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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Sem queda de 1,9% na agropecuária, PIB teria crescido 0,7% no terceiro trimestre



RIO - O tombo de 1,9% na Agropecuária no terceiro trimestre frente ao trimestre anterior surpreendeu analistas e roubou crescimento do PIB. Pelos cálculos do economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, o PIB teria crescido 0,7% e não 0,1%, não fosse o desempenho do setor que sofreu efeitos da estiagem sobre safras importantes como cana de açúcar e café. A expectativa da consultoria é que setor permanecesse estável no período.

— Apesar de pesar pouco no PIB, a agropecuária tem variado muito, com uma volatilidade comparável ao das passagens aéreas no IPCA — afirma Borges.

O desempenho da agropecuária fez com que a LCA revisasse para baixo o crescimento esperado para o PIB neste ano de 0,4% para 0,2% e também o do ano que vem, de 1,1% para 1%.

CAFÉ E CANA PESAM NO PIB AGRÍCOLA

O resultado na comparação com o segundo trimestre surpreendeu a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que previa queda de, no máximo, 0,6%.

— Pesou bastante a estimativa de queda de produção do café e da cana, que são bastante representativos dentro do escopo da agropecuário. Capitalizaram o resultado negativo — afirma Renato Colchon, economista da CNA

Para analistas do setor, a agricultura colheu, no terceiro trimestre, as consequências da seca que começou a atingir o país no fim do ano passado. A principal lavoura afetada foi a do café. Segundo estimativa do IBGE, a produção de café deve recuar 6,6%. De acordo com os especialistas, a colheita, que normalmente ocorre no inverno, foi prejudicada porque o período de floração, entre dezembro e fevereiro, foi de seca.

O IBGE destaca também a queda da produção de cana, terceira lavoura mais importante da agricultura brasileira. De acordo com os dados do instituto, a expectativa é de recuo de 5,9%. No caso da cana, além da seca, o setor enfrenta dificuldades por causa da falta de rentabilidade do etanol, que competa com a gasolina, cujo preço é controlado pelo governo.

— A cana foi afetada por dois fatores. Além do clima, essa cultura está sendo prejudicada pelo enfraquecimento do etanol. Você tem um problema de rentabilidade que se estende há muito tempo, que é um fator de inibição da atividade — explica Fábio Silveira, economista da consultoria Go Associados.

Para ele, o desempenho do café não deve se recuperar no ano que vem. Isso porque o produto é uma cultura que os especialistas chamam de bianual: um ano positiva, outro negativa. A expectativa era que esse ano fosse o bom, mas a seca da primavera do ano passado quebrou esse ciclo. Agora, espera-se que mais um ano fraco para a plantação.

— O café não tem como expandir rapidamente a sua oferta porque teve problemas e estiagem forte. Até recuperar leva um tempo. Não se planta e colhe café como se planta e colhe soja. Não há expectativa de recuperação de produção para 2015 — diz Silveira.

Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que a queda no preço das commodities influenciou o resultado. Para ele, é muito muito cedo para estimar o desempenho do setor no ano que vem:

— Tem vários fatores que devem interferir, como o clima. A expectativa da Conab é de aumento da safra, mas é muito cedo.




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