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terça-feira, 28 de janeiro de 2014


Cade deve julgar Consecitrus em 5 de fevereiro

Faesp defende que conselho tenha abrangência regional, e não nacional

POR REDAÇÃO GLOBO RURAL, COM INFORMAÇÕES DA ESTADÃO CONTEÚDO

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agricultura_laranja_suco (Foto: Thinkstock)
O julgamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a constituição do Conselho de Produtores e Exportadores de Suco de Laranja (Consecitrus) ocorrerá no dia 5 de fevereiro, confirmou nesta segunda-feira (27/1), o presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles. O Consecitrus é uma associação entre produtores e a indústria de sucos cítricos para estabelecer políticas e diretrizes para o setor. "O governo e as autoridades de Brasília têm todos os dados para julgar a matéria. Esse assunto é de interesse nacional. Defendemos uma política para manter o produtor na base, para não termos mais exclusão de trabalhadores e problemas sociais", disse em rápida entrevista a jornalistas, antes de reunião entre lideranças rurais e citricultores na sede da Faesp, que acontece nesta tarde em São Paulo. "O Cade tem as documentações que permitem esclarecer a posição do nosso sistema." A criação do Consecitrus foi suspensa em novembro de 2012, quando o Cade foi acionado pela Faesp. Em abril daquele ano, a Associação Nacional dos Produtores de Sucos Cítricos (CitrusBR) e a Sociedade Rural Brasileira (SRB) chegaram a selar o estatuto do conselho, depois de várias discussões com a Faesp, que exigia maior representatividade no Consecitrus, e acabou isolada das tratativas. "Não tenho conflitos ou inimizade com ninguém. Tenho de defender um objetivo", afirmou Meirelles durante a reunião com representantes da cadeia produtora em São Paulo. De acordo com ele, o objetivo da Faesp com o Consecitrus é aplicar um preço mínimo para a laranja "que não desequilibre a produção". Conforme Meirelles, em alguns casos o preço mínimo pode não ser o melhor para produtores com custos de produção mais elevados.
Faesp
A Faesp defende a ideia de que o Consecitrus tenha abrangência regional e não nacional. "São Paulo concentra 80% da produção de laranja e 95% da produção brasileira de suco de laranja", justifica Paolo Mazzucato, da GO Associados, que presta consultoria jurídica à Faesp. "Seria difícil de gerenciar em âmbito nacional", acrescentou. O estatuto selado em 2012 entre a CitrusBR e a SRB prevê que o conselho tenha abrangência nacional. O pedido de alteração já foi apresentado pela Faesp ao Cade.

Para a composição do conselho deliberativo do Consecitrus, a Faesp sugere 18 integrantes, dos quais nove indicados pela indústria e outros nove pelas entidades representantes dos produtores. "Os membros da indústria serão indicados pela CitrusBR e os do setor produtivo, sete pela Faesp e dois pela Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus)", disse Paolo Mazzucato, que também preside a Comissão Permanente de Estudos de Direito da Concorrência e Regulação Econômica da OAB/MG.
 
São Paulo

O coordenador-geral da Comissão de Citricultura de São Paulo, Cyro Penna, defendeu que a proposta da Faesp em relação ao Consecitrus tenha como foco o produtor. Segundo ele, a proposta busca uma "representação pura", ao contrário do estatuto selado CitrusBR e a SRB, que defende uma "representação cruzada" ao mesclar também interesses da indústria.

"Queremos uma representação qualitativa. Não nos preocupamos apenas com pomar, mas também com a questão social", afirmou Penna no intervalo da reunião que acontece na sede da Faesp, em São Paulo. Ele comentou que há 20 anos a citricultura brasileira empregava 30 mil pessoas no campo, número que caiu para 8 mil com concentração do segmento industrial.
Fonte: http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Laranja/noticia/2014/01/cade-deve-julgar-consecitrus-em-5-de-fevereiro.html


Fonte: http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2014/01/28/B5.pdf

Desaceleração de renda deve afetar setor de fertilizantes

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

Por: Camila Souza Ramos

A acomodação dos preços internacionais das commodities e a perspectiva de um crescimento de renda agrícola menor nesta safra devem impactar no resultado das vendas das empresas de fertilizantes neste ano, segundo analistas

No ano passado, o setor alcançou o terceiro recorde de vendas, com a estimativa de até 30,9 milhões de toneladas comercializadas - os números oficiais serão divulgados em fevereiro. Em 2014, o desempenho deve se manter positivo, com até 31,5 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde. Porém, já existem sinais de uma desaceleração no crescimento, de 4,6% em 2013 contra uma evolução que deve alcançar até 3% neste ano.
"O que vai antecipar a performance de mercado de fertilizantes é o desempenho da receita agrícola", afirma Fábio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados.
No ano passado, a receita agrícola bruta aumentou cerca de 12%, alcançando R$ 273,9 bilhões, por conta do bom desempenho das lavouras de soja, cana e milho. Já para este ano as maiores promessas estão no cultivo de soja, arroz e feijão, que devem contribuir para que a receita do campo suba cerca de 8%, atingindo R$ 296,5 bilhões, calcula a consultoria. "Neste ano, a renda ainda avança, mas não com a mesma intensidade, então o crescimento de vendas de fertilizantes deve ser de 2% a 3% sobre o ano passado", afirma Silveira.
Mesmo o mercado de soja, maior consumidor do insumo no País com 35% das compras, está instável. "O produtor tem deixado em aberto. Tem produtor que já comprou e outros que vão esperar um pouco mais, mas o mercado da soja está muito volátil", diz Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). A GO Associados estima que a receita da produção de soja deve subir 15% nesta safra contra 22,7% no período anterior.
Preços sob controle
Representando cerca de 70% das vendas do setor, os adubos importados devem acompanhar o movimento de menor aumento, e com a tendência de redução de preços, que já vem sendo registrada desde agosto. "Não vemos o preço do fertilizante disparando [em 2014]", diz o analista da GO Associados. A perspectiva de queda do preço do petróleo neste ano deve manter a redução no custo dos fertilizantes, já que eles são fabricados a partir de derivados da commodity.
No ano passado, o valor que os importadores pagaram por tonelada diminuiu 10,2%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O valor médio passou de US$ 499 por tonelada em 2012 para US$ 448 por tonelada.
A tendência de maior valorização cambial, porém, deve compensar a queda nos preços internacionais e manter o desembolso dos produtores sob controle. Isso já ocorreu no ano passado, afirma o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho. "Como importamos quase 70% do que consumimos, essa diminuição não foi muito sentida."
Ainda assim, o analista da GO associados acredita que a queda nos preços de fertilizantes deve ser maior que a dos produtos agrícolas, aumentando a competitividade dos produtores. Segundo a consultoria, desde agosto os agricultores têm reduzido a quantidade de sacas de milho necessárias para pagar por uma tonelada do insumo. Em novembro, a relação de troca chegou a 65 sacas por tonelada, após alcançar mais de 70 sacas por tonelada em agosto. "É uma tendência para o ano todo", diz Silveira.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Arroz e feijão engordam bolso do produtor

Receita das duas lavouras deve somar R$ 20,8 bilhões este ano e crescer 15%

Por: Márcia De Chiara
Fonte: Estadão
O arroz e o feijão, tidos como os primos pobres da agricultura, podem engordar o bolso do produtor este ano. A receita com a safra dessas duas lavouras deve somar R$ 20,8 bilhões em 2014 e crescer cerca de 15% em relação a 2013, segundo as projeções da consultoria GO Associados.

Essa taxa de expansão é a mesma esperada para a renda obtida com a soja, que continua sendo o pilar do agronegócio e responsável por quase um terço da receita agrícola projetada de R$ 296,5 bilhões para este ano, que será 8% maior do que a de 2013 (R$ 273,9 bilhões). Para chegar a essa cifra de receita total da agricultura, a consultoria considerou as expectativas de produção e preços para dez produtos (algodão, arroz, feijão, milho, soja, trigo, café, cana, fumo e laranja) e levou em conta dados de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de preços da Fundação Getúlio Vargas.

"Se não fossem o arroz e o feijão, o crescimento da receita agrícola deste ano seria menor", afirma o diretor de pesquisas da GO Associados, Fabio Silveira. Ele observa que tanto um quanto outro abriram o ano-safra 2013/2014 com estoques reduzidos, ajudando nos preços.

"Este é o melhor ano da história do arroz", diz Claudio Pereira, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), órgão do governo do Rio Grande do Sul. O Estado é o principal produtor e responde por 65% da safra nacional projetada para este ano em 12,3 milhões de toneladas. O preço médio da saca no ano-safra 2013/2014 foi de R$ 35. Esse valor é 25% maior do que o alcançado no ano safra anterior (R$ 25).

Para o produtor de arroz José Mathias Bins Martins, que cultiva 1.250 hectares de arroz irrigado em Mostardas (RS), nos últimos meses o preço do arroz ficou relativamente estável num patamar elevado. Isso deu segurança e criou a oportunidade para que o agricultor se planejasse. "Não me lembro de um ano como esse", afirma o agricultor, que planta soja desde 1987.

Além dos estoques baixos, o bom momento da rizicultura é resultado de outros fatores. João Batista Camargo Gomes, presidente da Cooperativa Arrozeira de Palmares, que fica no litoral norte do Rio Grande do Sul, diz que a exportação do produto modificou o quadro de suprimentos e enxugou a oferta. O presidente do Irga conta que em 2013 foi exportado 1,2 milhão de toneladas de arroz, 10% do consumo nacional, para países da África e da América Latina. "Antes a exportação não passava de 200 mil toneladas."

Também a rotação de culturas, isto é, o plantio de soja em áreas de arroz, mas sem reduzir a área plantada de arroz, que se expandiu em detrimento de outras atividades, deu mais fôlego ao agricultor na hora de vender o grão. É que os bons preços da soja e a liquidez do produto permitem que o agricultor adie a venda do arroz e só comercialize o grão quando o preço estiver favorável. Nas contas de Pereira, do Irga, há no Rio Grande do Sul 300 mil hectares que antes eram semeados com arroz e hoje são ocupados pela soja.

Feijão

No caso do feijão, o cenário da renda também é favorável, na avaliação de Silveira, da GO. Ele observa que a expansão da receita de 2014 será puxada só pelo aumento da produção, de 14%, totalizando 3,3 milhões nas três safras, uma vez que ele projeta estabilidade de preços.

Essa avaliação, porém, não é compartilhada pela economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Tânia Moreira. Segundo ela, o avanço da produção de feijão, estimulado pelos bons preços de janeiro de 2013, derrubaram as cotações do produto e só o aumento da quantidade não deve sustentar o avanço na receita.

Já a receita do milho deve encolher cerca de 1% este ano, segundo Silveira. Isso impedirá que a agricultura atinja em 2014 uma renda maior. Nos últimos anos a dobradinha soja/milho impulsionou o agronegócio e neste ano só sobrou a soja.

Preço da gasolina ainda pode subir em 2014

Analistas acreditam que, com a disparada do dólar, tendência é de aumento no valor do combustível

Publicação: 26/01/2014 08:51 Atualização: 26/01/2014 09:54

O aumento de 4% da gasolina, em novembro do ano passado, não foi suficiente para diminuir a defasagem entre os preços domésticos e os praticados fora do país. Segundo um levantamento realizado pela consultoria GO Associados, mesmo com o ajuste, a diferença cresceu, passando de 11%, em novembro, para 12% em dezembro. Com a disparada do dólar nos últimos dias, uma nova elevação dos preços do produto pode se tornar inevitável.

Para parte dos analistas, o divisa norte-americana pode chegar, ao fim do ano, a R$ 2,60 — nível que seria um desastre para a Petrobras, que importa o combustível a um valor maior que o de revenda no mercado interno.“Essa cotação atual do dólar aumenta mais a defasagem, mas é preciso ver as outras variáveis para medir os impactos”, disse Fábio Silveira, diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados. “No frigir dos ovos, o aumento dado em novembro  não melhorou o caixa da Petrobras, só evitou um agravamento maior”, argumentou.

Enquanto persistir a defasagem, a estatal terá dificuldades para bancar investimentos, sobretudo nas áreas do pré-sal, que necessitam de tecnologias mais caras para a exploração adequada do petróleo. O governo, no entanto, não quer aumentar novamente os combustíveis na proximidade das eleições, já que as elevações nos preços prejudicam o resultado nas urnas. “Qualquer reajuste eleva a inflação e traz muito mau humor. Não tem nada pior para um partido que quer se reeleger do que alta de gasolina”, ponderou Silveira.

O litro da gasolina no mercado internacional, entre novembro e dezembro, aumentou R$ 0,08 e chegou a R$ 1,57. No Brasil, a alta foi de R$ 0,05, o que elevou o combustível para R$ 1,37 nas refinarias, sem contar impostos. O diesel, por outro lado, conseguiu diminuir parte dessa diferença no fim de 2013, quando o governo permitiu um ajuste de 8%. Até então, o Brasil vendia o derivado do petróleo cerca de 15% mais barato que o restante do mundo. Em dezembro esse valor caiu para 13%.

Déficit da indústria de transformação cresce e atinge US$ 54 bilhões

A balança da indústria de transformação se deteriorou ainda mais no ano passado. O déficit do setor atingiu US$ 54,3 bilhões, com elevação de 22,5% em relação ao saldo negativo de US$ 44,3 bilhões em 2012. A exportação da indústria de transformação chegou a crescer 0,6% em 2013 contra o ano anterior, mas as importações subiram mais, com alta de 5,6%. Os cálculos foram feitos com base nos dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Dos 22 setores da indústria de transformação que a Funcex acompanha, em 15 houve piora de saldo comercial em relação a 2012, ou porque o déficit se aprofundou ou porque o superávit diminuiu. Nos sete segmentos em que houve melhora, o ganho (redução de déficit ou crescimento de superávit) foi superior a US$ 500 milhões em apenas dois: celulose, com crescimento de U$ 605 milhões no superávit, e outros equipamentos de transporte (onde estão as plataformas de petróleo), com elevação de US$ 6,23 bilhões.
Ricardo Markwald, diretor-geral da Funcex, chama a atenção para os segmentos que tiveram saldo positivo de balança. Foram apenas oito em 22 setores, destaca. Nesse grupo, diz, a maior parte dos setores que conseguiu superávit é de indústrias ligadas diretamente à utilização de recursos naturais, com menor valor agregado. Ele exemplifica com os segmentos de alimentos, fumo, produtos de madeira e celulose. "São apenas dois setores que tiveram superávit e não estão tão diretamente vinculados ao uso de recursos naturais: o de metalurgia e o de outros equipamentos de transporte."
Para Markwald, o quadro revela menor competitividade do Brasil nos segmentos em que há maior necessidade de agregação de valor, em que o uso do recurso natural está mais diluído. Para este ano, diz ele, as perspectivas de mudança não são muitas. Há uma expectativa de recuperação da economia americana, mas existe uma incerteza do quanto a exportação brasileira pode se aproveitar disso, já que há ainda dificuldades de competitividade que ainda não foram superadas. Ele lembra que a maior desvalorização do real frente ao dólar poderia ser favorável ao Brasil no cenário da exportação, mas isso pode ter efeitos restritos.
Fabio Silveira, economista da GO Associados, diz que a desvalorização cambial não será capaz de reverter o quadro deficitário da balança da indústria, mas poderá ao menos desacelerar o ritmo de deterioração. Apesar de contribuir para um melhor desempenho das exportações, diz ele, a indústria de transformação deve continuar mantendo a importação de bens que não podem ser substituídos pelo produto nacional no curto prazo. Olhando somente para a indústria de transformação, Silveira estima que o câmbio resultará em uma elevação de exportação de US$ 5 bilhões, que virão principalmente do embarque de bens de consumo e de bens de capital.
Com estimativa de dólar chegando a R$ 2,42 neste ano, considerando um valor médio anual, diz Silveira, a alta da moeda americana deve atingir 24% na comparação com o valor médio de R$ 1,95 em 2012. "Não se trata de uma desvalorização gigantesca para o período, mas faz diferença na competitividade de alguns manufaturados." Para ele, o dólar mais caro beneficia principalmente os fabricantes de bens de consumo que utilizam mão de obra intensiva, como calçados e vestuário. "A desvalorização do real diminui o custo relativo com salários."
Apesar do impacto positivo na exportação, Silveira ressalta que um certo ritmo de importação deverá se manter neste ano. Mesmo com o dólar mais caro, ele estima uma elevação de cerca de US$ 6 bilhões em importação de produtos da indústria de transformação, principalmente bens de capital e produtos intermediários. Para 2014, o economista da GO estima déficit não só para a balança da indústria de transformação como também para a balança total. Ele calcula saldo negativo de US 3 bilhões.
Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, também acredita que um dos grandes desafios para a reversão do déficit da balança da indústria é o alto nível de importação pelos próprios setores industriais, o que limita de forma significativa o efeito que a desvalorização do real frente ao dólar pode ter sobre os desembarques.
Em 2013, 21,6% do total da importação brasileira foi de bens de capitais. Outros 44,45% foram de matérias-primas e produtos intermediários. "O câmbio mais desvalorizado tende a fazer o primeiro efeito em bens de consumo. De início nos duráveis e depois em não duráveis. Mas o efeito sobre bens de capital e intermediários, que juntos são a maior parte da importação total do país, pode não acontecer porque não há possibilidade de substituição por produto nacional." Além disso, a importação muitas vezes necessária de bens de capital e insumos a um dólar mais alto, completa, é um fator que tende a pressionar o custo de produção, o que retira parte da competitividade que a indústria ganha com a desvalorização do câmbio na hora de vender para o exterior.
A recomposição de setores cujas cadeias de produção ficaram mais fragilizadas no período de real mais valorizado também não deve acontecer tão cedo, diz Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento da Uerj (Cedes/Uerj). A mudança de fornecedor de insumos industriais demanda prazos mais longos. Além disso, diz ele, há ainda uma sensação de instabilidade cambial, o que afeta as decisões de investimentos que seriam necessários para garantir a produção nacional de insumos que hoje são importados.
Analistas avaliam que a recuperação de mercados como os Estados Unidos e a União Europeia pode contribuir positivamente para a elevação de exportação de manufaturados, mas também com efeitos limitados.
Barral lembra que a desvalorização cambial frente ao dólar é um fenômeno generalizado no mundo. Ou seja, o eventual ganho de competitividade chega também para todos os países que concorrem com o Brasil na venda de bens industriais.
Mesmo que a alta do dólar chegue ao patamar esperado pelo mercado, destaca Barral, a rentabilidade ou o faturamento da exportação não irá acompanhar a desvalorização no mesmo ritmo. "Com a desvalorização cambial generalizada, o exportador também será obrigado a negociar o preço de venda ao exterior, reduzindo o impacto da alta do dólar para quem compra", diz.


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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Receita bruta agrícola deve subir 8% em 2014 por câmbio

Receita deve crescer para R$ 296,5 bilhões com aumento de produção e um câmbio favorável aos preços em reais da soja


REUTERS/Enrique Marcarian
Grãos de soja são depositados em caminhão em Chacabuco
Grãos de soja são depositados em caminhão: produção de soja foi estimada em 90,33 milhões de toneladas em 2013/14
São Paulo - A receita bruta do setor agrícola brasileiro deve crescer 8 por cento este ano, para 296,5 bilhões de reais, com aumento de produção e um câmbio favorável aos preços em reais da soja, estimou nesta quinta-feira o diretor de diretor de pesquisa econômica da GO Associados.
"Primeiro, temos um aumento de volume, e os preços em reais --apesar da queda do preço em dólar-- devem ter um crescimento médio de 7 por cento... É o dólar que está fazendo a diferença", disse Fábio Silveira.
A consultoria trabalha com um dólar médio para 2014 de cerca de 2,40 reais, contra uma média de 2,15 reais em 2013.
A produção de soja, que responde por quase metade da safra nacional de grãos, foi estimada em 90,33 milhões de toneladas em 2013/14, alta de mais de 10 por cento sobre o ciclo anterior, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Como cerca de 50 por cento da produção brasileira de soja é exportada, o incremento do dólar impulsionará a receita do setor, uma vez que a consultoria não prevê nenhuma retração ou queda drástica nos preços internacionais.
A cana é outra cultura que deve contribuir para o ganho em receita bruta neste ano, por conta da expectativa de produção recorde no centro-sul do Brasil, que responde por 90 por cento da safra.
A Conab divulgará sua primeira estimativa para a produção em 2014/15 do centro-sul em abril, quando começa oficialmente a safra na região. Mas consultorias privadas apontam moagem recorde acima de 600 milhões de toneladas, contra 594 milhões de toneladas do ciclo anterior.
Apesar de um aumento esperado na moagem, a perspectiva de preços para o açúcar, é de aumento moderado de 2 por cento, uma vez que a commodity segue pressionada no mercado externo, com preços nas mínimas de mais de três anos. O Brasil é o principal exportador da commodity.
A GO apontou ainda melhoras na receita prevista para o arroz e o feijão, duas culturas importantes sobretudo no consumo interno.
Fertilizantes
Para fertilizantes, a GO estima que o Brasil terminou 2013 com um consumo recorde de 30,5 milhões a 31 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de até 6,4 por cento, em meio ao aumento de área e o ímpeto de produtores mais capitalizados para investir em tecnologia no ano passado.
A associação que reúne a indústria de adubo (Anda) ainda não divulgou o levantamento com o número fechado para 2013. No acumulado do ano, a venda foi recorde, somando 29,13 milhões de toneladas, com alta de 5 por cento ante igual período de 2012.
Para este ano, Silveira apontou um crescimento mais moderado, da ordem de 2 a 3 por cento, mas ponderou que este desempenho dependerá em grande parte do comportamento dos preços da soja no mercado internacional neste ano.
O primeiro vencimento da soja negociado na bolsa de Chicago (CBOT) fechou em baixa nesta quinta-feira, mas a expectativa de grandes safras no Brasil, Argentina e nos Estados Unidos vem mantendo o mercado pressionado.
Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/receita-bruta-agricola-deve-subir-8-em-2014-por-cambio

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Capacidade dos aeroportos - Jornal GloboNews

Nosso sócio, Gesner Oliveira, participou ontem do Jornal GloboNews, edição das 18h. Em pauta: capacidade dos aeroportos.

Para assistir a entrevista clique aqui.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Taxa de juro deve subir para 10,25% no primeiro Copom de 2014

Comitê de Política Monetária do Banco devide na quarta-feira e 46 de 68 analistas financeiros consultados pela Agência Estado apostam em alta do juro de 0,25 ponto porcentual



14 de janeiro de 2014 | 10h 00

Flavio Leonel e Maria Regina Silva, da Agência Estado
SÃO PAULO - Começa nesta terça-feira, 14, a primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir a nova taxa básica de juros (Selic). A maior parte dos economistas do mercado financeiro continua com a expectativa de que os diretores do Banco Central diminuirão o ritmo de alta da Selic. Levantamento realizado pela Agência Estado com 68 instituições mostrou que 46 delas aguardam um ajuste de 0,25 ponto porcentual para a taxa básica de juros, o que a levaria para a marca de 10,25% ao ano. A reunião do Copom se encerra na quarta-feira, quando será conhecida a decisão do órgão.
Para as 22 restantes, o colegiado deverá manter o ritmo de alta de 0,50 ponto porcentual, fazendo com que os juros atinjam o nível de 10,50% ao ano.
A nova sondagem foi feita após a divulgação, na sexta-feira, 10, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e de 2013. Os resultados salgados, de 0,92% e de 5,91%, respectivamente, foram anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vieram acima das expectativas dos analistas.
Depois disso, algumas casas promoveram ajustes nas previsões para o Copom de janeiro, mas o aumento de 0,25 ponto porcentual ainda é o mais citado entre os economistas do mercado. O cenário é um pouco diferente daquele visto no mercado de juros futuros da BM&FBovespa, onde as taxas iniciaram a semana atual refletindo maiores chances de uma elevação de 0,50 ponto na Selic.
Na véspera do conhecimento do IPCA, a Agência Estado havia divulgado seu tradicional levantamento sobre a reunião do comitê do Banco Central. Na ocasião, o placar trazia 57 de 71 casas com expectativa de alta para 10,25% ao ano em janeiro, contra 13 instituições com a expectativa de Selic a 10,50% e uma única casa, a GO Associados, com juro básico inalterado em 10,00%.
Alta para 10,25%. Para a corrente dominante do levantamento finalizado nesta segunda-feira, as recentes questões levantadas pelo Banco Central nos instrumentos de comunicação, como a ata da reunião de novembro do Copom, dão a entender que será reduzida a dose de aperto.
Quanto aos motivos para a diminuição do ritmo, destaque para a defasagem dos efeitos da política monetária sobre a inflação. O grupo que projeta a manutenção do ciclo de ajuste em 0,50 ponto porcentual cita o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro de 2013 como parte fundamental para justificar tal elevação. Tudo porque entendem que no documento do BC havia demonstrações de maior preocupação com a evolução da inflação.
Somado a este detalhe, ao comentar o RTI, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou a jornalistas que o objetivo da autoridade monetária é levar a inflação para o centro da meta de 4,5% "o mais rápido possível".
Após o IPCA de dezembro em nível expressivo, o conjunto de casas com expectativa de Selic em 10,50% viu seu cenário reforçado.
No outro lado, para boa parte das instituições com 10,25%, a manutenção da projeção trouxe agora um panorama que não descartada totalmente que o Banco Central continue o ciclo de aperto iniciado em abril de 2013. "Aumentou a chance de ser 0,5 ponto porcentual, mas mantemos a previsão de 0,25 ponto ainda", disse o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. "Na minha opinião, nada muda do IPCA pra cá", comentou o economista André Muller, da Quest Investimentos, que também trabalha com Selic a 10,25% no encontro de janeiro do Copom.
Para Muller, a diretoria do BC deu especial ênfase nos documentos mais recentes ao fato de que o mecanismo de transmissão da política monetária para os preços ocorre com defasagens e com impacto ainda incerto. Com isso, depois da sequência de altas usada pelo Copom desde abril do ano passado, a percepção de proximidade do fim do ciclo estaria ficando cada vez mais clara. "Por outro lado, as expectativas de inflação seguem desancoradas e o risco de depreciação cambial ainda está presente, o que aponta para a necessidade de elevações adicionais da taxa, porém em ritmo menor", ressaltou.
O estrategista-chefe da CGD Securities, Mauro Schneider, também ainda espera que o Copom eleve a Selic em 0,25 ponto porcentual na reunião desta semana e avalia que o comunicado pode dar pistas de que outros aumentos estarão por vir. O economista, no entanto, acredita que o texto que será divulgado pelo Banco Central poderá conter um tom mais duro na comparação com os anteriores, devido à resiliência dos preços. "Pode ser que tenha algum ajuste na escolha das palavras, com o BC reconhecendo a persistência da inflação, e de que ela poderá demorar a cair", comentou.
Já a GO Associados alterou a projeção da Selic na reunião de janeiro, de 10% para 10,25%, influenciado pelo resultado inesperado do IPCA de dezembro e de 2013. Segundo o diretor de Pesquisa Econômica da instituição, Fábio Silveira, a pergunta que o mercado gostaria que o Banco Central respondesse é qual o teto de Selic que o BC está trabalhando. "Qual o juro ideal para que a inflação tenha algum arrefecimento?", questionou.
A despeito da aceleração da inflação do mês passado, o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho, trabalha com a hipótese de que o Copom elevará a Selic em 0,25 ponto porcentual na quarta-feira. Em sua opinião, a alta do IPCA em dezembro foi marcada por algumas questões pontuais. "Além disso, houve redução em algumas das projeções do BC no último RTI" ponderou.
Para Eduardo Velho, o cenário externo também tende a reforçar a expectativa de aumento do juro básico para 10,25%, após o resultado decepcionante no total de vagas criadas nos EUA em dezembro. "O payroll (relatório de emprego) veio mais fraco, o que diminui a pressão sobre o dólar", avaliou. No mês passado, foram gerados apenas 74 mil empregos nos EUA, bem menos que os 200 mil esperados por analistas.
Alta para 10,5%. Na Credit Suisse Hedging-Griffo, a equipe de economistas mudou a projeção para a reunião de janeiro do Copom, de 0,25 ponto porcentual para meio ponto. Em relatório a clientes, os analistas destacaram que, ao longo das últimas semanas, as comunicações e discursos do BC vinham todos no sentido de indicar que o ciclo de juros estaria perto do seu final. Entretanto, na avaliação dos profissionais, o que se viu recentemente foi uma deterioração expressiva das condições de contorno e do cenário para a inflação.
"O dólar voltou a subir em relação ao real; a inflação se mostrou mais alta do que se imaginava, mais dispersa e mais robusta, e acima da meta já pouco ambiciosa de encerrar o ano abaixo de 5,84%, sem qualquer sinal de convergência para meta oficial de 4,5%; a taxa de desemprego não deu nenhum alento a quem poderia crer numa evolução mais benigna de salários; e a política fiscal passou a ser motivo de muito mais preocupação por parte dos agentes de mercado (de um ponto de partida já bastante difícil)", listaram os economistas da Credit Suisse Hedging-Griffo. "Ou seja, que argumentos há para desacelerar a alta dos juros? Em face da deterioração expressiva dessas condições, passamos a crer que o BC manterá o ritmo em 50 pontos-base nessa reunião de janeiro, levando a Selic a 10,5%, sinalizando uma redução do passo adiante. Entretanto, cabe destacar que nossa convicção é baixa, dado o histórico de decisões contrastantes com os fundamentos", escreveram.

No BicBanco, o diretor-financeiro da instituição, Aury Luiz Ermel, migrou da corrente do mercado que aguardava ajuste de 0,25 ponto para o grupo que espera aumento de 0,50 ponto porcentual. "Basicamente por causa do IPCA", justificou, ressaltando que, além deste detalhe importante, há uma maior preocupação com o comportamento dos preços administrados para 2014 e também continuam, entre os alguns analistas, dúvidas sobre a postura do governo federal em relação à política fiscal. "Talvez também seja mais inteligente a adoção de uma ajuste mais forte da Selic agora no começo do ano do que deixar para fazer algo mais próximo das eleições e virar alvo de críticas da oposição", avaliou.

Taxa de juro deve subir para 10,25% no primeiro Copom de 2014

Flavio Leonel e Maria Regina Silva, da Agência Estado
SÃO PAULO - Começa nesta terça-feira, 14, a primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir a nova taxa básica de juros (Selic). A maior parte dos economistas do mercado financeiro continua com a expectativa de que os diretores do Banco Central diminuirão o ritmo de alta da Selic. Levantamento realizado pela Agência Estado com 68 instituições mostrou que 46 delas aguardam um ajuste de 0,25 ponto porcentual para a taxa básica de juros, o que a levaria para a marca de 10,25% ao ano. A reunião do Copom se encerra na quarta-feira, quando será conhecida a decisão do órgão.
Para as 22 restantes, o colegiado deverá manter o ritmo de alta de 0,50 ponto porcentual, fazendo com que os juros atinjam o nível de 10,50% ao ano.
A nova sondagem foi feita após a divulgação, na sexta-feira, 10, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e de 2013. Os resultados salgados, de 0,92% e de 5,91%, respectivamente, foram anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vieram acima das expectativas dos analistas.
Depois disso, algumas casas promoveram ajustes nas previsões para o Copom de janeiro, mas o aumento de 0,25 ponto porcentual ainda é o mais citado entre os economistas do mercado. O cenário é um pouco diferente daquele visto no mercado de juros futuros da BM&FBovespa, onde as taxas iniciaram a semana atual refletindo maiores chances de uma elevação de 0,50 ponto na Selic.
Na véspera do conhecimento do IPCA, a Agência Estado havia divulgado seu tradicional levantamento sobre a reunião do comitê do Banco Central. Na ocasião, o placar trazia 57 de 71 casas com expectativa de alta para 10,25% ao ano em janeiro, contra 13 instituições com a expectativa de Selic a 10,50% e uma única casa, a GO Associados, com juro básico inalterado em 10,00%.
Alta para 10,25%. Para a corrente dominante do levantamento finalizado nesta segunda-feira, as recentes questões levantadas pelo Banco Central nos instrumentos de comunicação, como a ata da reunião de novembro do Copom, dão a entender que será reduzida a dose de aperto.
Quanto aos motivos para a diminuição do ritmo, destaque para a defasagem dos efeitos da política monetária sobre a inflação. O grupo que projeta a manutenção do ciclo de ajuste em 0,50 ponto porcentual cita o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro de 2013 como parte fundamental para justificar tal elevação. Tudo porque entendem que no documento do BC havia demonstrações de maior preocupação com a evolução da inflação.
Somado a este detalhe, ao comentar o RTI, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou a jornalistas que o objetivo da autoridade monetária é levar a inflação para o centro da meta de 4,5% "o mais rápido possível".
Após o IPCA de dezembro em nível expressivo, o conjunto de casas com expectativa de Selic em 10,50% viu seu cenário reforçado.
No outro lado, para boa parte das instituições com 10,25%, a manutenção da projeção trouxe agora um panorama que não descartada totalmente que o Banco Central continue o ciclo de aperto iniciado em abril de 2013. "Aumentou a chance de ser 0,5 ponto porcentual, mas mantemos a previsão de 0,25 ponto ainda", disse o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. "Na minha opinião, nada muda do IPCA pra cá", comentou o economista André Muller, da Quest Investimentos, que também trabalha com Selic a 10,25% no encontro de janeiro do Copom.
Para Muller, a diretoria do BC deu especial ênfase nos documentos mais recentes ao fato de que o mecanismo de transmissão da política monetária para os preços ocorre com defasagens e com impacto ainda incerto. Com isso, depois da sequência de altas usada pelo Copom desde abril do ano passado, a percepção de proximidade do fim do ciclo estaria ficando cada vez mais clara. "Por outro lado, as expectativas de inflação seguem desancoradas e o risco de depreciação cambial ainda está presente, o que aponta para a necessidade de elevações adicionais da taxa, porém em ritmo menor", ressaltou.
O estrategista-chefe da CGD Securities, Mauro Schneider, também ainda espera que o Copom eleve a Selic em 0,25 ponto porcentual na reunião desta semana e avalia que o comunicado pode dar pistas de que outros aumentos estarão por vir. O economista, no entanto, acredita que o texto que será divulgado pelo Banco Central poderá conter um tom mais duro na comparação com os anteriores, devido à resiliência dos preços. "Pode ser que tenha algum ajuste na escolha das palavras, com o BC reconhecendo a persistência da inflação, e de que ela poderá demorar a cair", comentou.
Já a GO Associados alterou a projeção da Selic na reunião de janeiro, de 10% para 10,25%, influenciado pelo resultado inesperado do IPCA de dezembro e de 2013. Segundo o diretor de Pesquisa Econômica da instituição, Fábio Silveira, a pergunta que o mercado gostaria que o Banco Central respondesse é qual o teto de Selic que o BC está trabalhando. "Qual o juro ideal para que a inflação tenha algum arrefecimento?", questionou.
A despeito da aceleração da inflação do mês passado, o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho, trabalha com a hipótese de que o Copom elevará a Selic em 0,25 ponto porcentual na quarta-feira. Em sua opinião, a alta do IPCA em dezembro foi marcada por algumas questões pontuais. "Além disso, houve redução em algumas das projeções do BC no último RTI" ponderou.
Para Eduardo Velho, o cenário externo também tende a reforçar a expectativa de aumento do juro básico para 10,25%, após o resultado decepcionante no total de vagas criadas nos EUA em dezembro. "O payroll (relatório de emprego) veio mais fraco, o que diminui a pressão sobre o dólar", avaliou. No mês passado, foram gerados apenas 74 mil empregos nos EUA, bem menos que os 200 mil esperados por analistas.
Alta para 10,5%. Na Credit Suisse Hedging-Griffo, a equipe de economistas mudou a projeção para a reunião de janeiro do Copom, de 0,25 ponto porcentual para meio ponto. Em relatório a clientes, os analistas destacaram que, ao longo das últimas semanas, as comunicações e discursos do BC vinham todos no sentido de indicar que o ciclo de juros estaria perto do seu final. Entretanto, na avaliação dos profissionais, o que se viu recentemente foi uma deterioração expressiva das condições de contorno e do cenário para a inflação.
"O dólar voltou a subir em relação ao real; a inflação se mostrou mais alta do que se imaginava, mais dispersa e mais robusta, e acima da meta já pouco ambiciosa de encerrar o ano abaixo de 5,84%, sem qualquer sinal de convergência para meta oficial de 4,5%; a taxa de desemprego não deu nenhum alento a quem poderia crer numa evolução mais benigna de salários; e a política fiscal passou a ser motivo de muito mais preocupação por parte dos agentes de mercado (de um ponto de partida já bastante difícil)", listaram os economistas da Credit Suisse Hedging-Griffo. "Ou seja, que argumentos há para desacelerar a alta dos juros? Em face da deterioração expressiva dessas condições, passamos a crer que o BC manterá o ritmo em 50 pontos-base nessa reunião de janeiro, levando a Selic a 10,5%, sinalizando uma redução do passo adiante. Entretanto, cabe destacar que nossa convicção é baixa, dado o histórico de decisões contrastantes com os fundamentos", escreveram.
No BicBanco, o diretor-financeiro da instituição, Aury Luiz Ermel, migrou da corrente do mercado que aguardava ajuste de 0,25 ponto para o grupo que espera aumento de 0,50 ponto porcentual. "Basicamente por causa do IPCA", justificou, ressaltando que, além deste detalhe importante, há uma maior preocupação com o comportamento dos preços administrados para 2014 e também continuam, entre os alguns analistas, dúvidas sobre a postura do governo federal em relação à política fiscal. "Talvez também seja mais inteligente a adoção de uma ajuste mais forte da Selic agora no começo do ano do que deixar para fazer algo mais próximo das eleições e virar alvo de críticas da oposição", avaliou.

"Plano de Voo": Três cenários para a operação da TIM

Analistas da GO Associados apontam saídas para a operadora de telefonia...


Existem três cenários regulatórios e concorrenciais para a operação da TIM: autorização da operação que permitiria à Telefónica absorver a parcela da TIM no mercado; a possível entrada de um novo player; e o fatiamento da TIM e sua absorção pelos principais concorrentes. A previsão é dos analistas da GO Associados Gesner Oliveira, Wagner Heibel e Guilherme Marthe. Eles observam que em relação ao primeiro cenário o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) emitiu recentemente parecer solicitando que a Telefônica se afaste do controle da TIM ou da Vivo nos próximos meses, em decorrência de movimentos acionários realizados na Itália. “Seria difícil imaginar que as autoridades brasileiras permitiram uma concentração tão elevada com a união entre Vivo e TIM”, enfatizam os analistas. A entrada de um novo player – como a Vodafone – seria mais benéfica à concorrênica, na opinião da GO.
Questões nada triviais
A entrada da Vodafone, embora preferida pelas autoridades, segundo os analistas da GO Associados, enfrenta o baixo apetite por parte de potenciais novos players. Já a divisão da TIM pelas outras três principais operadoras – OI, Claro e a Vivo – é uma possibilidade que suscita, além do elevado grau de concentração de mercado, a discussão sobre a unificação das bases de clientes das empresas em um único espectro. “Uma questão nada trivial”, enfatizam os analistas.
Salvação da lavoura
As exportações do agronegócio cresceram 4,3% em 2013, totalizando US$ 99,97 bilhões – quase duas vezes acima da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) estimada pelo governo para o ano passado. A participação do setor na balança total atingiu 41,3%, contra 39,5% em 2012.
O saldo da balança do agronegócio fechou o ano em US$ 82,9 bilhões.
Ministro até o fim
O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domningos, acertou com a presidente Dilma que permanecerá no cargo até o final do mandato. Vai trabalhar pela candidatura de Gilberto Kassab (PSD) a governador de São Paulo, admitindo uma eventual composição com o PT em segundo turno a favor da candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
 
Portal de negócios
No Ministério da Micro e Pequena Empresa, Afif quer se cacifar para continuar no cargo em um eventual segundo mandato da presidente Dilma. Uma das ideias que podem consolidar sua experiência na área é o novo viés que pretender dar ao Portal do ministério, a ser lançado nos próximos meses, onde haverá um espaço para negócios entre essas empresas.
Novas habilidades
As novas habilidades profissionais exigidas pelas inovações tecnológicas aquecem o mercado de educação. A Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) está com 30 cursos de verão sobre temas “tabus”, como Programação para não programadores, HTML 5 para iniciantes, Introdução ao empreendedorismo digital.
Shopping center
Frederico Trajano, diretor de Operações do Magazine Luiza; Sônia Hess de Souza, presidente da Dudalina; Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e do IDV – Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, participarão do fórum sobre shopping centers a ser realizado pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, em 13 de fevereiro.
Prédios restaurados
A Sherwin-Williams, fabricante de tintas, patrocina o livro “Prédios Restaurados em São Paulo” da editora Décor Books, que será lançado em fevereiro. As fotos inéditas de 50 prédios históricos da capital paulista são de Leandro Netto.
 
Colaboração: Abnor Gondim

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Saldo comercial do país com EUA, Europa e Ásia piora em 2013

Por Marta Watanabe e Rodrigo Pedroso | De São Paulo
A balança comercial brasileira fechou 2013 com superávit de US$ 2,56 bilhões, mas esse pequeno saldo positivo não impediu a piora no resultado comercial com importantes parceiros no ano passado, na comparação com 2012. Houve elevação de déficit com os Estados Unidos, redução de superávit com a Ásia e o saldo com a União Europeia, positivo desde 2000, migrou para o vermelho no ano passado.
A mudança foi provocada por fatores diversos, como recuo das exportações de petróleo, queda de preços das commodities e importação em ritmo relativamente forte. Em 2014, a expectativa é de melhora modesta nos saldos dessas trocas.
Afetado principalmente pela queda na exportação de petróleo e álcool, as trocas com os americanos terminaram 2013 com déficit maior que o do ano anterior. No acumulado de 2013, o saldo negativo foi de US$ 11,42 bilhões, mais que o dobro do déficit de US$ 5,76 bilhões em 2012. Nas trocas com a Ásia houve queda de superávit, embora menor. O saldo positivo em 2013 foi de US$ 4,43 bilhões, contra US$ 6,45 bilhões em 2012. Com a China, porém, principal destino de exportações, o superávit avançou de US$ 6,98 bilhões em 2012 para US$ 8,72 bilhões.
A deterioração maior aconteceu nas trocas com a União Europeia. Depois de manter, de forma ininterrupta, desde 2000 superávit com o bloco, o Brasil fechou o ano passado com déficit de US$ 3 bilhões. Em 2012 o superávit foi de US$ 1,38 bilhão.
Para 2014, os analistas acreditam que a China continuará gerando uma demanda importante para as exportações brasileiras, mas sem crescimento extraordinário de superávit. Fernando Ribeiro, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que o crescimento das vendas ao exterior em 2013 foi impulsionado pela China que, mesmo com a economia em desaceleração, manteve um ritmo de compras acima dos demais parceiros comerciais brasileiros.
Os embarques aos chineses aumentaram 10,8% na média diária do ano passado ante o ano anterior, enquanto as exportações totais brasileiras recuaram 1% na mesma comparação. Em 2014, diz Ribeiro, os chineses devem seguir ganhando espaço.
Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento da UERJ (Cedes-UERJ), lembra que o superávit com os chineses em 2014 deve ficar muito próximo ao do ano passado. "Pode haver uma elevação do saldo, mas deve ser muito tímido, marginal, por conta do crescimento do país asiático em patamares parecidos ao deste ano."
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), há risco de o superávit com os chineses diminuir, por conta de queda no preço das commodities. A demanda da China por minério de ferro e soja deverá se manter estável em relação a este ano, calcula ele. Isso porque a previsão de crescimento para o país asiático em 2014, diz Castro, é parecida com a de 2013, em torno de 7% a 7,5%. "Os preços, porém, deverão cair." Ele projeta recuo de 3% no preço do minério de ferro em 2014, na comparação com o preço de dezembro. Para a soja em grão, na mesma comparação, prevê queda de 9,2%.
"Ao mesmo tempo, a moeda chinesa tem passado por uma ligeira valorização, o que deve tornar as exportações da China mais caras", diz. De qualquer forma, Castro não acredita que isso afetará de forma drástica as importações de produtos made in China. A balança do Brasil com o país asiático, portanto, deve fechar 2014 com um superávit parecido com o de 2013, ou talvez um pouco menor.
A expectativa de muitos analistas é que a recuperação de produção de petróleo melhore, em 2014, o resultado das trocas com outro parceiro importante do Brasil, os Estados Unidos. A melhora esperada, porém, não é espetacular, porque se restringe a uma redução do déficit apresentado no ano passado.
O restabelecimento da produção de petróleo e combustíveis, diz Branco, pode propiciar uma melhora na balança com os Estados Unidos. O petróleo é um dos principais itens da pauta de exportação. Em 2012, representou um quinto dos embarques do Brasil aos americanos. Em 2013, a queda de produção, porém, afetou o desempenho das vendas. De janeiro a novembro de 2013, foram vendidos para os americanos US$ 3,2 bilhões em petróleo, queda de 40,2% em relação a igual período de 2012.
Ribeiro, da Funcex, lembra que os Estados Unidos são um dos parceiros históricos para o qual as exportações brasileiras seguem perdendo espaço. Ele acredita que o saldo melhore em 2014 por conta de uma exportação maior de petróleo, mas destaca que o problema não é só esse. A tendência de perda de clientes americanos para terceiros, diz, seguiu no ano passado. "Em 2014, nossa inserção no mercado norte-americano deve continuar bem complicada."
Fabio Silveira, economista da GO Associados, também prevê alguma melhora no comércio com os Estados Unidos em 2014 por conta do petróleo, mas avalia que o crescimento da economia do país ainda continua baixo, apesar da recuperação. Além disso, o Brasil continua perdendo espaço no mercado norte-americano devido à falta de competitividade.
Um dos grandes motivos de preocupação dos analistas é o comércio com a União Europeia. A instabilidade econômica da região, que já causou deterioração na balança em 2013, não promete ser diferente em 2014. Assim como em 2013, segundo Castro, da AEB, a balança brasileira com os europeus também deve terminar 2014 deficitária. A economia ainda instável do bloco europeu não promete aumento de demanda dos produtos exportados pelo Brasil.
Branco, do Cedes-UERJ, diz que os países europeus estão tentando ampliar as exportações e procurando novos mercados. Entre eles, países emergentes, como o Brasil. As trocas com o bloco europeu já refletiram isso em 2013, com elevação das importações brasileiras originadas da UE em 5,5% e o recuo de 3,6% dos embarques para o bloco, levando em conta a média diária.
Para Silveira, o protecionismo dos países europeus também tem dificultado as exportações brasileiras para a região. As negociações para um eventual acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia geram expectativas de avanço em 2014, mas os economistas não acreditam que isso fará diferença nas trocas no curto prazo. "Teoricamente o acordo deve sair em 2014, mas isso não irá alterar a dinâmica do comércio com a União Europeia no ano que vem", diz Castro.
Além disso, paralelamente aos esforços de um acordo com o Mercosul, os europeus, dentro da estratégia de abrir novos mercados, têm mantido negociações com vários países. Um dos que podem afetar de forma significativa a exportação brasileira é o acordo Trans Atlântico, entre Estados Unidos e União Europeia, que deve versar tanto sobre padrões de comércio como de investimento. Vera Thorstensen, do Centro de Comércio Global e Investimento da FGV-SP, diz que esse acordo permitirá aos Estados Unidos elevar as exportações de commodities para a Europa e concorrer com as vendas brasileiras.
Para alguns analistas, o mercado latino-americano vai compensar o recuo das vendas aos europeus. "Mas não dá para esperar algo muito diferente do que vem sendo observado nos anos anteriores", diz Ribeiro, do Ipea. Em 2013, lembra, a Argentina ganhou espaço principalmente com a compra de automóveis e autopeças de fornecedores brasileiros. O abrandamento das restrições a produtos brasileiros também contribuiu para o crescimento de 8,1% nas vendas aos argentinos na média diária do ano passado em relação a 2012.
Branco, pondera, porém, que não se pode esperar para este ano outra "boa surpresa" que o comércio com os argentinos propiciou em 2013. "Há muitas ingerências políticas no comércio com a Argentina e provavelmente o resultado não se repetirá da mesma forma."
Silvio Campos Neto, economista da Tendências, também acredita que não se pode esperar muito da Argentina para o resultado da balança comercial. O que ele classifica como voluntarismo nas políticas comerciais do governo argentino torna difícil a previsão do comportamento da demanda pelos produtos brasileiros. "É um país de complementaridade de setores industriais e com peso importante. Mas é um país complicado e com uma situação econômica desfavorável", afirma.
Assim como outros analistas, Lia Valls, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), também não prevê mudanças na composição dos principais parceiros brasileiros neste ano em relação ao resultado de 2013. A única exceção fica por conta da Argentina. "A relação pode piorar, há sempre um risco, pois a pauta tem grande peso em automóveis."


Leia mais em:
http://www.valor.com.br/brasil/3389462/saldo-comercial-do-pais-com-eua-europa-e-asia-piora-em-2013#ixzz2pv44hHe3

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Preço do café ainda sob pressão em 2014

Por Carine Ferreira | De São Paulo
Os preços do café, que registraram patamares mínimos em 2013, devem continuar sem sustentação este ano em decorrência da oferta abundante, segundo analistas e representantes do setor. Uma recuperação mais significativa só deve ocorrer em 2015. Isso porque se espera, para o ano que vem, que a demanda mundial continue crescendo e uma diminuição da produtividade dos cafezais, reflexo do menor investimento nos tratos culturais nos anos de baixa de preços.
O índice composto de preços da Organização Internacional do Café (OIC) - que agrupa vários tipos de café, como os naturais brasileiros, suaves colombianos e robustas - ficou em US$ 1,0099 por libra-peso em novembro, 5,6% abaixo da média de outubro, e atingiu seu nível mais baixo em seis anos e meio.
Na avaliação de Moris Mermelstein, consultor da MM Commodities, os preços podem cair ainda mais em relação aos patamares atuais. Ele prevê que o café arábica negociado na bolsa de Nova York, hoje pouco acima de US$ 1 por libra-peso, poderá recuar para cerca de 95 centavos de dólar no segundo trimestre. No mesmo período, o café robusta transacionado na bolsa de Londres, poderá ir a um patamar entre US$ 1.300 e US$ 1.400 a tonelada, ante os US$ 1.700 em meados de dezembro. Nos dois casos, novas quedas são esperadas por conta da oferta elevada.
Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffees, estima que "sem a ajuda do café robusta, o arábica não vai conseguir subir sozinho". "Não deve passar de 120 a 125 centavos [a libra-peso do arábica] e deve ficar entre 105 e 110 centavos", projeta para 2014.
Para ele, o comportamento do mercado vai depender de alguma medida adicional do governo brasileiro e de como vai se desenvolver a safra brasileira. Em sua visão, o mercado pode encontrar alguma sustentação em outubro ou novembro deste ano.
Em 2013, o governo brasileiro anunciou várias medidas para ajudar a sustentar as cotações da commodity, como o reajuste do preço mínimo do café arábica, leilões de contratos de opção de venda, renegociação das dívidas e a intenção de reduzir a área cultivada com o grão.
Mas o mercado continua apostando na baixa dos preços do café, avalia Fábio Silveira, da GO Associados. A razão está nos elevados estoques mundiais e no crescimento pouco significativo do consumo global do grão, observa. Silveira estima que este ano os preços continuarão baixos e poderão subir um pouco em 2015, mas não devem voltar nem ao nível de 2012. "Para voltar a US$ 1,70 [por libra-peso o arábica] vai demorar muito", afirma. Em 2011, o preço do café arábica atingiu nível recorde, superando os US$ 3 por libra-peso.
De acordo com o economista, os melhores tratos culturais durante os anos de preços mais altos terão efeitos positivos sobre a produtividade dos cafezais ainda "durante um bom tempo", o que continuará gerando grande produção num cenário de oferta global já elevada. "O consumo aumentou muito menos [em relação à produção] e 'digerir' essa diferença leva tempo", acrescenta.
Para a GO Associados, o preço internacional médio do café arábica deverá ter uma perda adicional de 5% em 2014, situando-se em US$ 1,196 por libra-peso, ante uma queda de 28% registrada no ano passado sobre 2012. A projeção leva em conta a expectativa de novo incremento do estoque global, expansão da produção em países de menor produtividade e evolução lenta da economia mundial.
Já Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), acredita que os preços da commodity possam subir cerca de 10% este ano. A estimativa leva em conta cenário semelhante visto em 2002, quando as cotações do produto despencaram depois de anos de altas significativas.
Entretanto, o atual ciclo de baixa do café deve se estender um pouco mais porque a produção não foi drasticamente reduzida como após a crise em 2002, explica Braga. Isso porque grandes produtores, como Colômbia, Vietnã e Indonésia adotaram políticas para sustentar a renda de seus cafeicultores, o que acabou estimulando a produção.
O diretor do CeCafé estima que em dois a três anos o cenário ainda seja de maior produção global de café frente à demanda, situação que vai "refrear" altas mais significativas.
A queda dos preços do café no mercado internacional fez recuar as receitas do Brasil com a exportação da commodity. Conforme o CeCafé, de janeiro a novembro de 2013 ante igual intervalo de 2012, o valor das exportações brasileiras do grão (verde e industrializado) recuou 17,9%, para US$ 4,733 bilhões. Em 2011, quando os preços atingiram níveis recorde, a receita bateu US$ 7,896 bilhões no mesmo período.
Mas o consumidor brasileiro ainda tem sido pouco favorecido pelo recuo das cotações internacionais. No mercado doméstico, de modo geral, os preços do café no varejo ficaram estáveis no ano passado até agosto e setembro. Depois começaram a registrar ligeira queda, conforme Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Segundo ele, há um intervalo de tempo para que a indústria possa atender ao pedido de reajuste do varejo para o preço de entrega, que varia de três a seis meses, dependendo da negociação comercial. A mais recente pesquisa do Sindicafé aponta que o preço do café tradicional, no fim de novembro, em São Paulo, foi de R$ 12,55 por quilo.
Com base em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a GO Associados estima que os estoques globais finais na safra 2013/14 (outubro de 2013 a setembro de 2014) vão totalizar 36 milhões de sacas, ante 34 milhões de sacas em 2012/13. Para o ciclo 2014/15, o estoque deverá ser ainda maior - 39 milhões de sacas. Para o Brasil, a GO Associados projeta estoque final de 7,6 milhões de sacas em 2013/14 e de 8,2 milhões de sacas em 2014/15, volumes muito superiores às 2,2 milhões de sacas observadas no ciclo 2011/12.


Leia mais em:
http://www.valor.com.br/agro/3386708/preco-do-cafe-ainda-sob-pressao-em-2014#ixzz2pj82W4t1