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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Commodities perdem fôlego no 1º semestre

Seis das oito principais commodities agrícolas comercializadas pelo Brasil no exterior vão encerrar este primeiro semestre com cotações médias inferiores às registradas entre julho e dezembro do ano passado, conforme cálculos do Valor Data com base nos contratos futuros de segunda posição de entrega negociados nas bolsas de Chicago (milho, soja e trigo) e Nova York (açúcar, algodão, cacau, café, suco de laranja).
Com ofertas relativamente confortáveis ou em processo de recomposição, açúcar, café, cacau, soja, milho e trigo sentiram os reflexos das debilidades europeias, da desaceleração chinesa e da lenta recuperação americana sobre a demanda e perderam sustentação. Algodão, com produção global em queda, e suco, que refletiu as adversidades climáticas e fitossanitárias na Flórida foram as exceções.

A valorização do dólar em junho passou a exercer pressão baixista sobre as cotações de todos esses produtos, em parte porque as commodities produzidas nos Estados Unidos perderam competitividade no exterior com a variação cambial, e as perspectivas para o segundo semestre são, em geral, negativas para as cotações, uma vez que não há sinais claros de significativo fortalecimento da cambaleante economia global no curto prazo.
Fábio Silveira, economista da GO Associados, projeta uma queda da ordem de 4% no índice internacional de commodities CRB em todo o ano de 2013 na comparação com 2012, graças a um aprofundamento da curva de baixa até dezembro. Se a tendência de queda se confirmar, os exportadores brasileiros tendem a encontrar alguma compensação com o dólar mais forte. Em contrapartida, a prevista redução do peso dos alimentos na inflação do país no segundo semestre, dada como certa há meses, enfrentará limitações.
No campo inflacionário, as atenções estão voltadas para o comportamento dos preços dos grãos, básicos na alimentação. E a recomposição da oferta segue seu caminho, ainda que o "mercado de clima" que acompanha o plantio e o desenvolvimento das safras dos EUA quase sempre ofereça suporte às cotações em Chicago sobretudo nos meses de maio, junho e julho. Neste ano não foi diferente. E, em meio à volatilidade provocada pelas previsões meteorológicas para o Meio-Oeste americano, a soja encerra junho com preço médio maior que o de maio, enquanto milho e trigo apresentam quedas, mas modestas.
Com a alta de 2,95% (o balanço do Valor Data foi fechado no dia 27), a oleaginosa, carro-chefe do agronegócio brasileiro, passa a acumular baixa de apenas 0,89% em relação à média de dezembro e alta de 2,63% na comparação com a média de junho de 2012. Mesmo com valorizações em maio e em junho, a cotação média da commodity no primeiro semestre é 9,6% menor que a do segundo semestre do ano passado, mas sobe 4,93% em relação ao intervalo entre janeiro e junho de 2012.
No mercado de milho, o preço médio dos contratos futuros de segunda posição de entrega em junho recua 3,73% sobre maio e passa a registrar queda de 13,4% em relação a dezembro. Na comparação com junho de 2012, ainda há alta de 4,85%. Assim, a média deste primeiro semestre é 13,4% inferior à registrada entre julho e dezembro do ano passado, mas 7,33% superior à média dos seis meses anteriores.
Entre outras finalidades, milho e soja compõem as rações animais, e a disparada de ambos no segundo semestre de 2012, reflexo das estiagens que prejudicaram as colheitas na América do Sul na safra 2011/12 e nos EUA no ciclo 2012/13, apertou as margens dos frigoríficos e gerou aumentos das carnes nas gôndolas. Daí porque agora, depois da boa colheita sul-americana em 2012/13 e da até agora inabálavel tendência de recomposição da oferta americana, o espaço para quedas mais fortes se consolida - ainda que a divulgação de novos números sobre estoques nos EUA, nesta sexta-feira, possa conferir fôlego aos preços nas próximas semanas.
Em Chicago, os contratos futuros de soja e milho para entrega em setembro, por exemplo, já vêm sendo negociados por valores entre 15% e 20% menores que os dos papéis para entrega em julho. Nesta semana, a "Oil World" confirmou que o potencial de baixa da soja é grande. A respeitada publicação alemã sobre o mercado de oleaginosas prevê que, entre julho deste ano e junho de 2014, o preço médio da soja em grão ficará em cerca de US$ 480 por toneladas, menor nível em quatro anos. A tonelada para entrega em outubro em Roterdã está em quase US$ 510.
O trigo, mesmo com um quadro global de oferta já menos apertado, tem oscilado em linha com o milho, sobretudo porque pode ser usado como alternativa ao "rival" em rações. Em Chicago, o preço médio do trigo fecha junho em queda de 1,24% sobre maio e registra queda de 14,94% em relação a dezembro e alta de 3,65% na comparação com junho de 2012. Sua cotação média entre janeiro e junho é 17,2% menor que a do segundo semestre do ano passado e 10,77% superior à média verificada nos seis meses anteriores.
Entre as "soft commodities" negociadas na bolsa de Nova York, os destaques são as contínuas deteriorações das cotações de cacau, açúcar e café. Com clima favorável e ânimos políticos arrefecidos entre os produtores do oeste da África, o cacau encerra este primeiro semestre com a menor média semestral desde o período de julho a dezembro de 2007. No mercado de açúcar, que sofre a pressão das perspectivas de aumento da produção no Brasil, o patamar é o mais baixo desde o primeiro semestre de 2009, enquanto no café, com oferta global abundante, o nível é o menor desde o intervalo entre os meses de janeiro e junho de 2010.
Exceções, os preços de algodão e suco tiveram um primeiro semestre positivo em 2013. No algodão, que se recupera das fortes baixas do ano passado, a alta sobre o segundo semestre de 2012 chega a 15,5%, mas sobre o primeiro semestre do ano passado há baixa de 1,65%; no suco, a média deste semestre é a maior desde a primeira metade de 2007. 

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