro, o câmbio deixará de ser usado como âncora inflacionária pelo BC e voltará a ser pensado pelo governo como indutor de exportações. Mesmo sem a continuidade da ajuda do dólar, porém, Silveira avalia que a atividade mais fraca e a retração de alguns produtos no mercado internacional podem dar alguma pequena folga ao IPCA.
Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, observa que nem todos os vetores de desaceleração dos IGPs estão concentrados no câmbio ou na queda de preços fora do país. Segundo Leal, boa parte da retração dos itens agropecuários ainda está relacionada à perda de fôlego de alimentos in natura e carnes após os efeitos da estiagem, movimento que pode até levar o grupo alimentação e bebidas ao terreno negativo no varejo em junho. Essa reversão, segundo ele, tem potencial para reduzir as expectativas do mercado para a inflação oficial em 2014. As projeções do banco para o IGP-M estão em processo de revisão e, por ora, o ABC espera alta de 6,3% para o IPCA este ano.
Já André Muller, da Quest Investimentos, diz que está confortável com sua previsão de aumento de 6,5% para o IPCA no ano, mesmo com um IGP-M mais perto de 6% no período. A atual estimativa para o índice, de 7%, será cortada. "De fato os IGPs estão surpreendendo para baixo, mas depois de passado esse período de três meses de inflação mais baixa, as preocupações devem voltar".

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/brasil/3584664/economistas-reduzem-estimativa-para-igp-m#ixzz34oHs2Zi2

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Na contramão, consumo acelera no Centro-Oeste

Por Arícia Martins | De São Paulo
Nem todas as regiões do Brasil viram o nível de consumo desacelerar com força no começo deste ano. No Centro-Oeste, o varejo cresceu muito acima da média nacional entre janeiro e março, tendência que deve continuar ao longo de 2014. Para economistas, o bom desempenho do agronegócio tem impulsionado a geração de empregos, os ganhos de renda e, por conseguinte, compras de bens de maior valor nessa área do país. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou só 0,2% na passagem do último trimestre de 2013 para o primeiro de 2014, feitos os ajustes sazonais, o setor agropecuário teve expansão de 3,6%.
As contas nacionais dão uma pista sobre o descompasso entre o comportamento do comércio em geral e na média do Distrito Federal e dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do varejo restrito - que não incorpora automóveis e material de construção - subiu 2,2% nos primeiros três meses do ano no Centro-Oeste, bem acima da média nacional, de 0,3%. No comércio ampliado, que inclui os dois setores, a diferença é ainda maior: as vendas cresceram 3,5% na região e encolheram 0,2% no país.
Nas projeções da GO Associados, a receita agrícola bruta de grãos e de culturas permanentes (café, cana, fumo e laranja) vai subir 7% entre 2013 e 2014, para R$ 293,5 bilhões, puxada principalmente pela soja, movimento que tem influência positiva sobre o comércio de regiões produtoras. Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da consultoria, calcula que cerca de 30% da receita de R$ 91,4 bilhões da safra da commodity ficará no Mato Grosso, principal Estado produtor do grão.
"Essa ainda é uma região de prosperidade, ao contrário de Estados onde a indústria tem maior peso", diz Silveira, que ainda aponta que os efeitos da renda agrícola sobre a economia regional não são pontuais. "Essa renda vira poupança de famílias e empresas, o que garante uma circulação monetária ao longo de todo o ano."
Para Marianne Hanson, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o mercado de trabalho mais aquecido tem favorecido o consumo no Centro-Oeste. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), também do IBGE, o contingente de ocupados aumentou 2,6% na região, na comparação do primeiro trimestre com o mesmo período do ano passado, ante avanço de 2% na média nacional. Já a taxa de desemprego do Centro-Oeste ficou em 5,8% nos primeiros três meses do ano, patamar inferior ao percentual consolidado do país, de 7,1%.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, também mostra um quadro mais positivo no Centro-Oeste. De janeiro a abril, a criação de empregos formais subiu 1,1% no total do país e 2,2% na região. Das 60 mil vagas com carteira abertas no primeiro quadrimestre no Centro-Oeste, 19,6% vieram da agricultura. Ainda segundo o Caged, o salário médio de contratação aumentou 1,8% no Brasil e 3,2% no nesta parte do país em abril, em relação a igual mês de 2013.
Na opinião da economista da CNC, a confiança dos consumidores da região em relação à manutenção de seus empregos e a satisfação com o nível de renda influenciam seu perfil de compras e de endividamento, que também têm divergido da média do Brasil. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, apontou que, em maio, 68,6% das famílias estavam endividadas no Centro-Oeste, parcela mais alta do que a do total do país, de 62,7%.
Isso não necessariamente significa uma capacidade menor de consumo, já que estes consumidores estão contratando crédito de maior qualidade e, por isso, não têm sido tão afetados pelo aumento dos juros, diz Marianne. Ela destaca que essa região é que tem a maior fatia de famílias com financiamento de carro (21,7%), dado condizente com a alta de 0,4% das vendas de veículos, motos, partes e peças em Goiás nos 12 meses até março. No Brasil, o varejo nesse setor caiu 0,3% em igual período. Por outro lado, nos Estados do Centro-Oeste, há menos consumidores com dívidas em atraso (19,7%, ante 20,4% na média nacional).
Na avaliação do presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomercio-GO), José Evaristo dos Santos, o varejo do Estado pode sofrer algum impacto negativo em junho e julho, já que Goiânia não foi escolhida como cidade-sede da Copa e vai "perder" o efeito benéfico que o aumento do turismo poderia ter para Brasília. Além disso, os jogos diminuem o movimento nas lojas. Mesmo assim, ele aponta que o desempenho do setor deve seguir superando a média do país. "Mantida a geração de empregos e a satisfação do trabalhador em relação à renda, com um endividamento não muito elevado, isso já é suficiente", afirma Santos.
A CNC trabalha com expansão de 4,9% para o volume de vendas do varejo restrito em 2014. A entidade não faz estimativas regionais, mas, tendo em vista o perfil do Centro-Oeste, Marianne avalia que o comércio nesses Estados pode crescer um pouco mais do que a média do Brasil neste ano.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/brasil/3580808/na-contramao-consumo-acelera-no-centro-oeste#ixzz34LDkmh5o

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Melhora relação de troca para o sojicultor de Mato Grosso

Em abril, ele precisou de 22,3 sacas para comprar uma tonelada de adubo, conforme levantamento da GO Associados

POR REDAÇÃO GLOBO RURAL

A relação de troca de produto por fertilizante melhorou para o produtor de soja do estado de Mato Grosso no mês de abril. É o que aponta um levantamento feito pelo economista Fábio Silveira, da GO Associados. Foi a segunda baixa seguida desde novembro do ano passado.
Segundo o levantamento, com base em dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em abril, o preço médio do adubo foi de R$ 1,22 mil por tonelada. Já a saca de 60 quilos de soja valia R$ 54,6. Com isso, uma tonelada de fertilizantes custava o equivalente a 22,3 sacas.
Em março, a relação de troca estava em 22,9 sacas de soja por tonelada de fertilizante. Apesar da melhora em abril, a situação é bem pior que registrada, por exemplo, em novembro de 2013, que estava em 19 sacas por tonelada.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Soja/noticia/2014/06/melhora-relacao-de-troca-para-o-sojicultor-de-mato-grosso.html

O avanço do PIB de 0,2% reflete o ciclo de alta de juros no Brasil

A expressão “devagar, quase parando” coube como uma luva para o resultado do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre deste ano. O avanço da economia de 0,2% entre janeiro e março foi pior do que o esperado pelos economistas. Houve recuo ou crescimento menor de praticamente todos os componentes da demanda em comparação com os três meses anteriores: o consumo das famílias caiu 0,1%, o da administração subiu 0,7%, contra 0,9% do trimestre anterior, a taxa de investimento caiu 2,1%, e as exportações recuaram 3,3%. Somente as importações subiram 1,4%.
O que aparece agora nos números macroeconômicos já vinha se antecipando em outros indicadores. O índice de confiança do consumidor medido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), por exemplo, teve uma queda de 25% de maio do ano passado para cá, num movimento quase paralelo ao ciclo da alta de juros que começou em abril de 2013. A taxa de referência do Banco Central tem subido desde abril de 2013 como o remédio amargo para contrair o consumo, no intuito de reduzir a inflação. Menos confiante com o futuro, o consumidor compra menos. “O aumento dos custos com crédito reduziu o consumo ”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quinta-feira.
Da mesma forma, o empresário deixa na gaveta seus planos de expansão, até porque precisa encarar crédito mais caro para colocar em marcha os seus planos. Mantega acredita que essa equação vai se reverter à medida que o consumo se recuperar com os índices inflacionários sob controle. “Com a inflação menor há mais espaço para tomada de credito, já que a inadimplência está baixa”, completou o ministro.
Ciente de que os juros mais altos são um mal necessário, mas que afeta o desempenho econômico, o BC decidiu interromper o ciclo de alta de juros na reunião realizada nesta semana, mantendo os juros em 11%. Os resultados dessa medida, porém, só aparecem no médio prazo.
Segundo Fabio Silveira, da GO Associados, o ciclo de alta é o primeiro aspecto a ser considerado. “Mas também houve uma queda de exportações, em função da desvalorização mais tímida da taxa de câmbio”, diz Silveira. A média do câmbio em relação ao dólar manteve-se em 2,36 reais no primeiro trimestre deste ano, contra 2,28 reais no último trimestre do ano passado. A moeda desvalorizada torna-se um fator de competitividade, e se ele estivesse na casa dos 2,70 reais, por exemplo, essa queda teria sido atenuada, acredita o economista.
Para José Ricardo Bernardo, sócio da GBI consultoria internacional, o recuo das vendas externas também teve a queda do preços das commodities no mercado internacional como fator preponderante. “As dificuldades da Argentina e da Venezuela prejudicam o resultado”, diz ele. O temor de calotes de pagamento, explica Bernardo, também inibe a ação dos exportadores. O crescimento mais lento da China é outro fator que fez a economia patinar, assim como a retomada lenta dos Estados Unidos.
Mantendo o habitual otimismo, Mantega previue uma retomada da atividade global que vai melhorar os resultados no segundo trimestre. Um dos setores que, segundo ele, devem puxar essa recuperação é a agricultura, que deve crescer nos próximos meses, pois trata-se de “época de colheita.” No primeiro trimestre, o setor agrícola cresceu 3,8%. O Ministério da Fazenda projetava um crescimento de 2,3% para este ano. Mas, o ministro não confirmou essa projeção, embora também não tenha falado em revisão dos números.
O resultado do ano passado foi revisto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a inclusão de novas informações econômicas relativas à produção industrial mensal. Assim, o PiB de 2,3% do ano passado foi revisado para 2,5%.
Silveira lembra que 2014 tende a ser um ano morno em função da Copa do Mundo e das eleições, o que termina por adiar novos projetos de longo prazo. No acumulado em 12 meses, o PIB fica em 2,5%, na comparação com os quatro trimestres anteriores. Até o final do ano, porém, a economia deve fechar com um crescimento de 1,5%, avaliam alguns economistas. Isso significa que o emprego tende a crescer menos, inclusive com demissões pontuais no segundo semestre. “Nada que afete os fundamentos”, acredita Silveira.
Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/05/30/economia/1401463980_300653.html

Produção de milho em 2015 deve ser menor que a atual

De acordo com o economista Fabio Silveira, produção nacional deve cair de 75 para 70 milhões de toneladas

POR FILIPE OLIVEIRA I EDIÇÃO: VINICIUS ARRUDA

A produção de milho do Brasil em 2015 deverá ser menor do que a atual devido à piora na rentabilidade. Foi o que disse o diretor da GO Associados, Fabio Silveira, nesta quinta-feira (29/5) durante o Seminário de Perspectivas para o Agribusiness em 2014 e 2015, promovido pela BM&FBovespa, em São Paulo (SP).
De acordo com Silveira, a produção brasileira do ano que vem deverá ser de 70 milhões de toneladas.  O valor é menor do que o da safra atual: 75 milhões de toneladas. A queda na produção também deverá afetar as exportações.
Segundo o economista, a gripe aviária na China teve influência na queda dos preços do cereal. “Isso acabou derrubando o preço do milho nos últimos 12 meses. Os preços só reagiram um pouco no final do ano passado e neste ano em função da estiagem aqui na América do Sul e do problema do frio nos Estados Unidos”, explicou o diretor da GO Associados.
Segundo ele, os preços médios do grão caíram no mundo aproximadamente 35% nos últimos dois anos. Este ano a queda foi de cerca de 20%. “Os preços só não caíram mais porque a atuação de movimentos especulativos na formação de preços foi bastante acentuada. Desde o final do ano passado, os contratos não comerciais reagiram positivamente na esteira da escassez internacional e conseguiram sustentar o preço”, disse.
O economista espera que em 2014, o preço do milho no mercado doméstico, que caiu 12% em 2013, suba 5%.
Frango
A produção brasileira de frango deve crescer 2,3% este ano, voltada fundamentalmente para o mercado doméstico, de acordo com as estimativas do economista. No ano que vem, tendo em vista a queda de rentabilidade da atividade avícola no Brasil, o crescimento não deve ser maior que 2%.
Em relação aos preços, o internacional deve cair aproximadamente 7% com a produção avançando um pouco mais que o consumo em 2014. O preço de exportação deve cair para R$ 1,90 ou R$ 1,85. No ano que vem deverá ter alguma recuperação moderada.
Já a rentabilidade durante o período piorou no mercado interno. Mas não tanto quanto no mercado internacional, que teve uma queda mais acentuada.
O mercado de carne de frango, que teve um crescimento na faixa de 1,5% em 2014, deverá crescer 1,8% em 2015. 
Suínos
De acordo com Silveira, o cenário dos suínos é muito semelhante ao do frango. O crescimento de mercado global neste ano deve ser em torno de 1,1%. “Esse mercado foi beneficiado pela desaceleração do crescimento do consumo chinês, mas ainda assim não foi uma reação muito explosiva”, explica.
A rentabilidade ruim de 2014 tende a ser substituída por uma rentabilidade um pouco melhor no ano que vem. Em termos de preços, a evolução deve ser de 3%, devido a uma valorização do produto no mercado internacional por conta da demanda crescente na Rússia, já que o país deixou de ser abastecido pelos Estados Unidos.
Os preços dever ter uma evolução de 3% no ano que vem. Já o valor médio de exportação deve permanecer estável.  Em relação ao preço doméstico, que teve uma queda de média de 16% este ano, deverá haver uma evolução modesta no ano que vem.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Milho/noticia/2014/05/producao-de-milho-em-2015-deve-ser-menor-que-atual.html

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Brasil só terá saneamento completo em 2060, diz professor da FGV


A situação do saneamento básico brasileiro é caótica, e, se os investimentos continuarem no mesmo passo, pode permanecer por mais meio século. A projeção feita pela Go Associados foi apresentada no Fórum de Sustentabilidade na manhã desta segunda-feira (2).
"Se mantivermos os atuais patamares de investimento em saneamento, só conseguiremos universalidade do saneamento em 2060", afirma Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da Go Associados.
Em 2014, a projeção é que se invista R$ 10,7 bilhões em projetos de saneamento básico e abastecimento de água. No ano passado, foram investidos R$ 10,3 bilhões, o que significa menos de 0,2% do PIB.
Oliveira nota que não adianta aumentar apenas o investimento para reverter a situação atual, onde 48,7% do Brasil tem sistema de esgoto. "Caso dobrem o investimento, a universalidade do saneamento chega em 2031, antes de 2033, data fixada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico."
Segundo a projeção da Go Associados, é necessário aumentar a produtividade dos projetos de saneamento. Caso aumente em 30% a produtividade e mantenha os mesmos investimentos, por exemplo, o saneamento universal no Brasil chegaria em 2042. Oliveira observa que, se duplicarem os investimentos e a produtividade crescer 30%, em 2024, o Brasil estaria quase todo saneado.
"O Brasil ainda está muito atrasado no tratamento de água e o que acontece no saneamento básico é uma tragédia", diz Oliveira. De fato, das 100 maiores cidades brasileiras, 64 possuem menos de 80% de seu esgoto coletado, destas, 47 têm um índice menor do que 60%. Estados como Pará, Piauí e Rondônia, diz Oliveira, tem menos de 10% de seus municípios com esgoto coletado.
Se a coleta do esgoto é escassa, o tratamento é ainda mais raro. Dos 100 maiores municípios brasileiros, a Go Associados mostra que 78 não possuem seus esgotos tratados. Nenhuma cidade brasileira possui mais do que 95% do esgoto tratado.
Oliveira usa a Copa do Mundo como exemplo. "Das cidades-sede da Copa do Mundo, apenas Curitiba está na lista das dez cidades com melhores índices de saneamento." De acordo com dados do ranking Trata Brasil, Curitiba possui 95,5% do seu esgoto coletado e 87% do seu esgoto tratado; os números de São Paulo são, respectivamente, 96% e 50%. Em contraposição, Manaus, outra cidade-sede da Copa, coleta 26,8% de seu esgoto e trata 22,8%. 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2014/06/1463730-brasil-so-tera-saneamento-completo-em-2060-diz-professor-da-fgv.shtml

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Vendas caem 7,2% em Maio e acentuam o cenário pessimista do setor de veículos

3 junho de 2014 | 2h 02
Cleide Silva - O Estado de São Paulo

Descontos, taxa zero para financiamento, preço de funcionário e vale combustível, entre outras promoções oferecidas durante o mês pela maioria das fabricantes, não conseguiram animar o consumidor de veículos novos. Em maio, as vendas caíram 7,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado e praticamente empataram com as de abril, que teve um dia útil a menos.
Incluindo caminhões e ônibus, foram licenciados no mês passado 293,4 mil veículos, ante 293,2 mil em abril e 316,2 mil em maio de 2013. No acumulado do ano, a queda foi de 5,5%, contra 5% de retração até o primeiro quadrimestre. Nos cinco meses do ano, as vendas somaram 1,399 milhão de unidades.
Segundo dados preliminares do mercado, só o segmento de automóveis e comerciais leves caiu 7,5% no confronto com maio de 2013 e somou 278,4 mil unidades. Na comparação com abril, a queda foi de 0,6%. A média diária de vendas, contudo, teve retração de 5,3% em relação a abril e de 7,5% frente a um ano atrás.
Nesse segmento, as vendas totalizaram 1,334 milhão de unidades de janeiro a maio, queda de 5,1% no comparativo com igual período do ano passado. O reflexo na produção são os constantes anúncios de férias coletivas, lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e programas de demissão voluntária (PDV) por todas as grandes fabricantes.
Frágil
Para o economista da LCA Consultores, Rodrigo Nishida, o desempenho fragilizado do mercado de automóveis e comerciais leves deve-se a fatores conjunturais e estruturais. "Neste ano o preço dos veículos subiu, principalmente por causa da recomposição parcial do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), bem como da taxa de juros, por causa do ciclo de elevação da Selic."
Segundo Nishida, esses dois fatores, aliados à confiança do consumidor em patamares muito baixos, explicam parte da queda das vendas.
Outro motivo é estrutural, afirma o economista. "O mercado cresceu a taxas elevadas nos últimos anos, fazendo a penetração de veículos ser muito maior hoje do que era há dez anos e isso traz uma evidente diminuição do potencial de crescimento. Também contribuíram para a queda a grande antecipação de compras em 2012 e 2013.
Ajuste
O sócio-diretor da consultoria GO Associados, Fábio Silveira, vê este ano como de ajuste para a indústria automobilística. "Com crescimento baixo do PIB (Produto Interno Bruto), massa salarial em queda e crédito caro, o mercado deve encolher", afirma.
Por enquanto, Silveira não vê chances de uma virada nas vendas. "Até o primeiro semestre de 2015 o mercado continuará nessa pasmaceira", diz. "O que precisa é uma queda de juros e de impostos para abrir espaço para investimentos e capital de giro mais barato", completa.
Na quinta-feira, 5, a Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) vai divulgar o balanço de produção, exportações e emprego do setor e deve rever para baixo as projeções feitas no início do ano.
A indústria previa crescimento de 1,1% nas vendas em relação a 2013, quando somaram 3,76 milhões de veículos), de 1,4% na produção (que foi de 3,7 milhões de unidades) e 1,6% nas exportações (566 mil).
A vizinha Argentina, que em 2013 ajudou a indústria brasileira a ampliar as exportações em 26,5% e a produção em 10%, este ano também enfrenta crise e não dará a mesma contribuição.
Montadoras e governo estudam há mais de um mês para melhorar o comércio bilateral com os argentinos e um pacote para retomada do crédito no mercado brasileiro, mas, por enquanto, nada saiu do papel.
Mais vendidos
A Fiat segue como líder de vendas no País, com 21,1% de participação em maio. A Volkswagen recuperou o segundo lugar, com 18% dos negócios, mas muito próximo à General Motors, que voltou ao terceiro posto, com 17,6%. A Ford manteve-se em quarto lugar, com 8,8%, seguida por Renault, com 7,6%, e Hyundai, com 7,1%.
Entre os modelos mais vendidos, o Gol segue no topo da lista, com 15.187 unidades em maio, seguido por Palio (14.910), Strada (12.615), Onix hatch (11.696), Fiesta hatch (10.976) e Sandero (9.912). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.