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terça-feira, 29 de julho de 2014

O fantasma da recessão começa a rondar a economia brasileira

EL PAÍS
Havia tempo que a palavra recessão estava descartada do dicionário brasileiro. Mas, os últimos indicadores divulgados nesta semana, como a prévia da inflação acima da meta estabelecida pelo Banco Central, e uma redução dos ganhos salariais em grandes capitais, fizeram os economistas perderem a timidez para falar sobre o assunto. “Já estamos entrando em uma recessão, num ligeira recessão”, diz o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos interlocutores da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula.
“O desempenho da economia no segundo trimestre será negativo”, diz Belluzzo que prevê demissões nas empresas até o final do ano, o que pode promover um terceiro trimestre estagnado, portanto, dentro do que o mercado costuma chamar de “recessão técnica”, quando a economia não cresce por dois trimestres seguidos. No caso de três consecutivos, se configura a recessão clássica.
O setor industrial já vem registrando saldo negativo de emprego (mais demissões que contratações) há três meses. A construção civil também começou a contabilizar cortes de pessoal no mês de junho, segundo o último levantamento do Ministério do Trabalho
Ao todo, foram criadas 25.300 vagas, a menor geração de vagas formais registrado para o mês desde 1998, observa o Departamento de Estudos Econômicos do banco Bradesco.
Nesta quinta-feira, dia 24, a pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou, ainda, um recuo nos salários em quatro grandes capitais entre maio e junho: em Recife, por exemplo, houve queda de 1%, em Belo Horizonte, -2,2%, no Rio de Janeiro, -0,5%, e em São Paulo,-1,6%. 
Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria Tendências, diz que o cenário vai ficar bastante delicado a partir de agora. “Além de um PIB negativo no segundo trimestre, os dados dos primeiros três meses do ano podem ser revisados para baixo, o que já nos colocaria em recessão técnica”, afirma. Entre janeiro e março deste ano, o país cresceu 0,2%, mas se o dado for revisto para baixo, o desempenho será negativo.
Ribeiro lembra que os números ruins de junho levaram todas as consultorias a revisarem para baixo o crescimento do PIB do país neste ano. A Tendência, por exemplo, passou de 1,3% para 0,6%. O próprio Governo já havia reduzido sua expectativa, de 2,5% para 1,8%, conforme projeção do Ministério do Planejamento.
A inflação persistente, acima da meta de 6,5%, já pesa nos custos das empresas, que devem promover novas demissões. O Bradesco projeta um cenário de elevação gradual da taxa de desemprego ao longo do segundo semestre, com uma taxa média de desemprego de 5,2% neste ano e de 5,7% em 2015.
Os números revelam que o setor empresarial se mantém em compasso de espera, um quadro típico dos anos eleitorais. Quem tem investimentos a fazer, prefere esperar a troca de comando para definir sua estratégia de atuação.

Estagflação

A economia estagnada com inflação em alta cria um círculo vicioso que é o pesadelo de todo governante. Com preços mais altos, o consumidor adia a compra. Sem vender, os empresários adiam seus planos de investir. Sem investimento, não há incentivo para novas contratações. E diante dessa perspectiva, o trabalhador fica mais cauteloso, portanto, menos animado para se endividar.
Na terça-feira, dia 22, o IBGE divulgou a prévia da inflação de julho que se mantém nos 6,51% em 12 meses, embora apontando para uma desaceleração.
Para aumentar o labirinto, a inflação alta faz o Banco Central manter os juros altos, o que encarece o custo do dinheiro para o empresário e o consumidor. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, o BC assegurou que manterá a taxa básica de juros em 11%, admitindo uma inflação persistente neste ano e no ano que vem, maior inclusive do que havia sido projetada no mês passado.
A margem de manobra para virar esse jogo, no curto e médio prazo, é mínima e o quadro de estagnação com inflação, ou estagflação se torna inexorável. “Esse quadro de estagflação pode durar por seis meses. Mesmo com a entrada de um novo presidente”, diz Fabio Silveira, da GO Associados, que não dá tanta importância ao eventual status de recessão. “É só um nome. O fato é que a economia está parada”, completa.
Se houver alguma injeção de ânimo importante, os resultados econômicos mais positivos só vão aparecer em 2016, calcula Silveira, que prevê uma expansão de apenas 0,5% para o PIB deste ano. Mas para isso, é preciso oferecer um farto leque de opções para o crescimento do setor produtivo, que garanta o aumento da oferta e das exportações, que perderam o vigor de outrora com o fim do ciclo de valorização das commodities. Leia-se facilidades para investir, redução de burocracias, e apoio na busca de novos mercados para exportar. Medidas que são colocadas de pé apenas no longo prazo.

GO Associados prevê déficit externo maior no 2º semestre

Sex, 25/07/2014 às 15:00
Gustavo Porto
O diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avaliou que, apesar da estabilidade no acumulado de 12 meses em pouco acima de US$ 81 bilhões, o déficit em transações correntes deve crescer no segundo semestre e ir para US$ 85 bilhões. A causa, segundo ele, será a reversão da balança comercial brasileira, que ainda tem um superávit, para um déficit de US$ 3 bilhões ao final de 2014.
A GO Associados estima que o desempenho negativo da balança comercial será fruto de uma queda de 1,7% nas exportações anuais, para US$ 238 bilhões, e uma alta de 0,6% nas importações ante 2013, para US$ 241 bilhões. A queda na receita com as vendas externas será por causa do recuo nos preços agrícolas, principalmente de soja, além do baixo dinamismo na economia global. A leve alta nas importações será fruto, segundo a consultoria, do varejo brasileiro ainda aquecido, com alta estimada entre 2013 e 2014 de 3,2% nas vendas.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Apesar de preços em queda, safra deverá crescer

Especialistas avaliam que maior volume na produção pode segurar a inflação de alimentos e garantir a rentabilidade do produtor

ESTADÃO - ECONOMIA
Márcia de Chiara

Mesmo com a forte retração dos preços de soja, milho e algodão registrada nas últimas semanas, a próxima safra brasileira de grãos, que será plantada em setembro e colhida em março do ano que vem, deve crescer e atingir 198,5 milhões de toneladas, segundo projeções da consultoria GO Associados. Esse maior volume de produção pode segurar a inflação de alimentos e garantir rentabilidade ao agricultor, apesar do cenário adverso neste momento, prevê o diretor de pesquisa da consultoria, Fabio Silveira.

Com semente, fertilizante e defensivos em casa, comprados quando os preços das commodities estavam em alta e mais favoráveis ao bolso do produtor, a expectativa é que a área plantada de soja cresça cerca de 3%, atingindo 31 milhões de hectares na safra 2014/2015, de acordo com a previsão da consultoria Informa Economics FNP. No caso do algodão, a expectativa é de avanço de 11,6%, para 1,250 milhão de hectares. Para o milho e feijão, porém, o cenário é de retração e, para o arroz, de manutenção da área, segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas.

Em meados deste mês, o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sinalizou uma safra americana recorde de soja, de 103 milhões de toneladas, e um maior volume de estoques mundiais de grãos. Isso foi uma ducha de água fria nos preços das commodities, que já vinham com tendência de baixa por causa do corte de estímulos monetários feito pelo BC americano. Nos últimos 30 dias, a cotação da soja caiu 7,45%; do milho, 6,88%; e do algodão, 4,94%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.

"Os produtores estão apreensivos, mas não vão reduzir a área com soja", diz Antonio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano, que reúne 6,2 mil agricultores. Ele acredita que o que pode ocorrer em resposta ao preço baixo é a não abertura de novas áreas para a produção do grão.

Essa também é a avaliação de Ricardo Tomczyk, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso, o principal Estado produtor do grão no País. "Deve diminuir a abertura de novas áreas.". Em Mato Grosso, por exemplo, é esperada expansão de 5% da área plantada, mesmo com o preço mais baixo.

Em Maringá, noroeste do Paraná, outra importante região produtora, a expectativa é de manutenção da área de 650 mil hectares com soja, segundo o vice-presidente da Cocamar, José Cícero Aderaldo. Ele diz que os insumos foram comprados em junho, quando a relação de troca era mais favorável.

Essa antecipação de compra aparece na entrega de fertilizante, que cresceu 6,9% no primeiro semestre ante igual período de 2013, segundo David Roquetti, presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos.

Bombril. Silveira, da GO Associados, compara a agricultura ao Bombril, marca de palha de aço com "mil e uma utilidades", numa referência aos impactos positivos da safra. "A produção agrícola da safra 2014/2015 deve segurar a inflação e também ampliar a renda do produtor." O economista argumenta que se trata de contribuição "rara", porque normalmente quando o preço cai, a produção é afetada. Mas, nesse caso, como os agricultores já tinham comprado os insumos com uma relação de troca favorável, a tendência é de manutenção ou acréscimo de área e o aumento de volume deve compensar a queda no preço.

Outro fator que pode jogar a favor dos produtores é o câmbio. Silveira lembra que na época da venda da safra, em março de 2015, a expectativa é de uma taxa de câmbio mais alta, com dólar a R$ 2,40. Isso significa que o produtor pode obter mais reais pela soja, cotada em dólar no mercado internacional.

'ESTOU COM OS DOIS PÉS NO FREIO', DIZ AGRICULTOR

Jorge Pedro Frare, produtor do Paraná, não tem planos de investir em máquinas e equipamentos

A reviravolta nos preços internacionais dos grãos registrada nas últimas semanas fez o produtor paranaense Jorge Pedro Frare, de 63 anos, que planta soja e milho em 100 hectares no município de Doutor Camargo, a 30 quilômetros de Maringá, redobrar a cautela e ficar apreensivo. "A gente está com os dois pés no freio", disse ele. Em julho de 2013, a saca de soja estava cotada na sua região a R$ 67 e, na semana passada, custava R$ 55. No caso do milho, o valor do produto encolheu 36% em um ano: de R$ 28 para R$ 18 a saca do grão.

Colocar o pé no freio para o agricultor significa não fazer investimentos em máquinas e equipamentos. "Não tenho coragem de comprar uma máquina. É melhor ficar com um trator mais simples do que comprar um mais moderno e ter dificuldade para pagar", avalia. Hoje, ele tem três tratores, dois caminhões e duas colhedoras.

Frangos. No ano passado, o produtor desembolsou R$ 100 mil à vista para trocar o caminhão velho por um mais novo e comprar vários implementos. Agora, a tática será diferente: "Se a gente puder, como se diz na roça, vender uns frangos, ir pagando as contas e segurar parte da safra para vendê-la com preço mais alto, será melhor".

Frare está começando a colher a safrinha de milho, que foi excelente por causa do clima favorável. Ele calcula que vai conseguir mais de 100 sacas por hectare. Depois do milho, a intenção é semear os 100 hectares com soja em fins de setembro. A área não será reduzida, apesar do preço menor, porque os insumos (fertilizante, semente e defensivo) estão comprados. "Os gastos com tecnologia serão mantidos."

O agricultor sabe que o melhor remédio para compensar preço baixo é ampliar o volume produzido e, para isso, não pode economizar em fertilizante e defensivo. "No caso do milho, o preço de R$ 18 a saca só cobre o custo de produção porque a safra está boa", observa.

O produtor sabe que a queda do preço das duas commodities que ele planta, milho e soja, está atrelada à safra recorde esperada para os Estados Unidos, segundo apontou o último relatório do Departamento de Agricultura daquele país. Apesar disso, Frare acredita que muitos fatores estão em jogo até que realmente essa previsão se concretize, e aponta o clima como fator decisivo para a boa colheita americana. Até setembro, quando ocorre a colheita nos EUA, tem muita coisa apara acontecer, pondera o produtor.

Ele compara o momento atual para a safra americana com o resultado da Copa do Mundo. "No começo da Copa, o Brasil era tido como campeão e acabou não sendo. Tem ainda muita coisa pela frente." Antecipação. Outra estratégia usada pelo agricultor para atenuar a queda na rentabilidade por causa dos preços menores é não antecipar a venda do produto. "No ano passado, vendi 30% da safra de soja antecipadamente", lembra ele. Já neste ano, por causa do preço menor, Frare decidiu esperar, na expectativa de que alguma alta de preço ocorra por causa do clima ou da desvalorização do real em relação ao dólar.

No caso do milho, o produtor também optou por segurar o produto. "Não vendi nada antecipadamente." A intenção é ir comercializando o grão aos poucos para quitar a fatura dos insumos, que segundo ele, está muito alta hoje.

Capitalizados por causa dos bons resultados das últimas safras, Frare e outros produtores preferem manter estoques. "Acho melhor ter uma safra em estoque do que ter uma safra de dívida porque a dívida pode virar uma bola de neve."/ M.C.











PIB deve crescer menos que 1%, aponta FOCUS

AABC - Associação Brasileira de Bancos

O mercado reduziu pela oitava semana consecutiva a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014, que caiu pela primeira vez abaixo de 1%, segundo o boletim Focus, relatório semanal do Banco Central que reúne as projeções de agentes do mercado para os principais indicadores da economia, divulgado ontem. A mediana das expectativas para o crescimento da economia em 2014 foi para 0,97% ante 1,05% na semana passada e 1,16% há um mês. Uma economia doméstica enfraquecida, ao lado de um cenário externo que já não ajudava e de um cenário eleitoral ainda por se definir estão entre as razões apontadas por analistas para uma trajetória descendente das expectativas.
 
"Toda semana tem alguma coisa que traz as expectativas para baixo, o que acaba contaminando as projeções", disse Leonardo França Costa, economista da Rosenberg & Associados. Na semana passada, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou para uma geração de vagas 57% menor em junho deste ano que em junho do ano passado, enquanto o IBC-Br, índice de atividade do BC, apontou queda de 0,18% na passagem de abril para maio.
 
Para Fábio Silveira, economista da GO Associados, pesa o fato de que o mercado doméstico, que até pouco tempo vinha servindo de apoio para segurar a economia começa aos poucos a perder forças. "A saída para o Brasil é melhorar seu desempenho externo, porque se tivermos apenas o mercado interno como base, vamos dar com os burros n"água", disse. "Os juros estão altos, o varejo perde fôlego, a indústria a cada mês afunda mais e há a perspectiva de que o desemprego aumente em breve. E isso só no plano doméstico", completou, lembrando que o comércio internacional continua abatido e, nos últimos meses, vêm caindo os preços de commodities importantes para o Brasil, caso da soja, café e milho.
 
Nem uma economia cada vez mais fraca, no entanto, parece ajudar a descomprimir a inflação: as projeções do Focus para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que vinham subindo, foram revisadas para baixo nesta semana, a uma mediana de 6,44% ante 6,48% no relatório anterior. Ainda assim, as projeções para o indicador seguem sólidas nos patamares bem próximos do teto da meta, de 6,5%, apesar não só do PIB mais fraco, mas também do dólar revisto para baixo e de outros índices de inflação, como o IGP-M e o IGP-DI, estarem em desaceleração. Os IGPs, que incluem custos de produção, estão sendo revisados para baixo no relatório do BC há 11 semanas, enquanto a expectativa para a cotação do dólar no fim de 2014 saiu de R$ 2,39 para R$ 2,35 na última semana. Atualmente, está em torno de R$ 2,20.
 
As expectativas para o IPCA no ano vão depender do desempenho do índice nos próximos meses. "Se no resultado de julho ele vier mais fraco do que o mercado espera, então é provável que o IPCA do ano possa, sim, ser um pouco menor", diz Costa, da Rosenberg. "Quanto ao dólar, o que deve segurar uma alta maior é mesmo a política de swap cambial do BC", disse, referindo-se às vendas de dólares que o banco vem promovendo diariamente no mercado.
 
Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, acrescenta que a condução da economia pode ser tão diferente a depender de qual presidente seja eleito, que a indefinição deste cenário acaba deixando as principais projeções "oscilantes" e em compasso de espera. "A confiança, principalmente da indústria, continua desabando, e isso pega na atividade, sim. É aí que entra a importância das eleições em outubro, que estão ficando mais incertas", disse.
 
Para o câmbio, por exemplo, a previsão da Tendências para 2014 é de R$ 2,45, caso Dilma Rousseff seja reeleita. Caso contrário, a previsão muda para R$ 2,10. A mesma lógica se repete no caso das projeções referentes à inflação dos preços administrados, que aparecem estáveis em 5% nas estimativas do Focus. Para 2015, essa projeção vem oscilando ao longo das semanas entre os 7% e os 6,5%, mas muito pouco colabora para a expectativa de um IPCA mais fraco.
 
"Se, no próximo ano, a presidente for a Dilma, podemos esperar um reajuste mais baixo, com mais aportes do Tesouro para segurar. Com Aécio [Neves] ou [Eduardo] Campos, já vemos um discurso de volta ao tripé econômico, o que pode levar a mudanças relevantes na política macroeconômica."
 
Fonte: Valor Econômica / Juliana Elias - 22.07.14
 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Jogos da Copa derrubam vendas em São Paulo, diz associação comercial

O fechamento das lojas durante horários de jogos do Brasil derrubou as vendas na capital paulista. A queda foi de 12,55% na comparação da primeira quinzena de julho ante igual período em junho deste ano.

A redução ocorreu nas vendas no crediário e à vista, segundo os dados da Associação Comercial de São Paulo. Na comparação da primeira quinzena de julho de 2014 com a de junho de 2013, a diminuição foi de 6%.

"Os consumidores deixaram de comprar sobretudo no crédito. Exemplo disso é que as vendas de TVs para a Copa ficaram abaixo da expectativa. Saldões e promoções já acontecem para aliviar os estoques", diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.

Dois fatores que também tiveram impacto nas vendas, diz ele, são ainda as férias de julho e o feriado do dia 9.

Nas vendas a prazo, as lojas registraram queda de 7,2% na comparação anual (primeira quinzena de julho de 2014 x a primeira de 2013).
"Nem no cheque, que é considerado um indicador de vendas à vista, os consumidores se animaram a comprar itens como roupas e calçados, geralmente pagos dessa forma", diz Solimeo.

As vendas à vista caíram 17,3% na comparação quinzenal de julho e junho deste ano e 4,9% no período da primeira quinzena de julho deste ano com igual quinzena do do ano passado.

Rogério Amato, presidente da associação comercial, prevê que as vendas se recuperem na segunda quinzena deste mês com a volta da capital "à rotina".
Entidades do setor e consultorias refizeram as projeções de crescimento para o varejo neste ano.

Segundo Fábio Silveira, diretor da GO Associados, o comércio deve crescer 3,2% no ano ante 4,3% em 2013.

Os principais motivos que explicam essa desaceleração, são os juros mais elevados e a menor oferta de crédito ao consumidor. 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/07/1487132-jogos-da-copa-derrubam-vendas-em-sao-paulo-diz-associacao-comercial.shtml

Importação de petróleo do Iraque avança 108% no ano

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
11/07/2014 às 05h00
O Brasil aumentou em 108% a compra de petróleo bruto do Iraque neste ano, apesar de o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) não ter registrado qualquer importação do óleo cru do país em junho.
Mesmo com a guerra civil em andamento no Iraque, a Petrobras afirmou ao Valor que o comércio está regular e que os negócios não foram afetados até o momento pela instabilidade política. Analistas, por outro lado, acreditam que o percentual de crescimento das importações pode aumentar, já que é comum na balança de petróleo e derivados meses "zerados". Quando isso ocorre, os embarques do período geralmente aparecem no mês seguinte.
No primeiro semestre do ano, o Iraque foi o terceiro maior vendedor de petróleo ao Brasil mesmo com o ataque de rebeldes, no início do mês passado, à refinaria de Baiji, maior complexo petrolífero do país. No primeiro semestre do ano passado, o Iraque era o quinto maior fornecedor do Brasil. A Petrobras disse que não realizou importação em junho por uma decisão de mercado e que não houve necessidade de comprar petróleo iraquiano no último mês.
O esgarçamento das instituições políticas do Iraque, que hoje está dividido em três forças (sunitas, xiitas e curdos), por outro lado, deve fazer com que as exportações brasileiras ao Iraque sejam afetadas no médio prazo, segundo os mesmos analistas. As vendas totais cresceram 2,3% em junho, para US$ 24,5 milhões, ante o mesmo mês do ano passado. No ano, as exportações brasileiras ao país árabe somaram US$ 113 milhões, puxadas por ferro, aço e carnes.
De acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os conflitos no Iraque podem fechar um mercado importante no Oriente Médio. "A situação política e econômica do país está dificultando negócios na região e se agravando. A tendência é que, com a economia atingida, haja menos fôlego para importações em um mercado para o qual o Brasil exporta muita carne", diz.
As importações brasileiras do Iraque cresceram em um ritmo maior do que as exportações. No acumulado do ano até junho, ante o mesmo período de 2013, a importação brasileira dos iraquianos chegou a US$ 484 milhões, valor gasto exclusivamente em petróleo. Segundo Castro, o óleo cru, por ser uma commodity, é usado para influenciar a corrente de comércio. Para ampliar a entrada de alimentos e outros produtos brasileiros no mercado iraquiano, o país aumentou a compra do óleo iraquiano. "É normal usar o petróleo para isso, já que a importação dele é necessária independentemente de qual seja o país fornecedor", diz.
Mesmo no caso de uma redução da produção petrolífera iraquiana, a oferta no mercado mundial está alta, o que impede a instabilidade do governo local de afetar o suprimento da demanda brasileira. Nos dados abertos de junho do Mdic, o Brasil comprou mais petróleo cru da Nigéria e Arábia Saudita, tanto em relação a junho do ano passado quanto na comparação com maio deste ano. A cada quatro dólares gastos em petróleo pelo Brasil no último mês, quatro foram para as mãos de nigerianos e sauditas. Os dois países são os maiores fornecedores do país em 2014.
Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados, acredita que o Brasil está procurando outros mercados para se abastecer. Ele pondera que até maio, último mês com dados disponibilizados pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), não houve recuo na produção petrolífera do Iraque, que ficou em 3,3 milhões de barris diários de petróleo. "Em junho, deve começar a aparecer algum recuo. Os conflitos se intensificaram no fim de maio e só depois começaram a afetar as refinarias", diz.
A maneira como é realizada a contabilização da balança de petróleo e derivados explica a ausência de importações de petróleo do Iraque em junho, na visão de Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Asssociados. "As vezes, há prorrogação nos embarques, e entra tudo no mês seguinte, diferentemente do que ocorre com os outros produtos da balança comercial. É preciso esperar ainda alguns meses para saber se a situação política no Iraque vai influenciar a importação", diz.
O consultor acredita que a elevação da cotação do petróleo no mercado internacional não sofrerá grandes variações. O impacto maior deve acontecer no preço dos fretes do petróleo naquela região, que ficam mais caros por causa dos riscos causados pela instabilidade.


Leia mais em:
http://www1.valor.com.br/brasil/3610596/importacao-de-petroleo-do-iraque-avanca-108-no-ano#ixzz37jjHewpL

terça-feira, 15 de julho de 2014

PIB deve crescer menos de 1% em 2014

MÁRCIA DE CHIARA - O ESTADO DE S.PAULO
12 Julho 2014 | 02h 04
A economia brasileira deve crescer menos de 1% este ano. Se as projeções se confirmarem será a menor taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB)desde 2009, quando a economia teve retração de 0,3% por causa da crise financeira internacional.
Ontem, o Departamento Econômico do Itaú Unibanco reduziu de 1% para 0,7% a projeção de avanço do PIB para este ano. A consultoria GO Associados também revisou de 1,5% para 0,5% a estimativa de crescimento do PIB. O Departamento Econômico do Bradesco vai anunciar na próxima semana a nova estimativa de crescimento, em torno de 1% para este ano, ante projeção 1,5%. Faz um mês que a consultoria MB Associados considera um crescimento de 0,9% para 2014.
Com o número crescente de revisões do PIB, provavelmente a mediana das projeções do mercado captada pelo Boletim Focus do BC, que será divulgada na segunda-feira, deve ficar abaixo de 1%. Nesta semana, a mediana das projeções de alta do PIB estava em 1,07%.
Fábio Silveira, diretor de pesquisas da consultoria GO Associados, reduziu ontem de 1,5% para 0,5% a projeção de crescimento do PIB para este ano, fundamentalmente por causa da fraco desempenho da indústria. "A indústria teve um 2º trimestre muito ruim", diz ele, que prevê retração de 0,7% na produção industrial de 2014.
"Revisamos tudo", afirma Caio Megale, economista do Itaú Unibanco. O corte na projeção do ano ocorreu porque houve revisões para baixo nas estimativas trimestrais do PIB. O crescimento do 2º trimestre, inicialmente projetado em 0,2% na comparação com o trimestre anterior, virou uma queda de 0,2% e, agora, retração de 0,3%. "Essa foi a primeira mudança, pois vimos fundamentalmente uma queda na produção industrial. Para junho projetamos recuo de 2,5% na indústria."
Estoques. O economista explica que parte da retração se deve ao menor número de dias úteis na indústria por causa da Copa. Outra parte decorre dos fundamentos econômicos, que sinalizam uma atividade mais fraca, com juros em alta, estoques elevados na indústria e no comércio e confiança em baixa. "Tudo isso afeta o nível de produção."
Na análise de Megale, o segundo semestre começa mais fraco do que o inicialmente previsto. Para o 3º e o 4º trimestre, o Itaú Unibanco cortou a projeção de crescimento que era de 0,5% e 0,4%, respectivamente, para 0,3% para os dois trimestres.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que a forte queda na atividade nos últimos meses não deve se repetir no segundo semestre. De toda forma, ele projeta crescimento de 0,9% para o PIB do ano.

Defasagem da gasolina cresce em junho e vai a 17%



Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo


A defasagem entre o preço externo do litro da gasolina e o preço praticado nas refinarias da Petrobras subiu quatro pontos percentuais e chegou a 17% em junho. O aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional no último mês, influenciado pela guerra civil em marcha no Iraque, é o principal responsável pela distância maior entre os preços internos e externos dos combustíveis derivados de petróleo, de acordo com cálculos feitos pela consultoria GO Associados.
Em maio, o levantamento feito pela consultoria apontou defasagem de 13% no preço da gasolina. O resultado de junho ficou acima do esperado pela consultoria. No fim de junho, a expectativa era que a diferença ficasse ao redor de 15% para o sexto mês do ano.
O preço de realização interna dos combustíveis é calculado com base nos preços praticados nas refinarias do Golfo do México, que abastecem o mercado da região e do Estados Unidos.
Com o aumento da defasagem em junho, a Petrobras pagou R$ 0,29 a mais no litro da gasolina do que o preço de revenda no mercado interno. Mesmo com a desvalorização da moeda americana, que passou de média de R$ 2,22, em maio, para média de R$ 2,24 em junho, o barril do petróleo do tipo WTI aumentou de US$ 102 para US$ 105. No mês passado, a estatal comprou o litro de gasolina a R$ 1,69, de acordo com a consultoria.
Também em junho, a defasagem do litro do óleo diesel teve leve crescimento e ficou em 6%. No mês anterior, a diferença negativa para a Petrobras era de 5%.
O litro do óleo diesel, muito utilizado no transporte rodoviário de carga no país, e que também sofreu a influência do aumento do preço do barril de petróleo acima da desvalorização cambial entre os meses de maio e junho, ficou em R$ 1,62 no mercado interno. A realização do litro do combustível no Golfo do México, feita a conversão, foi de R$ 1,72.


sábado, 12 de julho de 2014

Setor cresceu 140% em dez anos

Entre 2007 e 2013, Brasil passou de 10º para o 6º maior mercado de remédios do mundo
Andréa Rocha


Incremento médio do setor farmacêutico brasileiro foi de 8,5% ao ano na última década, diz pesquisa/Alisson J. Silva
Apesar dos indicadores de desaceleração da economia brasileira, com previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1% neste ano, para alguns setores o momento é de boas oportunidades. Estudo realizado pela GO Associados apurou um desempenho significativo do setor farmacêutico, com crescimento de quase 140% nos últimos dez anos, ou incremento médio de 8,5% ao ano. A previsão é de expansão em médio prazo, sobretudo em virtude do aumento do número de idosos no Brasil e da venda de genéricos, com preço menor.

Minas Gerais, que tem uma política de desenvolvimento focada na chamada "economia do conhecimento", e em 2011 contava com 107 estabelecimentos na fabricação de produtos farmacêuticos, pode ser beneficiada por esse mercado em expansão.  a terceira maior participação nesse segmento no país, com 11,1%.

Segundo a economista da GO Associados Mariana Orsini, entre 2007 e 2013, o Brasil passou de décimo para o sexto maior mercado farmacêutico do mundo. E a estimativa é de que, em 2017, o país alcance a quarta colocação, ficando atrás somente dos Estados Unidos, China e Japão. Somente em 2013 o mercado farmacêutico brasileiro faturou o equivalente a R$ 58 bilhões com a venda de medicamentos. Em 2003, o faturamento foi de R$ 14,8 bilhões.

"Observando os indicadores econômicos, podemos perceber que a renda e o trabalho formal no Brasil não devem crescer mais na mesma velocidade dos últimos anos", considera Mariana, lembrando que até então essa condição gerou reflexos positivos para o setor farmacêutico, incluindo a ampliação de acesso aos planos de saúde. "O usuário do plano de saúde vai ao médico com mais freqüência, favorecendo o consumo de medicamentos", explica.

Pesquisa do IBGE mostrou que o número de pessoas ocupadas nas regiões metropolitanas do país cresceu em média 3,4% ao ano no período entre 2003 e 2013, quando foi apurada elevação do rendimento médio de 1,8% ao ano. No mesmo período, a adesão aos planos de saúde aumentou 5% ao ano.
Idosos - Apesar da previsão de redução de emprego formal e renda, Mariana observa que outros fatores podem garantir incremento do setor farmacêutico. Entre eles está o aumento do número de idosos no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2003 e 2013 a população com mais de 60 anos cresceu em média 3,7% ao ano. "E deve continuar crescendo em torno de 4% nos próximos dez anos", indica.

Caso as projeções se confirmem, em 2020 esse público responderá por 14% da população brasileira. No ano passado, a participação já era de 11%. Estudo do Bank of America Merrill Lynch confirma a importância desse segmento para o mercado farmacêutico: os idosos com mais de 65 anos usam mais de 55% de sua renda com despesas de saúde e chegam a consumir 50% dos medicamentos vendidos.


Genéricos - A abertura do Brasil aos genéricos, a partir de 1999, também impulsionou o mercado farmacêutico nos últimos anos, podendo compensar eventual desaceleração na venda de medicamentos e produtos de higiene e beleza, em virtude do menor crescimento de emprego e renda.

"Com o aumento da concorrência, os preços ficaram mais baixos, gerando um efeito positivo na demanda", indica, chamando atenção para a chegada das classes C e D ao mercado consumidor. Esses produtos custam cerca de 45% a menos que os da marca de referência, chegando a atingir 27% das unidades vendidas no país e 24% do valor comercializado. Em 2003 essas participações eram de apenas 8% e 6%, respectivamente.

Link: http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=setor_cresceu_140_em_dez_anos&id=137862

A Responsabilidade Regional da 


Diplomacia Brasileira



Por Regis Arslanian

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Brasil possui a maior economia, a maior população e seu território faz fronteira com dez dos doze países da América do Sul. Sua situação geográfica lhe impõe uma responsabilidade e um engajamento regional diante da globalização. Os manuais do Itamaraty nunca preconizaram nossa liderança no continente, uma vez que ela não se impõe. Ela é exercida como consequência natural da dimensão física e do peso econômico do país.
A capacidade de influenciar é importante para que o Brasil possa conformar um continente politicamente estável, economicamente próspero e socialmente mais justo e pacífico. Será inviável almejar um Brasil desenvolvido em meio a uma vizinhança em penúria. Para a diplomacia brasileira, a integração é o único caminho para lograr o desenvolvimento regional, que proporcione bem-estar e prosperidade aos povos sul-americanos. É impossível conceber o convívio entre países de um mesmo continente, fazendo uso de seus recursos naturais e geográficos, construindo suas infraestruturas viárias, hidroviárias e energéticas, de forma autônoma ou isolada.
Para impulsionar esse esforço de integração, o grande desafio da diplomacia é compreender e respeitar a diversidade política e econômica do continente, ainda que, nem sempre, concordemos com essas diferenças. Esta tem sido para a política externa do Brasil condição inerente à nossa capacidade de influenciar. Esta é provavelmente a missão mais árdua e complexa que o Brasil tem para assegurar uma convivência harmoniosa e preponderante com seus vizinhos.
Os manuais do Itamaraty nunca preconizaram nossa liderança no continente, uma vez que ela não se impõe. Ela é exercida como consequência natural da dimensão física e do peso econômico do país
O Brasil nem sempre tem conseguido aglutinar as políticas dos países vizinhos. Dentre outros fatores, a crise financeira de 2008, que parecia de início uma mera turbulência de efeitos passageiros, acabou, nesses últimos anos, absorvendo boa parte das energias e dos recursos para fins internos do país, em detrimento de uma política externa mais atuante e protagonica, capaz de melhor lidar com as carências e os reveses sofridos por alguns dos importantes países vizinhos.
Não é por acaso que o Brasil mostrou-se, nos últimos anos, pouco atuante perante as adversidades enfrentadas no continente. São exemplos mais recentes a suspensão do Paraguai das deliberações do Mercosul; a crise política e econômica na Venezuela; as barreiras comerciais e a crise cambial da Argentina; e o episódio da fuga ao Brasil do asilado Senador boliviano Roger Molina.
Recentemente, porém, demos uma guinada na nossa atuação diplomática, ao buscar impulsar os países vizinhos em um esforço de maior integração comercial à economia global e suas cadeias de produção diante da inexorável dinâmica nas relações internacionais em termos de produtividade e competividade.
O comércio é, de fato, o maior fator de aglutinação econômica, social e cultural na relação entre países. Constitui a pedra angular de um projeto real de integração. O grande exemplo da História recente é a criação, em 1951, da União Europeia, através da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço – CECA.
O grande desafio da diplomacia é compreender e respeitar a diversidade política e econômica do continente, ainda que, nem sempre, concordemos com essas diferenças
A retomada do processo negociador de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia é exemplo dessa guinada. Predomina a convicção de que um acordo de comércio que estabeleça a maior área de livre comércio do mundo conferirá maior estatura e projeção ao Mercosul e aos desígnios do Brasil para a integração na América do Sul. A determinação do Brasil em levar adiante o processo negociador nos levou, pela primeira vez no Mercosul, a ameaçar com uma negociação em ritmos de liberalização diferenciados, caso a Argentina continuasse recorrendo a justificativas dilatórias.
09Além disso, diante da defasagem competitiva que vive a economia produtiva do Brasil, prevaleceu a percepção, inspirada sobretudo pelos meios empresariais, de que a negociação de acordos comerciais deveria ser mais abrangente, focada em uma dimensão estratégica para o comércio, que permita um maior engajamento nas cadeias de produção global, mediante o resgate da competividade de nossos produtos, em particular dos manufaturados, no mercado internacional.
Acredito que deveríamos, nesse sentido, fomentar uma negociação de espectro mais amplo e não nos ater ao modelo clássico de acesso a mercados. Ao fazermos no Mercosul concessões no âmbito regulatório, estaremos amoldando e integrando nossas economias e práticas de mercado a padrões normativos e regulatórios comuns, abrindo espaço para a maior inserção conjunta da América do Sul na produção industrial e no desenvolvimento tecnológico mundial.
O objetivo do Brasil é fortalecer o Mercosul como projeto de integração para, no futuro, expandi-lo regionalmente, não como um empreendimento apenas do Cone Sul, mas como instrumento de união da América do Sul. A UNASUL constituiu-se como foro de diálogo político na América do Sul pela dificuldade circunstancial, nos anos 90, de se promover a expansão comercial regional através do Mercosul. A verdadeira integração da América do Sul só será possível quando se puder concretizar uma união aduaneira em toda a região. E essa responsabilidade recai, sobretudo, no Brasil.
Regis Arslanian -
Regis Arslanian - Embaixador do Brasil
Advogado, com pós-graduação em Diplomacia, pelo Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Durante 36 anos, foi diplomata de carreira e esteve designado nas Embaixadas do Brasil na Alemanha, Venezuela e na Missão do Brasil junto à ONU em Nova Iorque. Foi Chefe de Missão Adjunto na Embaixada do Brasil em Washington DC, EUA e, até 2012, foi Embaixador do Brasil junto ao MERCOSUL e à ALADI, em Montevidéu, Uruguai. Em Brasília, no Itamaraty, foi Chefe da Divisão de Política Comercial (responsável pelo GATT, OMC e OMPI) durante as rodadas multilaterais Uruguai e Doha. Foi Chefe Negociador Comercial do Brasil nas negociações do Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA), dos Acordos de Livre Comércio do MERCOSUL com União Europeia; SACU (Mercado Comum do Sul da África); Conselho de Cooperação do Golfo; Índia; e Israel. É Sócio Sênior da GO Associados. Membro dos Conselhos COINTER da CNI, do COSCEX da FIESP, da ABINEE e da AEB. É Advisor da VALE S.A.
Link:http://www.revista-uno.com/numero-17/a-responsabilidade-regional-da-diplomacia-brasileira/ 

PIB crescerá menos que 1%, apontam previsões


economia brasileira deve crescer menos de 1% este ano. Se as projeções se confirmarem será a menor taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB)desde 2009, quando a economia teve retração de 0,3% por causa da crise financeira internacional.
Ontem, o Departamento Econômico do Itaú Unibanco reduziu de 1% para 0,7% a projeção de avanço do PIB para este ano. A consultoria GO Associados também revisou de 1,5% para 0,5% a estimativa de crescimento do PIB. O Departamento Econômico do Bradesco vai anunciar na próxima semana a nova estimativa de crescimento, em torno de 1% para este ano, ante projeção 1,5%. Faz um mês que a consultoria MB Associados considera um crescimento de 0,9% para 2014.
Com o número crescente de revisões do PIB, provavelmente a mediana das projeções do mercado captada pelo Boletim Focus do BC, que será divulgada na segunda-feira, deve ficar abaixo de 1%. Nesta semana, a mediana das projeções de alta do PIB estava em 1,07%.
Fábio Silveira, diretor de pesquisas da consultoria GO Associados, reduziu ontem de 1,5% para 0,5% a projeção de crescimento do PIB para este ano, fundamentalmente por causa da fraco desempenho da indústria. "A indústria teve um 2º trimestre muito ruim", diz ele, que prevê retração de 0,7% na produção industrial de 2014.
"Revisamos tudo", afirma Caio Megale, economista do Itaú Unibanco. O corte na projeção do ano ocorreu porque houve revisões para baixo nas estimativas trimestrais do PIB. O crescimento do 2º trimestre, inicialmente projetado em 0,2% na comparação com o trimestre anterior, virou uma queda de 0,2% e, agora, retração de 0,3%. "Essa foi a primeira mudança, pois vimos fundamentalmente uma queda na produção industrial. Para junho projetamos recuo de 2,5% na indústria."
Estoques
O economista explica que parte da retração se deve ao menor número de dias úteis na indústria por causa da Copa. Outra parte decorre dos fundamentos econômicos, que sinalizam uma atividade mais fraca, com juros em alta, estoques elevados na indústria e no comércio e confiança em baixa. "Tudo isso afeta o nível de produção."
Na análise de Megale, o segundo semestre começa mais fraco do que o inicialmente previsto. Para o 3º e o 4º trimestre, o Itaú Unibanco cortou a projeção de crescimento que era de 0,5% e 0,4%, respectivamente, para 0,3% para os dois trimestres.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que a forte queda na atividade nos últimos meses não deve se repetir no segundo semestre. De toda forma, ele projeta crescimento de 0,9% para o PIB do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Link:http://www.dgabc.com.br/Noticia/719581/pib-crescera-menos-que-1-apontam-previsoes?referencia=ultimas-editoria