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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sem compras da China, exportações brasileiras cairiam 5,5% no semestre

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
A China segurou a queda das exportações brasileiras no primeiro semestre do ano. Não fosse o país asiático, que comprou 10,3% a mais do que em 2012, os embarques totais do Brasil teriam recuado 5,5%, em vez da queda de 0,8% registrada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O apetite chinês compensou o resultado negativo com norte-americanos e europeus, que frearam de forma substancial as compras de produtos nacionais.
No primeiro semestre deste ano, a cada cinco dólares que entraram no Brasil, um veio de mãos chinesas. Há seis anos, a cada cinco dólares, 30 centavos vinham da mesma fonte. O crescimento das exportações à China, contudo, não foi acompanhado por ganho de espaço pelos produtos nacionais no mercado asiático. As importações totais da China neste ano cresceram 10,1%, segundo a OCDE. Na visão de analistas, a crescente dependência da exportação brasileira à demanda chinesa, aliada à desaceleração econômica em marcha naquele país, traz perspectivas desfavoráveis ao comércio exterior nos próximos anos.
Os US$ 114 bilhões que o Brasil exportou também foram incrementados pela Argentina, que importou do Brasil 7,2% a mais do que em 2012, assegurando o crescimento de 2,4% das vendas aos latinos americanos. Se a demanda dos argentinos por automóveis, autopeças e máquinas e aparelhos mecânicos foi responsável pelo resultado, a procura dos países do Oriente Médio por carnes, açúcar e minério de ferro levou os embarques à região a crescer 8,1% e somar US$ 5 bilhões.
De acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o principal fator que explica as exportações para a China aumentando a dois dígitos é a antecipação da supersafra de venda da soja e o preço elevado do produto no início do segundo trimestre do ano. No entanto, o analista prevê que esse ritmo não deve se sustentar, fazendo as exportações ao país asiático em 2013 fecharem com um crescimento não tão vigoroso.
A soja, produto mais vendido no primeiro semestre, foi responsável por US$ 10,9 bilhões em exportações à China. O montante é US$ 2,2 bilhões maior do que ano passado e representa metade do total embarcado ao país. "Ainda resta um mês e meio de vendas de soja brasileira antes da safra norte-americana ir ao mercado e o preço já está caindo. Isso deve frear um pouco esse crescimento até o fim do ano", diz Castro.
Para Rodrigo Branco, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), a pauta exportadora brasileira se tornou dependente da alta dos preços das commodities nos últimos seis anos, movimento puxado pela demanda chinesa por matérias-primas.
O espaço conquistado pelos chineses veio da retração da demanda dos mercados mais tradicionais aos exportadores brasileiros. A União Europeia importou 7,6% menos neste ano. Se no primeiro semestre do ano passado o saldo com o bloco foi superavitário em US$ 400 milhões, neste semestre houve déficit de US$ 3,2 bilhões. Com os Estados Unidos, a queda foi significativa: 14,6%. Assim, o Brasil vendeu mais ao Mercosul (US$ 13,6 bilhões) do que aos norte-americanos (US$ 11,5 bilhões)
Em 2012, o resultado foi inverso. Enquanto a retração europeia se deu em virtude de menor demanda por manufaturados, minério de ferro e soja, refletindo a recessão econômica do bloco e a dificuldade da indústria nacional em competir com concorrentes asiáticos naquele mercado, o recuo da demanda norte-americana é explicado pela produção menor de petróleo da Petrobras e pelo aumento do consumo de combustíveis no mercado interno. Com isso, houve menos petróleo disponível para a exportação do setor, que vendeu menos do que a metade do registrado ano passado aos EUA, tirando US$ 2,1 bilhões da balança.
Para Fabio Silveira, da GO Associados, as exportações são dependentes da dinâmica industrial de outros países. "Diferentemente dos europeus em crise, ainda temos muitas commodities para exportar e vamos seguir fazendo isso. A diferença é que será com preços mais baixos, o que vai afetar o resultado do comércio exterior no médio prazo", diz.


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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Receita agrícola bruta em alta no país

Por Fernando Lopes | De São Paulo
A receita agrícola bruta das principais lavouras brasileiras deverá somar R$ 263,2 bilhões em 2013, conforme previsão divulgada pela GO Associados. Em relação à projeção de junho da consultoria, o novo número é 1,9% superior e representa um novo recorde histórico. Na comparação com o resultado estimado pela empresa para 2012 (R$ 244,3 bilhões), o aumento chega a 7,7%.
Como já apontaram levantamentos anteriores realizados pela própria GO, pelo Ministério da Agricultura e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o faturamento deste ano será novamente puxado pela soja. Carro-chefe do agronegócio nacional, a oleaginosa deverá gerar receita bruta de R$ 79,5 bilhões, 19,7% mais que em 2012.
Esse forte aumento é determinado sobretudo pela recuperação da colheita na safra 2012/13 após a quebra no Sul do país em 2011/12, provocada por uma severa estiagem. A GO estima a colheita em 2012/13 em 81,3 milhões de toneladas, 23,7% acima do volume do ciclo anterior. Mas a consultoria confirma a tendência de queda dos preços do grão neste segundo semestre, em virtude da recomposição da oferta no Hemisfério Norte no ciclo 2013/14, que já está em andamento.
Ainda entre os grãos, a GO passou a projetar a receita do milho em R$ 36,6 bilhões neste ano, aumento de 9,6% sobre 2012. A produção do cereal em 2012/13 foi estimada pela consultoria em 78,2 milhões de toneladas, 9,7% mais que em 2011/12. Em seguida aparecem arroz (R$ 9,2 bilhões), feijão (R$ 8,6 bilhões), trigo (R$ 3,9 bilhões) e algodão (R$ 2,7 bilhões), o único produto desse grupo com previsão de queda de receita.
Entre as culturas perenes, o destaque é a cana. Para a cultura, a GO agora projeta receita bruta de R$ 49,9 bilhões em 2013, 12,1% superior à do ano passado, em parte graças a um aumento de 8% na produção nacional, prevista em 725 milhões de toneladas. Nesse tabuleiro os preços do açúcar continuam deprimidos e as usinas ampliaram as apostas no etanol, cujas exportações para os EUA também estão em alta.
Para o café, cujas cotações internacionais seguem no mais baixo patamar em quase quatro anos, a GO passou a projetar receita bruta de R$ 21,5 bilhões, 36% menos que em 2012 - ainda que a produção vá recuar apenas 600 mil toneladas (pouco para um ciclo de bienalidade negativa como o atual), para 5,5 milhões de toneladas. Para a laranja, a previsão também é de queda da receita (6,4%, para R$ 13,2 bilhões), e para o fumo a projeção é de avanço de 15,3%, para R$ 6,8 bilhões.


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Cenário Economia Brasileira




sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ponto mais fraco do atual governo é a gestão, diz José Serra

Em teleconferência, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou, nesta quarta-feira, 24, que o ponto mais fraco do governo da presidente Dilma Rousseff é a “falta de capacidade de gestão”. Para o tucano, o discurso de que Dilma é uma excelente gestora mostrou-se falso, com falhas na política econômica e fracasso em projetos de infraestrutura.

“Tem havido uma grande facilidade em transformar soluções em problemas”, afirmou, em teleconferência para debater as tendências da economia brasileira, feito pela consultoria GO Associados. "É o fim do ciclo deste modelo lulista de desenvolvimento, e o governo não consegue dar alternativas”, disse.

Mudar para crescer Segundo Serra, há um consenso entre os economistas de que é preciso mudar o modelo de crescimento puxado pelo consumo por um focado nos investimentos, mas o governo federal agiu para fomentar ainda mais o consumo e não avança nas parcerias com o capital privado, disse.

Para ele, é “absurdo” o governo querer colocar um teto na taxa de retorno das empresas para a concessão das estradas. “Procurou-se regulamentar taxa de lucro. É a negação do capitalismo”, afirmou. “A percepção dos riscos regulatórios aumentou, por culpa do governo, por intervenções como as do setor elétrico, e pelas das manifestações. Não se aproveitou a conjuntura dos juros baixos para facilitar as concessões”, disse.

O ex-governador, que foi derrotado duas vezes em eleições para a Presidência, recusou-se a comentar seus planos políticos para 2014. Disse, porém, que é preciso ter um “novo padrão político”, com alianças baseadas em “programas e projetos”, e que o PT agora tem tentado enfraquecer até os aliados mais fortes para se tornar hegemônico.

Serra também não quis comentar a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o fato de a responsabilidade da política econômica ser, em última instância, do presidente da República. “É chato comentar a atuação de uma pessoa”, desconversou.

Fonte: http://www.valor.com.br/politica/3209424/ponto-mais-fraco-do-atual-governo-e-gestao-diz-jose-serra

"Eu não me lembro de um governo com uma equipe tão fraca como o atual", diz Serra

Em conferência com ar de campanha eleitoral, ministro do governo FHC vê fim de ciclo econômico e critica "modelo lulista de crescimento" adotado por Dilma.

O Brasil chegou ao fim de um ciclo econômico antigo, puxado três vezes mais pelo consumo do que pelos investimentos, defendeu José Serra (PSDB), ex-ministro do planejamento e da saúde do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Em teleconferência da consultoria GO Associados, cujo tema foi “Tendências da economia brasileira e desafios para a política econômica”, realizada nesta quarta-feira (24), Serra fez um discurso de certo teor eleitoral, mas não quis responder sobre possível candidatura em 2014, alegando que o público não merecia que o evento se transformasse em discussão eleitoral.

A falta de investimentos nos mais diversos setores - sobretudo em infraestrutura - foi a tônica do ex-governador de São Paulo, que disse que o maior problema do Brasil é de gestão: "A Dilma Rousseff, presidente da República] tinha margem grande pra turbinar o investimento público em infraestrutura e isso não caminhou", disse Serra sobre a atual presidente, que o derrotou nas últimas eleições presidenciais.
Na visão dele, o atual governo representa uma espécie de "mal por lo mismo" (mal pelo mesmo) da gestão que sucedeu, com prioridades indefinidas e ministros com pouco conhecimento dos assuntos que tratam. "Eu não me lembro de um governo com uma equipe tão fraca como o atual. Mesmo o [ex-presidente Fernando] Collor tentou fazer um ministério de mais nível", afirmou. 'Dilma tinha margem grande pra turbinar o investimento público em infraestrutura e isso não caminhou', afirma José Serra (Agência Brasil).

Serra alegou que o País passa por um período de desindustrialização, visto que há uma queda da fatia da indústria de transformação no PIB (Produto Interno Bruto): "chegamos a uma proporção em relação ao PIB semelhante ao pós-guerra, ao passo que registrou-se um aumento na carga tributária e no 'custo Brasil'". A alta carga tributária foi associada ao que o ex-ministro chamou de "modelo lulista de crescimento", na qual foi acrescido o aumento do consumo do governo "não apenas de bens e serviços, mas salários, que aumentaram".

O cenário em que foi registrado declínio da política econômica vigente, na visão de Serra, destaca-se um suposto fim na "bonância externa", com Europa em crise, EUA ainda em recuperação e China em desaceleração, endividamento da família e movimentos cíclicos como o boom da construção civil. "Houve quase uma bolha no Brasil", afirmou.

Câmbio, manifestações e pessimismo O ex-ministro destacou ainda que o Brasil foi o único País a crescer juros dentro do contexto de crise, mas que perdeu uma grande oportunidade no que se refere às políticas cambiais: "jogou-se pela janela uma extraordinária oportunidade: corrigir a taxa de câmbio. Apesar da desvalorização fortíssima, o governo fez o possível para desfazê-la; a economia poderia ter se ajustado a um câmbio novo". Para ele, o mau aproveitamento da sobrevalorização cambial foi fator importante para a aceleração da inflação.

As manifestações populares recentes, na visão de Serra, mostram a face de um governo que não consegue abrir caminho para o novo ciclo - saindo do foco no consumo e partindo para a direção dos investimentos. Quando questionado sobre um suposto esvaziamento do papel da oposição tendo em vista sua participação e o fato de ainda não ter divulgado nomes para as próximas eleições, o tucano preferiu criticar campanhas antecipadas: "eu não acho que a antecipação da campanha eleitoral foi uma boa. A mania de antecipar campanhas eleitorais se instaurou no país; a culpa não foi da oposição. O PT [Partido dos Trabalhadores] quer ser hegemônico no governo. O governo Lula passou dois anos projetando campanha", afirmou.
Serra encerrou a teleconferência, que se estendeu por 40 minutos além do previsto, esboçando forte pessimismo. "As [atuais] políticas governamentais não conseguem abrir caminho para o novo ciclo. A saída básica é fazer as coisas direito. No Brasil, vai ser muito difícil. A herança desse governo para o próximo vai ser muito mais adversa que a anterior", avaliou o ex-governador de São Paulo.

Fonte: http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/2879947/nao-lembro-governo-com-uma-equipe-tao-fraca-como-atual

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Serra diz que herança do governo Dilma será adversa

Ex-governador afirmou também que qualquer governo que sucedesse o governo Lula teria dificuldade enormes

Gustavo Porto - Agência Estado

São Paulo - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou na tarde desta quarta-feira, 24, em conferência organizada pela GO Associados, que a herança do governo da presidente Dilma Rousseff para o próximo “vai ser muito adversa, com nós enormes”, por conta dos problemas fiscais e de infraestrutura. “É uma herança mais adversa da que recebeu, que já era muito adversa”, disse.
Serra afirmou também que, qualquer que fosse o governo que sucedesse o governo Lula, “as dificuldade seriam enormes” para a gestão pública, diante do cenário de crise. “Como candidato a presidente tinha receio de ganhar e enfrentar essas dificuldades”, admitiu Serra, que foi derrotado na disputa com a atual presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições de 2010.
Segundo ele, a situação econômica em 2014 vai continuar “o mais do mesmo”, sem ações para suprir os gargalos de infraestrutura e de outras áreas, como a saúde. “Em vez de consumir o tempo com infraestrutura, consome com satanização dos médicos, com a discussão do plebiscito. O governo joga sempre para piorar as expectativas e isso é impressionante”, afirmou.
O ex-governador repetiu a avaliação de que “o que falta hoje no Brasil é governo” e disse não se lembrar de um time “tão fraco” de auxiliares como o atual grupo de ministros. “Lembra-me os seis últimos meses do governo Jango (João Goulart), ou 1992, no governo Collor”, disse Serra, citando, respectivamente, o ex-presidente deposto pelo golpe militar e o atual senador, que renunciou. “Chefes de executivo que se cercam por gente mais fraca são uma praga na vida pública. Não dá para pedir bom governo, mas é preciso algum governo”, cobrou.
Serra avaliou ainda que a antecipação da campanha eleitoral foi negativa e pediu a unidade grande entre críticos e opositores em 2014, sem citar nomes. “O período precisa ser preenchido com o debate de propostas e menos com candidatura stricto sensu”.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Artigo: A restrição da competitividade na concessão aeroportuária


No âmbito das ações do poder executivo, conhecidas como “pacotes para infraestrutura”, e com a recente publicação da minuta do edital de leilão e do contrato de concessão dos aeroportos internacionais Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, e Tancredo Neves (Confins), em Minas Gerais, ecoa a restrição imposta às empresas que detêm participação acionária nas concessionárias operadoras de aeroportos, cujos serviços foram concedidos no procedimento licitatório realizado para este fim, no primeiro semestre de 2012.
Tal restrição tem sido alvo de críticas, sobretudo, pelo caráter aparentemente limitador da competitividade, ante o argumento de que impedirá a participação de um maior número de playersinteressados e com real capacidade econômico-financeira para fazer frente a empreendimentos da envergadura do objeto da aludida concessão (construção e operação de infraestrutura aeroportuária).
Os principais fundamentos jurídicos suscitados por quem defende a tese da saudável e desejada competitividade têm amparo (i) no inciso IV do artigo 170 da Constituição Federal, que estabelece a livre concorrência como princípio da ordem econômica nacional, e (ii) no inciso I do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei das Licitações (Lei n. 8.666/1993), que privilegia o princípio da competitividade como valor aplicado ao procedimento de seleção do particular que contratará com o poder público.
A propósito, em sede de licitação, não é demais lembrar que o grande mérito de se fomentar a competição reside justamente em uma intuitiva – não absoluta – ideia de que o maior número de agentes econômicos interessados em determinado objeto ou bem público aumenta as chances de se selecionar, entre as propostas apresentadas, a que melhor atenda ao interesse comum. No caso em tela, a livre concorrência (irrestrita) teria aptidão para proporcionar a escolha de propostas comerciais mais vantajosas para a administração pública, especialmente as advindas de concorrentes que já detêm contratos de concessão aeroportuária, cuja vantagem estratégica certamente lhes permitiria apresentar o melhor preço para o objeto licitado. 
A vantagem estratégica, in casu, atributo de quem já participa como concessionário em contrato de concessão aeroportuária, pode ser traduzida pelo ganho de escala obtido com a combinação de distintas variáveis de repercussão econômica, peculiares à atividade, a saber: aproveitamento dos estudos prévios para execução do contrato de concessão e refinamento destes estudos como resultado do início da execução do contrato de concessão (captura dos erros e acertos); compartilhamento de estruturas internas da organização, essenciais para a gestão de vários contratos, por exemplo recursos humanos, assessoramento jurídico, contábil-fiscal, entre outras.
Uma ligeira reflexão embasada nos postulados jurídicos retrocitados permite inferir que a regra restritiva entabulada no edital da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) padece de validade jurídica porque, a priori, conflita com os princípios da livre concorrência da ordem econômica e da competitividade do procedimento licitatório.
Esse entendimento, é bem verdade, pode sofrer alguma relativização quando se está diante de interesses públicos que transcendem a objetivos cerrados em determinada contratação pública. Um exemplo paradigmático que ajuda a esclarecer a ponderação principiológica se refere à contratação realizada pela Petrobras para construção de navios-sonda em estaleiros controlados por empresas de capital nacional, ainda que a opção pela incipiente indústria naval brasileira representasse um relevante aumento no custo da contratação. Por trás desta decisão política de pagar mais por um produto disponível no mercado internacional está a clara intenção do governo brasileiro de fomentar a indústria local e qualificar mão de obra necessária e essencial à exploração das reservas de petróleo na camada do pré-sal.
Retomando o edital lançado pela Anac, a restrição de participação dos atuais concessionários é, pois, uma forma de proporcionar que outras empresas nacionais também possam desenvolverexpertise para executar o contrato de concessão aeroportuária, ao mesmo tempo, demonstra um claro objetivo de impedir a formação de grupos econômicos concentracionários, fenômeno de mercado vedado pela Constituição Federal, conforme disciplina o parágrafo 4º do artigo 173.
Para além desses propósitos, referido edital denota a concepção de um projeto que não apenas permite que empresas brasileiras adquiram conhecimento para operar com tais contratos, mas, também, propicia que, uma vez qualificadas, possam elas explorar essas atividades em outros países, em especial naqueles em que já atuam, como é o caso de Angola, Moçambique, Peru, Colômbia e Panamá.
A toda evidência, uma política concentracionária não se aliaria a um plano de desenvolvimento de mercado nacional com esses propósitos, daí resultando inapropriado que a atual concorrência pública para concessão de aeroportos permita a participação de empresas que já contrataram na primeira rodada de concessões aeroportuárias. A medida proposta na atual concorrência refletir-se-á, a médio e longo prazo, na capacitação de um maior número de empresas nacionais para concorrer livremente em outros mercados. Os resultados certamente traduzirão um ganho para a nação, a ponto de suplantar em dimensão inestimável os recursos que deixaram de ser captados com a simples equação da melhor proposta comercial.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Preços da carne e do pão voltarão a subir

Insumos ficam mais caros no atacado; repasse no varejo ocorre nos próximos meses
Câmbio eleva preço de importados, como trigo; legumes e frutas devem cair e manter inflação perto da média histórica
TATIANA FREITAS, DE SÃO PAULO (Folha de São Paulo)

A alta dos preços agropecuários no atacado deve chegar ao consumidor nos próximos meses. Ele sentirá mais no bolso o peso da carne bovina, do frango e de derivados do trigo, como a farinha, massas e o pão francês.
Após subirem 0,57% em junho, os preços agrícolas no atacado aceleraram para 0,80% em julho, segundo o IGP-10, da FGV.
Para o consumidor, o repasse deve se concentrar em agosto e em setembro, quando o grupoalimentos e bebidas mostrará taxas de 0,16% e 0,49% no IPCA, segundo estimativa da LCA Consultores.
"Considerando a deflação do grupo de 0,27% que deve ser registrada em julho, as altas dos meses seguintes não são desprezíveis", diz Fabio Romão, economista da LCA.
O alívio de julho deve-se a novas quedas no preço do tomate --o vilão da inflação no primeiro trimestre-- e a reduções no valor da batata e de frutas, que subiram acima do habitual nos últimos meses e devem voltar à normalidade.
Nos dois meses seguintes, porém, as carnes e os derivados de trigo exercerão pressão contrária sobre a inflação no varejo. Nas últimas medições de preços no atacado, esses itens estiveram entre os destaques de alta.
Segundo Romão, a inflação de alimentos ficará no teto da média histórica para o período nos próximos meses, mas longe dos patamares de 2012. No ano passado, a seca na América do Sul e nos EUA reduziu drasticamente a produção de grãos, impactando os alimentos em geral.
No IGP-10 divulgado ontem, os preços no atacado dos bovinos subiram 2% em julho, ante deflação de 0,8% no mês anterior. O movimento reflete a alta do boi gordo, de 4% só neste mês, segundo a Informa Economics FNP.
O inverno úmido desestimula a venda de animais para o abate, pois melhora as condições das pastagens, reduzindo a oferta de bovinos para os frigoríficos.
As aves, que aceleraram de -7% para -0,4%, refletem um ajuste na oferta dos animais, depois de os preços do frango terem atingido níveis baixos no início deste ano.
Como os preços da ave viva continuam subindo --pesquisa da Folha aponta alta de 19% em 30 dias em São Paulo--, espera-se novos reajustes no atacado e varejo.
Os derivados de trigo também são candidatos a aumentos de preços. Em sete dias, a saca de 60 quilos do cereal subiu 8% no país, segundo a Folha. Levantamento da GO Associados confirma a tendência, com reajuste de 5% do trigo no atacado em julho.
"O repasse ao consumidor deve chegar entre 30 e 60 dias", diz Fábio Silveira, economista da GO Associados.
Pelo menos 60% do trigo consumido no país é importado, e o principal fornecedor, a Argentina, decidiu barrar as exportações para conter os preços internos de derivados.
A medida encontrou os estoques no pior nível dos últimos anos no Brasil --73% menores do que há um ano. Espera-se aumento de 28% na produção na próxima safra.
"Os preços só devem ceder no último trimestre, com o avanço da colheita", diz Renata Maggian, do Cepea.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Mercado vê inflação menor e juro maior

Por Célia Froufe, O Estado de S. Paulo

Com a redução das tarifas de ônibus fruto dos protestos  nas mas do País no mês passado, o mercado financeiro diminuiu suas projeções de inflação para o curto prazo. Ao mesmo tempo, elevou a estimativa para a taxa básica de juros, a Selic, para 9,50% ao ano ao final de 2014 - a expectativa para a taxa deste ano  foi mantida em- 9,25%*   

As informações constam do  relatório Focus, que consulta cerca de 100 instituições semanalmente para auxiliar o Banco Central na coordenação de expectativas. Os analistas cortaram suas previsões para o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho para 0,20% e, para o de agosto, para 0,30%; O IPCA, calculado pelo IBGE, é o índice oficial para a meta de inflação brasileira.

Esse movimento de desaceleração da inflação, de acordo como economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, é fruto do retorno dos preços de tarifas de transporte aos níveis de 2012 e da devolução da parte da alta dos alimentos vista no início do ano.  

“Um período de inflação muito baixa está se aproximando. É bem provável que o IPCA de julho fique próximo de zero, havendo grande possibilidade até de se verificar deflação, nesse mês”, disse o economista, em relatório.
 Essas reduções de curto prazo, porém, não foram suficientes para aliviar a inflação de prazos mais longos. Para o fim do ano, a pesquisa Focus aponta para uma taxa de 5,8% e, para 2014, de 5,9%, Isso, mesmo com o refresco dado pelo conjunto de preços administrados ou monitorados pelo governo, que caiu de 2,23% para 2% em 2013. 

Na avaliação do diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, isso ocorre porque câmbio e os preços de produtos básicos, as chamadas commodities, ainda são possíveis fontes de alta de preços até lá.

“Existem defasagens. A pressão está menor hoje sobre a inflação por conta de eventos que  ocorreram dois ou três meses atrás”, pontuou o economista. Ele previu uma nova fase de pressão sobre os preços em dois ou três meses, “Os IGPs (índices que são fortes em preços no atacado) já estão mais ‘balofos’ e isso vai bater nos IPCs (índices de preços aos consumidores) lá para setembro” afirmou.


Esse temor com os impactos de mais longo prazo é que levou  os analistas consultados pelo  Banco Central a aumentarem  as expectativas para a taxa Selic no final do ano que vem, A  projeção agora é de uma taxa de  9,50% ao ano em dezembro de 2014. Há um mês, a maior parte  das previsões para o ano que vem estava em 9% ao ano.

 A trajetória de alta dos juros se dará, de acordo com os analistas ouvidos pelo Banco Central  mesmo depois de um crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Pela nona semana seguida, o mercado reviu para baixo a estimativa para a expansão da economia este ano, e agora acredita em  uma taxa de 2,31%.

O mercado não mexeu nas estimativas para a balança comercial. A expectativa é de um superávit de US$ 6 bilhões em 2013  como constava do levantamento anterior, e de US$ 8 bilhões para 2014.
9,25%
é a previsão dos analistas ouvidos pelo Banco Central para a taxa de juros ao final deste ano
9,5%
é a previsão para a taxa de juros ao final de 2014
5,8%
é a previsão da inflação para este ano

5,9%
é a projeção para o IPCA em 2014

2,31%
é a projeção para o PIB este ano

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Desperdício

A cada cem litros de água produzidos, a Cosama, companhia de saneamento do Amazonas, perde 80. O dado é de análise da consultoria GO Associados, feita a pedido do Banco Mundial. A média de perda no Brasil é de 40%. O desperdício por deficiências operacionais é tema de seminário hoje, na FGV do Rio.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Estudo mostra que ganhos com redução do desperdício de água podem chegar a R$ 37 bilhões

Estudo da consultoria GO Associados encomendado pelo International Finance Corporation (IFC), órgão de financiamento ao setor privado do Banco Mundial, mostra que se o Brasil cortasse pela metade o desperdício de água, daqui a 17 anos teria um ganho de R$ 37 bilhões. O valor é equivalente à soma de investimentos do setor ao longo de cerca de cinco anos. Por ano, os aportes do setor oscilam entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões.
O País tem uma perda média de cerca de 40% na oferta de água – seja por falha na conservação da rede de distribuição (traduzida em problemas simples, com canos com furos) ou fraudes nas instalações, os conhecidos “gatos”. Apesar do volume de água desperdiçada ser grande, o Brasil está pouco abaixo da média latino-americana, de aproximadamente 50%. Já o Japão é muito mais eficiente, com uma perda média entre 10% e 12%. A Austrália também apresenta um bom número, 16% de desperdício.
“O setor, na média, tem um baixo conhecimento técnico e institucional para este tipo de perda. Poucas empresas têm esse tema na sua pauta do dia. Muitos preferem investir no aumento da capacidade de tratamento de água à evitar as perdas”, explica Fernando Marcato, sócio da GO Associados.
Segundo Marcato, algumas concessionárias do setor de saneamento têm se esforçado para cortar o desperdício. Parece contraditório, já que quanto maior o consumo de água, maior a receita. O problema, explica, está no fato de que é cada vez mais caro para as concessionárias oferecer esse tipo de serviço por conta da escassez de recurso hídrico.
Em São Paulo, por exemplo, a Sabesp, responsável pelo abastecimento, tem de trazer a água que abastece 365 municípios a uma distância de 80 quilômetros.
Segundo levantamento do Ministério das Cidades, o nível de perdas no Brasil tem caído a uma velocidade muito baixa. Em 2000, segundo a pasta, as perdas eram de 39%. Já em 2009 caíram para 37%.
Uma das propostas do estudo da GO Associados é que os contratos com as concessionárias incluam metas de performance, o que forçaria essas empresas a investirem na redução de desperdício.
Lançamos, hoje, em parceria com a IFC (International Finance Corporation), o Manual sobre contratos de performance para redução de perdas de água e eficiência energética para empresas de saneamento, na FGV-Berrini em São Paulo.



O Manual está disponível em: http://hiria.com.br/html/ifc/MANUAL_PORTUGUES_ALTA.pdf

MANUAL SOBRE CONTRATOS DE PERFORMANCE PARA A REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA É LANÇADO EM BRASÍLIA

A International Finance Corporation (IFC), com apoio da GO Associados, lançou na manhã desta terça-feira, dia 10, na sede da CNI, em Brasília, o Manual sobre contratos de performance para a redução de perdas de água e eficiência energética para empresas de saneamento. O manual visa ajudar as empresas de saneamento na elevação de sua eficiência operacional. De acordo com o IFC, a média de perdas de água no Brasil é de aproximadamente 40%. Em algumas empresas de saneamento estima-se que essas perdas podem superar 60% de toda a água por elas produzida. O documento está dividido em seções que apresentam de forma simples aos gestores públicos e privados como viabilizar um contrato dessa natureza. Essas seções correspondem a três aspectos inerentes a esse tipo de contrato: técnicos, econômicos e jurídicos. Além dessas, o Manual contém um diagnóstico da situação em perdas de água e eficiência energética das operadoras brasileiras de saneamento, as vantagens desses tipos de contrato para tais operadoras, e as principais conclusões que podem ser levantadas pelas recomendações propostas. Também haverá lançamento do manual amanhã, dia 11, em São Paulo, e no dia 12, no Rio de Janeiro.


Redução de perda de água pode gerar ganho bilionário, diz IFC

Por André Borges | Valor

BRASÍLIA  -  A redução pela metade das perdas de água embute um ganho bilionário de receita para as empresas de saneamento. Estudo realizado pela consultoria GO Associados, a pedido da International Finance Corporation (IFC), instituição de financiamento do Banco Mundial voltada ao setor privado, aponta que os ganhos potenciais dessas empresas, baseados em redução de perdas de água e aumento de eficiência energética, poderia chegar a R$ 37,2 bilhões até 2025.
O cálculo leva em conta um cenário otimista, no qual o país conseguiria reduzir em 50% as perdas atuais. Em um cenário em que as medidas tivessem menor efetividade e as perdas caíssem 25%, os ganhos chegariam ainda a R$ 20,9 bilhões. 
Para a IFC, o país ainda precisa ampliar a oferta de financiamento para programas que estimulem a redução de perdas de água. Hoje, a oferta de recursos não está vinculada ao atendimento de metas e entrega de resultados. 
A instituição também defende modelos de remuneração de concessões que não se limitem à tradicional remuneração fixa, mas que também passe a reconhecer o desempenho de empresas, ou seja, o agente privado passaria a ser remunerado com base na entrega de resultados e não apenas pela entrega de serviços.

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Brasil precisa investir R$ 18,5 bi para reduzir perda de água, diz IFC

Valor Online

O Brasil precisa investir R$ 18,5 bilhões até 2025 em infraestrutura de saneamento para que as perdas de água caiam em 50%, situação que colocaria o país no mesmo nível verificado em nações mais desenvolvidas.
O cálculo foi feito pela consultoria GO Associados, a pedido da International Finance Corporation (IFC), instituição de financiamento do Banco Mundial voltada ao setor privado.

Hoje, a ineficiência operacional das concessionárias de saneamento resulta em uma perda média de água de 40%, chegando em alguns casos a 80%. Em concessionárias com melhor desempenho, como a Sabesp, de São Paulo, esse índice cai para menos de 30%.

Segundo o estudo, seria necessário um investimento anual de R$ 1,088 bilhão para que as perdas do país cheguem à média de 20%. Trata-se de um valor elevado para o setor, dada a falta de recursos da maioria dessas empresas, quase a totalidade controlada pelo Estado.

Os problemas mais comuns na distribuição de água estão relacionados a fraudes (gatos na tubulação), furos na rede e deficiências operacionais. O relatório da IFC aponta que a redução para cerca de 20% de perdas colocaria o Brasil no patamar de países como Austrália, onde a média chega a 16%, Espanha (22%) e Reino Unido (17%). No Japão, esse percentual de perda é de apenas 11%.

As alternativas para melhorar gestão das concessionárias do país serão debatidas nesta quarta-feira, em seminário que acontece na Confederação Nacional da Indústria, em Brasília. Nos dias 11 e 12, o seminário acontece em São Paulo e Rio, respectivamente.

Entre os participantes do evento estão Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade e da Sabesp; Eric Corazzi, superintendente da Sabesp; Marcos Thadeu Abicalil, especialista sênior de água e saneamento do Banco Mundial; e Jorge Luiz Sellin Assalie, gerente de saneamento ambiental do BNDES. Representantes do Ministério das Cidades também participarão do encontro.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/brasil-precisa-investir-185-bi-para-reduzir-perda-de-agua-diz-ifc-8981869#ixzz2Yjr215Fy
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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Agora, é a crise de liquidez na China!


Fabio Silveira (*)

Além da expectativa de redução, nos próximos meses, do volume de incentivos monetários nos EUA, os preços internacionais das commodities estarão sob a pressão baixista advinda, agora, da crise de liquidez que assola a economia chinesa.
Apesar das recentes manifestações tranqüilizadoras do Banco Central da China, sabe-se há tempos que o manejo do crédito sempre foi um desafio gigantesco para as autoridades monetárias locais, em virtude não apenas da enorme extensão territorial e complexidade econômica do país, mas também do domínio ainda insuficiente de técnicas de concessão de empréstimos.

No momento, é impossível aferir a extensão e profundidade da referida crise. É certo apenas, pelo peso já adquirido pela economia chinesa nos mercados, que houve aumento considerável da chance de haver um “mergulho dos preços” dos ativos globais no biênio 2013-14. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Aumento de investimento terá novamente qualidade discutível no 2Tri13

Fabio Silveira (*)

No 1Tri13, segundo o IBGE, o investimento brasileiro aumentou 3% frente ao 1Tri12. Esse bom resultado, todavia, deve ser visto com cautela. Isto porque, segundo a ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), no mesmo período, o faturamento real dessa indústria diminuiu 7,9%.
Na verdade, o referido avanço do investimento foi sustentado, em boa medida, pela elevação extraordinária da produção de caminhões. Nos três primeiros meses de 2013, a produção deste setor cresceu 39%, por conta da reduzidíssima base de comparação existente em 2012, quando o número de caminhões teve queda drástica, provocada pela mudança na legislação ambiental relativa aos motores deste tipo de veículo.
Por motivo metodológico, a evolução do investimento (ou da Formação Bruta de Capital Fixo – FBKF) nas Contas Nacionais do IBGE é influenciada também pelo desempenho do segmento de caminhões.
Para o 2Tri13, estima-se que o faturamento real da indústria de máquinas e equipamento ainda transite em terreno negativo, apesar de seu maior dinamismo no período Abr-Mai13, recuando cerca de 2,8% em comparação com o 2Tri12. Também para o 2Tri13, prevê-se que a produção de caminhões continue crescendo de modo expressivo, superando até o incremento de 39% observado no primeiro trimestre deste ano.

Nessas condições, para o 2Tri13, espera-se que o investimento brasileiro registre novamente evolução considerável (+ 3,7%). Porém, à exemplo do ocorrido no 1Tri13, deverá tratar-se de ampliação de qualidade discutível da base produtiva nacional.

Em seis meses, exportação de plataformas bate recorde anual

Por Marta Watanabe e Rodrigo Pedroso | De São Paulo
De janeiro a junho a exportação brasileira de plataformas de petróleo somou US$ 2,43 bilhões e bateu o recorde anual de embarques do item. Levantamento da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB) desde 2000 mostra que o maior valor anual embarcado foi de US$ 1,49 bilhão, em 2008. A exportação de uma plataforma alterou de forma expressiva o desempenho da exportação em junho.
Em junho o total exportado pelo Brasil cresceu 9,7%, contra mesmo mês de 2012, na média diária. No mesmo critério, excluindo a plataforma, a alta cai para 1,3%. José Augusto de Castro, presidente da AEB, destaca que sem a plataforma a exportação de manufaturados caiu 5% em junho. Com a plataforma, a elevação foi de 18%. "Consideramos razoável tirar a plataforma da conta porque ela é meramente contábil, já que não há saída física", diz Rafael Bistafa, da Rosenberg Associados. "Isso mostra a exportação em junho não foi tão boa assim."
Os analistas também relativizam o resultado das importações. A importação total em junho, contra igual mês de 2012, cresceu apenas 1,5%, abaixo da elevação de 8,4% no acumulado dos seis primeiros meses. Em junho, porém, o que pressionou as importações para baixo foram os combustíveis e lubrificantes, único grupo com sinal negativo na importação dentre as categorias de uso. Subtraindo os combustíveis da conta, as importações cresceram 11,9% em junho, contra mesmo mês de 2012.
Mesmo com o superávit de US$ 2,39 bilhões da balança de junho, a RC Consultores reduziu a expectativa de superávit para o ano de US$ 7,5 bilhões para US$ 6 bilhões, com viés de baixa. Paulo Rabello de Castro, sócio da RC, diz que a nova estimativa foi levou em conta a queda de preços das commodities.
Mais otimista, Fabio Silveira, da GO Associados, diz que o resultado de junho aponta perspectiva mais favorável. Para ele, a alta do dólar, a desaceleração esperada para a atividade doméstica e a entrada com mais força da produção do agronegócio na exportação do segundo semestre inverte o cenário da primeira metade do ano. "Sazonalmente, agora entramos em um período bom para o agronegócio, de vendas de safra. Pelo lado das importações, acabaram os registros de importações de petróleo realizadas ano passado, que estavam fazendo diferença no resultado", afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, que estima superávit comercial de US$ 9,5 bilhões em 2013.
Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/3181662/em-seis-meses-exportacao-de-plataformas-bate-recorde-anual#ixzz2XtFUNf61