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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Economia brasileira cai no 2º tri e reforça possibilidade de recessão

Camila Moreira, Reuters, 
A economia brasileira recuou 1,20 por cento no segundo trimestre sobre o primeiro, ao cair 1,48 por cento em junho sobre maio, indicando que a economia brasileira pode ter entrado em recessão no primeiro semestre do ano e sem perspectivas de recuperação com vigor em breve.
No primeiro trimestre, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,02 por cento em relação aos três meses anteriores, número revisado nesta sexta-feira, de alta de 0,03 por cento informada antes.
Ao mostrar dois trimestres seguidos de contração, a economia entra em recessão técnica. O resultado de junho veio pior do que o esperado em pesquisa Reuters, cujas projeções indicavam recuo mensal de 1,30 por cento.
A queda de junho do indicador --considerado espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB)-- foi a quinta seguida na comparação mensal, com contrações de 0,8 e 0,01 por cento em maio e em abril, respectivamente. Foi também o pior resultado mensal desde maio do ano passado.
Logo após a divulgação, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton de Araújo, buscou evitar conexão direta entre o IBC-Br e o PIB, afirmando que "não é correto afirmar, nem informar, com base no IBC-Br, que a variação do PIB foi negativa no segundo trimestre".
Participando de evento em São Paulo, ele destacou que a projeção do BC para o PIB é a que consta do Relatório de Inflação, de expansão de 1,6 por cento para 2014. O mesmo vale para as contas sobre a inflação.
INDÚSTRIA E VAREJO
O IBC-Br é mais uma indicação de perda de força da economia brasileira no segundo trimestre, já reforçada pelos resultados do varejo e da indústria que, respectivamente, recuaram 2 e 0,6 por cento sobre o primeiro trimestre.
Em junho destacadamente notaram-se os efeitos negativos da Copa do Mundo sobre ambos os setores, devido à redução de dias úteis e fechamento do comércio.
"O fato é que a economia já vinha em processo acentuado de enfraquecimento nos últimos meses e, sobre esses fatores, somaram-se as paralisações e feriados por conta da Copa", disse o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira. "A Copa foi o tiro de misericórdia".
As expectativas dos especialistas, ouvidos em pesquisa Focus do BC, são de que o PIB crescerá apenas 0,81 por cento em 2014, bem aquém dos 2,5 por cento vistos em 2013. O cenário deste ano, em que a presidente Dilma Rousseff busca a reeleição, também envolve inflação e juros elevados, além de baixa confiança dos agentes econômicos.
Os dados oficiais do IBGE são de que o PIB cresceu apenas 0,2 por cento no primeiro trimestre sobre os últimos três meses de 2013. Mas boa parte dos analistas não descarta a possibilidade de que esse número seja revisado para mostrar contração com a divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre, marcada para o próximo dia 29.
"Temos uma situação que mostra estrangulamento da capacidade produtiva, e não conseguimos ver à frente melhora muito rápida porque precisaria haver mais investimentos", disse o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.
Para ele, o segundo trimestre deve ter queda de 0,1 por cento sobre os três meses anteriores e o dado do primeiro trimestre seria revisado para zero, embora não descarte números piores.
O IBC-Br de junho teve queda de 2,68 por cento na comparação com igual período de 2013 e acumula alta de 1,41 por cento em 12 meses, ainda segundo dados dessazonalizados.

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