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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Arroz e feijão engordam bolso do produtor

Receita das duas lavouras deve somar R$ 20,8 bilhões este ano e crescer 15%

Por: Márcia De Chiara
Fonte: Estadão
O arroz e o feijão, tidos como os primos pobres da agricultura, podem engordar o bolso do produtor este ano. A receita com a safra dessas duas lavouras deve somar R$ 20,8 bilhões em 2014 e crescer cerca de 15% em relação a 2013, segundo as projeções da consultoria GO Associados.

Essa taxa de expansão é a mesma esperada para a renda obtida com a soja, que continua sendo o pilar do agronegócio e responsável por quase um terço da receita agrícola projetada de R$ 296,5 bilhões para este ano, que será 8% maior do que a de 2013 (R$ 273,9 bilhões). Para chegar a essa cifra de receita total da agricultura, a consultoria considerou as expectativas de produção e preços para dez produtos (algodão, arroz, feijão, milho, soja, trigo, café, cana, fumo e laranja) e levou em conta dados de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de preços da Fundação Getúlio Vargas.

"Se não fossem o arroz e o feijão, o crescimento da receita agrícola deste ano seria menor", afirma o diretor de pesquisas da GO Associados, Fabio Silveira. Ele observa que tanto um quanto outro abriram o ano-safra 2013/2014 com estoques reduzidos, ajudando nos preços.

"Este é o melhor ano da história do arroz", diz Claudio Pereira, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), órgão do governo do Rio Grande do Sul. O Estado é o principal produtor e responde por 65% da safra nacional projetada para este ano em 12,3 milhões de toneladas. O preço médio da saca no ano-safra 2013/2014 foi de R$ 35. Esse valor é 25% maior do que o alcançado no ano safra anterior (R$ 25).

Para o produtor de arroz José Mathias Bins Martins, que cultiva 1.250 hectares de arroz irrigado em Mostardas (RS), nos últimos meses o preço do arroz ficou relativamente estável num patamar elevado. Isso deu segurança e criou a oportunidade para que o agricultor se planejasse. "Não me lembro de um ano como esse", afirma o agricultor, que planta soja desde 1987.

Além dos estoques baixos, o bom momento da rizicultura é resultado de outros fatores. João Batista Camargo Gomes, presidente da Cooperativa Arrozeira de Palmares, que fica no litoral norte do Rio Grande do Sul, diz que a exportação do produto modificou o quadro de suprimentos e enxugou a oferta. O presidente do Irga conta que em 2013 foi exportado 1,2 milhão de toneladas de arroz, 10% do consumo nacional, para países da África e da América Latina. "Antes a exportação não passava de 200 mil toneladas."

Também a rotação de culturas, isto é, o plantio de soja em áreas de arroz, mas sem reduzir a área plantada de arroz, que se expandiu em detrimento de outras atividades, deu mais fôlego ao agricultor na hora de vender o grão. É que os bons preços da soja e a liquidez do produto permitem que o agricultor adie a venda do arroz e só comercialize o grão quando o preço estiver favorável. Nas contas de Pereira, do Irga, há no Rio Grande do Sul 300 mil hectares que antes eram semeados com arroz e hoje são ocupados pela soja.

Feijão

No caso do feijão, o cenário da renda também é favorável, na avaliação de Silveira, da GO. Ele observa que a expansão da receita de 2014 será puxada só pelo aumento da produção, de 14%, totalizando 3,3 milhões nas três safras, uma vez que ele projeta estabilidade de preços.

Essa avaliação, porém, não é compartilhada pela economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Tânia Moreira. Segundo ela, o avanço da produção de feijão, estimulado pelos bons preços de janeiro de 2013, derrubaram as cotações do produto e só o aumento da quantidade não deve sustentar o avanço na receita.

Já a receita do milho deve encolher cerca de 1% este ano, segundo Silveira. Isso impedirá que a agricultura atinja em 2014 uma renda maior. Nos últimos anos a dobradinha soja/milho impulsionou o agronegócio e neste ano só sobrou a soja.

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