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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Câmbio ajuda a melhorar rentabilidade do exportador

Por Marta Watanabe | De São Paulo

A desvalorização do real frente ao dólar mais intensa de junho a agosto melhorou a rentabilidade das exportações, e praticamente anulou as perdas acumuladas no restante do ano. Em julho, a margem dos exportadores aumentou 1,3% na comparação com igual mês do ano passado. Em agosto, a alta foi de 3,2%. No acumulado dos oito primeiro meses, porém, a rentabilidade ainda recua 0,2%.
Após ultrapassar R$ 2,35 em agosto, a taxa de câmbio voltou a cair e parte dos ganhos dos últimos dois meses pode desaparecer até o fim do ano. Mesmo assim, a estimativa dos analistas é que a taxa média de câmbio em 2013 seja mais alta que a média de R$ 1,96 do ano passado, o que possibilita recuperação, embora pequena, na margem de ganho das exportações. De janeiro a agosto, o dólar valeu, em média, R$ 2,10. Para o fim do ano, a média dos analistas consultados pelo Banco Central, segundo o último relatório, projeta câmbio em R$ 2,37.
Nos últimos meses, a depreciação do real compensou outros fatores que puxavam a rentabilidade para baixo: redução de preços de exportação, muito influenciada pelas commodities, e a elevação de custos de produção.
Segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), de janeiro a agosto, o recuo de 0,2% na margem de lucro do exportador ocorreu mesmo com uma desvalorização acumulada da taxa de câmbio nominal de 10,1%. O que neutralizou o efeito da desvalorização do real na rentabilidade das exportações foi a queda, também no acumulado, de 3,1% nos preços e a elevação de 6,8% no custo de produção.
Ricardo Markwald, diretor-geral da Funcex, lembra que o período de janeiro a agosto contempla as taxas de câmbio em que o real atingiu o patamar mais desvalorizado em relação ao dólar. Os dados de setembro devem mostram, porém, uma mudança de quadro, já que a moeda nacional valorizou-se após a decisão do Fed (banco central americano) de manter a política monetária de juros baixos e os estímulos à economia americana.
Para o ano, Markwald estima tendência muito pequena de ganho na margem do exportador. A valorização mais recente do real perante o dólar deve retirar parte da elevação de rentabilidade dos últimos meses. "Ao mesmo tempo, o custo de produção deve manter a pressão dos níveis atuais e a redução de preços de exportação deve ficar mais amena, com a recuperação de preços de commodities importantes, como o minério de ferro."
Rodrigo Branco, pesquisador associado ao Centro de Estudo de Estratégias de Desenvolvimento (Cedes/UERJ), lembra que no mês de agosto os preços médios de exportação levantados pela Funcex mantiveram tendência de recuo, com queda de 6,1% contra o mesmo mês de 2012. Os dados do acumulado do ano mostram que a redução de preços está difundida entre os diversos setores. Dos 29 segmentos de atividade que a Funcex acompanha, em 19 houve queda de preços.
Branco chama a atenção para o recuo do preço médio de exportação de semimanufaturados. Nesse grupo, o preço caiu 10,8% no acumulado de 12 meses encerrados em agosto, na comparação com 12 meses anteriores. Essa retração, diz Branco, foi puxada principalmente pelos preços dos alimentos e da metalurgia. O preços dos alimentos caíram sob influência de cotações menores de algumas commodities, como o açúcar. "Na metalurgia, a queda de preços vem da desaceleração da China, que contribui para o excesso de estoques mundiais de aço".
Mesmo com a intensificação da redução de preços de exportação, afirma Branco, há tendência de ganho médio, embora pequeno, de rentabilidade das vendas ao exterior no ano. Apesar da recente valorização do real frente ao dólar, diz Branco, essa tendência deve se manter. "Não estamos mais no patamar de dólar a R$ 2,40, mas sim mais próximos de R$ 2,20. A desvalorização do real no ano talvez fique menos importante, mas ainda assim teremos um câmbio médio este ano maior que o de 2012."
Fabio Silveira, economista da GO Associados, tem opinião semelhante. A taxa média de câmbio, mesmo mais baixa do que se imaginou em algum momento, estima ele, ficará mais desvalorizada, o que contribuirá para uma rentabilidade média das exportações um pouco maior que a do ano passado. O economista projeta uma taxa média de câmbio em 2013, com dólar entre R$ 2,15 e R$ 2,20.
"Se for R$ 2,15, já teremos uma elevação de cerca de 10% em relação à média do ano passado", calcula Silveira. Outra variável importante no ganho de rentabilidade, o custo de produção, também tem contribuído, diz Branco. Apesar de continuar ascendente, o custo de produção sobe em ritmo menor.

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http://www.valor.com.br/brasil/3293576/cambio-ajuda-melhorar-rentabilidade-do-exportador#ixzz2gmn8PqtS

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