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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Especialista analisa déficit da balança comercial: ‘Vamos ter pressão de alta no câmbio’

Para Fábio Silveira, diretor da GO Associados, indústria fraca não consegue compensar perda em commodities

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Por que a balança comercial tem tido resultados tão ruins?
Houve uma redução na receita com exportações, por causa da queda nos preços das commodities. E a desvalorização cambial que ocorreu não foi suficiente para estimular as exportações de produtos com maior valor agregado. Estamos prevendo para 2014 um déficit de US$ 3 bilhões na balança comercial. Não tínhamos resultado negativo desde o fim da década de 1990.

Será um resultado até pior do que no auge da recente crise internacional, em 2008?
As commodities têm uma participação muito relevante nas exportações brasileiras e estão com preços mais baixos do que em 2008 e 2009, após a crise financeira internacional. E nossa indústria está mais enfraquecida, com menor poder de exportação e não tem como compensar a perda das commodities. Depois de vários anos submetida a condições anormais, carga tributária elevada e dificuldades de financiamentos, nossa indústria não consegue reagir e não tem condições de fazer face à competitividade de lugar nenhum do mundo.

O que o déficit comercial significa para a economia do país como um todo?
Significa que a gente vai estar com pressão altista no câmbio, por causa das contas externas negativas. A situação só não fica mais dramática porque o país tem muitas reservas, cerca de US$ 370 bilhões, o que traz algum fôlego para abastecer a demanda interna por dólares. Porém isso não vai se sustentar para sempre. O que não pode acontecer é uma piora dramática na balança comercial, porque geraria desconfiança em relação à capacidade de pagamento do país. Uma coisa que incomoda é os EUA estarem num processo de aspiração de dólares em escala global, com perspectiva de subir juros, o que pode fazer o Brasil deixar de ser atraente para os investidores. Nós fizemos muita bobagem, mas as economias desenvolvidas também precisam agir de forma coordenada. O processo de atração americana não pode ser brusco a ponto de sacudir a relação financeira de toda a economia mundial, abalando países como Brasil, Tailândia, África do Sul e Índia, num processo de crise semelhante aos que já vimos antes e que não interessa a ninguém.

http://oglobo.globo.com/economia/especialista-analisa-deficit-da-balanca-comercial-vamos-ter-pressao-de-alta-no-cambio-11494141


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