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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Câmbio eleva defasagem no preço da gasolina

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
A desvalorização cambial dos últimos meses, aliada à manutenção dos preços do petróleo no mercado internacional, fez com que disparasse a defasagem, em reais e na média de julho, dos preços da gasolina e do diesel praticados no mercado interno, em comparação com aqueles adotados no exterior. Apesar de não ser novidade a Petrobras importar combustíveis e vender mais barato no mercado interno, há uma diferença no movimento atual, segundo analistas. Como a perspectiva para os próximos meses é de permanência de um cenário de menor lucratividade à estatal, há projeção de aumento em até 10% do preço do óleo diesel até o fim do ano.
Depois de a defasagem da gasolina atingir 9% na média de abril, no mês passado a distância entre preços internos e externos chegou a 23%, segundo levantamento da GO Associados. A última vez em que a diferença ficou acima dos 20%, em abril do ano passado, a distância entre preços voltou no mês seguinte ao patamar médio, que gravita em torno dos 10%. Contudo, no acumulado de fevereiro - quando houve o último reajuste da gasolina - a julho, a defasagem ficou em 13,5%, abaixo dos 21% registrados no mesmo período do ano anterior.
O diesel também foi afetado pelo dólar a R$ 2,25 na média de julho e a defasagem ficou em 10%. Em maio, o litro do combustível era vendido 4% acima do praticado no exterior, já que o barril do petróleo permaneceu estável ao redor de US$ 100 e a moeda norte-americana registrou média de R$ 2,04.
Para Fabio Silveira, economista da GO Associados, a defasagem da gasolina "atingiu nível crítico", na comparação com os preços praticados no Golfo do México. A média do litro na América do Norte é utilizada como referência para preços internacionais em função da importância da região e da proximidade com preços praticados em outras praças globais de venda e refino petróleo.
O aceno com a diminuição dos estímulos do governo norte-americano à economia do país é um dos fatores principais que compõem o cenário de manutenção ou desvalorização do real frente ao dólar até o fim do ano. "Não há nada que indique que o câmbio vai voltar a se valorizar. Já foi retirada a Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] e aumentada a mistura de etanol na gasolina. A única forma de minimizar a diferença é o câmbio, que não vai ajudar neste ano", diz Silveira.
Quando a gasolina ou o diesel ficam mais caros lá fora em relação à venda da produção nacional, a principal perda para a Petrobras se dá no repasse às distribuidoras de combustíveis, que não pagam o total desembolsado pela estatal ao importar os produtos. De janeiro a maio deste ano - último mês com dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) - a importação de gasolina A, utilizada pelos automóveis brasileiros, aumentou 34% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a mais de 14 milhões de barris. A importação de petróleo e derivados de janeiro a julho chegou a US$ 21,3 bilhões, já descontados os US$ 4,5 bilhões de registros referentes a compras externas realizadas em 2012.
A gasolina não tinha relação favorável à Petrobras desde dezembro de 2010, quando a gasolina nacional era vendida por R$ 1,05, dois centavos acima do litro vendido no Golfo do México. O controle nos preços dos combustíveis serve mais para segurar a inflação do que para aumentar o lucro da estatal, segundo Luiz Caetano, economista da Planner Corretora. "O que existe hoje é uma defasagem exacerbada pelo câmbio. Não houve grande variação dos preços em dólar da gasolina, do diesel e do petróleo cru. O futuro vai depender basicamente da variação do dólar", afirma.
A desvalorização cambial ganhou força nos últimos dois meses, período em que a Petrobras registrou aumento da produção de petróleo, que havia caído desde o início do ano em função de paradas de plataformas para manutenção e da queda de rendimento de poços maduros. Atualmente, a estatal tem produção diária de cerca de 2,1 milhões de barris.
Walter de Vitto, analista da Tendências Consultoria, diz que o apetite do mercado interno e a produção no limite das refinarias instaladas, contudo, não devem tornar dispensável o aumento no preço de pelo menos um dos combustíveis. "Obviamente que quando se fala no crescimento da distância entre os preços há reflexos no caixa da Petrobras, que vai precisar calibrar essa diferença", diz.
Como um aumento da gasolina "teria um custo político muito alto", em função da inflação perto do teto da meta e da impopularidade da medida, a consultoria estima majoração entre 5% e 10% do diesel até o fim do ano. "Apesar de chegar a todo mundo, não é um aumento de custo direto, pois ele vai ser embutido no preço do frete das mercadorias", diz Vitto.


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