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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O baixo desemprego de hoje e as contas externas de amanhã


A taxa de desemprego situou-se em 5,3% em agosto, segundo o IBGE. Foi menor que a do mês anterior (5,6%). Trata-se efetivamente de um bom resultado, que deveu se, quase todo, à redução do número de pessoas desocupadas (-6,0%), já que a população economicamente ativa registrou evolução ínfima (0,03%). Essa melhora apoiou-se, sobretudo, no desempenho econômico favorável dos setores de serviços e comércio, que responderam por cerca de 90% dos 127,6 mil empregos líquidos gerados em agosto. A indústria teve, de novo, contribuição discreta. 

Para os próximos meses, espera-se o aumento da contribuição relativa da indústria, por conta, sobretudo, da desvalorização da taxa de câmbio, que, ao estimular exportação e inibir importação, abriu algum espaço para a expansão de postos de trabalho no setor. De todo modo, no curto e médio prazo, é inescapável que o peso relativo da indústria na dinâmica do mercado de trabalho nacional seguirá sendo exageradamente pequeno para o estágio atual do desenvolvimento econômico do País.

Achando-se talvez já pronta para frequentar as rodas sociais do restrito clube das avançadas sociedades do conhecimento, a “alma brasileira” desdenha precocemente da importância do setor
secundário no equilíbrio macroeconômico de longo prazo. Trata-se de um grave erro de estratégia, cujo preço a pagar amanhã poderá ser bastante salgado.

As contas externas brasileiras vivem um momento ruim, pois, entre outros motivos, a exportação de industrializados ex-agronegócio tem relevância diminuta. Neste ano, lograremos minguado superávit comercial de US$ 2 bilhões, por obra não apenas da estupenda competitividade das cadeias de soja, carnes, cana-de-açúcar, entre outras, mas também da vigência de preços “turbinados” nos mercados internacionais desses produtos. Mas é preciso lembrar que as economias vivem ciclos e, em algum momento do futuro, os preços de tais commodities serão corrigidos para baixo.
DIRETOR DE PESQUISA ECONÔMICA DA GO ASSOCIADOS

Fonte: Caderno Economia & Negócios - Estado de São Paulo

Data:27/09/2013

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