Pesquisar este blog

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Apesar de preços em queda, safra 2014/2015 deverá crescer

Colheita deverá atingir 198,5 mi de toneladas e proporcionar maior renda ao produtor rural e redução da inflação.
Mesmo com a forte retração dos preços de soja, milho e algodão registrada nas últimas semanas, a próxima safra brasileira de grãos, que será plantada em setembro e colhida em março do ano que vem, deve crescer e atingir 198,5 milhões de toneladas, segundo projeções da consultoria GO Associados.
Esse maior volume de produção pode segurar a inflação de alimentos e garantir rentabilidade ao agricultor, mesmo com o cenário adverso neste momento, prevê o diretor de pesquisa da consultoria, Fabio Silveira.
Com semente, fertilizante e defensivos em casa, comprados quando os preços das commodities estavam em alta e mais favoráveis ao bolso do produtor, a expectativa é que a área plantada de soja cresça cerca de 3%, atingindo 31 milhões de hectares na safra 2014/2015, de acordo com a previsão da consultoria Informa Economics FNP.
No caso do algodão, a expectativa é de avanço de 11,6%, para 1,250 milhão de hectares. Para o milho e feijão, porém, o cenário é de retração e, para o arroz, de manutenção da área, segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas.
SAFRA RECORDE
Em meados deste mês, o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sinalizou uma safra americana recorde de soja, de 103 milhões de toneladas, e um maior volume de estoques mundiais de grãos.
Isso foi uma ducha de água fria nos preços das commodities, que já vinham com tendência de baixa por causa do corte de estímulos monetários feito pelo Banco Central americano. Nos últimos 30 dias, a cotação da soja caiu 7,45%; do milho, 6,88%; e do algodão, 4,94%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). “Os produtores estão apreensivos, mas não vão reduzir a área com soja”, diz Antonio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano, que reúne 6,2 mil produtores.
Ele acredita que o que pode ocorrer em resposta ao preço baixo é a não abertura de novas áreas para a produção do grão. Essa também é a avaliação de Ricardo Tomczyk, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso, o principal Estado produtor de soja no Pais. “Deve diminuir a abertura de novas áreas.”. Em Mato Grosso, por exemplo, é esperada expansão de 5% da área plantada, mesmo com o preço mais baixo. Em Maringá, Norte do Paraná, outra importante região produtora, a expectativa é de manutenção da área de 650 mil hectares com soja, segundo o vice-presidente da Cocamar, José Cicero Aderaldo. Ele observa que os insumos foram comprados em junho. Essa antecipação de compra aparece na entrega de fertilizante, que cresceu 6,9% no primeiro semestre ante igual período de 2013, segundo David Roquetti, presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos.
BOMBRIL
Silveira, da GO Associados, compara a agricultura ao Bombril, marca de palha de aço com “mil e uma utilidades”, numa referência aos impactos positivos da safra. “A produção agrícola da safra 2014/2015 deve segurar a inflação e também ampliara renda do produtor.” O economista argumenta que se trata de contribuição “rara”, porque normahnente quando o preço cai, a produção é afetada. Mas, nesse caso, como os agricultores já tinham comprado os insumos com uma relação de troca favorável, a tendência é de manutenção ou acréscimo de área e o atunento de volume deve compensara queda no preço.
Outro fator que pode jogar a favor dos produtores é o câmbio. Silveira lembra que na época da comercialização da safra, em março de 2015, a expectativa é de uma taxa de câmbio mais elevada, com dólar a R$ 2,40. Isso significa que o produtor poderá obter mais reais pela soja, que é cotada em dólar no mercado internacional.
“Com os dois pés no freio”
A reviravolta nos preços internacionais dos grãos registrada nas últimas semanas fez o produtor paranaense Jorge Pedro Rare, que planta soja e milho em 100 hectares no município de Doutor Camargo, redobrar a cautela e ficar apreensivo “A gente está com os dois pés no freio.
” Em julho de 2013, a saca de soja estava cotada na sua região a R$ 67 e, na semana passada, R$ 55. No caso do milho, o valor do produto encolheu 36% em um ano: de R$ 28 para R$ 18 a saca dogrão. Colocar o pé no freio para o agricultor é não fazer investimentos em maquinário. “Não tenho coragem de comprar uma máquina. E melhor ficar com um trator mais simples do que comprar um mais moderno e ter dificuldade para pagar. ”
ANTECIPAÇÃO
Uma estratégia usada pelo agricultor para atenuara queda na rentabilidade por causa dos preços menores é não antecipar a venda do produto. “Em 2013, vendi 30% da safra de soja antecipadamente.” Já neste ano, por causa do preço menor, Frare decidiu esperar, na expectativa de que alguma alta de preço ocorra por causa do clima ou da desvalorização do real frente ao dólar.
Queda na produtividade afeta área de serviços
A desaceleração no crescimento da produtividade brasileira é nitidamente sentida na indústria, mas já está afetando o setor de serviços e pode começar a prejudicar o mercado de trabalho.
Segundo essa análise, do vice-presidente do Insper e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, o próprio governo tem sua parcela de culpa no problemas da produtividade.
Lisboa explica que, apesar da forte recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, os principais motores do crescimento brasileiro vêm se deteriorando significativamente desde a crise global.“Infelizmente, após 2009 a produtividade, que crescia 1,2% ao ano, passou a crescer próximo de zero. Isso afetou, sobretudo, a indústria, e nos últimos anos vem contaminando também o setor de serviços, que é o grande empregador, então ameaça prejudicar o mercado de trabalho”, afirmou.
O economista, que até o ano passado era vice-presidente do Itaú, argumenta que nos últimos anos o Pais tem sido dominado pela visão do desenvolvimentismo nacional, de que o problema da economia é a demanda, ou seja, é preciso estimular as pessoas a comprarem mais e as empresas a investirem mais.Mesmo assim, ele defende parcialmente os esforços dos governos Lula (do qual fez parte no primeiro mandato) e Dilma, afirmando que houve um grande empenho em alocar recursos para investimentos, mas que acabou fracassando.
Para Lisboa, o motivo desse fracasso foi justamente a questão da produtividade. Na sua visão, a maioria das medidas de proteção adotadas pelo governo para tentar blindar alguns setores contra a competição externa não deu certo. “Na hora em que se faz uma regra de conteúdo local, por exemplo, o consumidor desse setor vai pagar mais caro por equipamentos e insumos importados, ou comprar produtos nacionais de pior qualidade.A proteção de um setor reduz a produtividade de setores que estão à frente na cadeia produtiva, ou reduz a renda das familias”, explica.
Para Lisboa, setores se tomaram dependentes
Com a ressalva de que as medidas de proteção não são necessariamente ruins, Marcos Lisboa diz que o Brasil se fechou muito nos últimos anos e diversos setores se tomaram dependentes, o que dificulta a retiradas das restrições, mesmo quando essas medidas não são bem-sucedidas.Isso acaba criando distorções, como no caso da indústria automobilística, “que tem 60 anos de proteção e até hoje tem dificuldade de competir”.
Questionado sobre as recentes declarações do governo, de que o problema recente da economia brasileira não é a falta de demanda, mas a escassez de crédito, Lisboa insiste na tese da produtividade.O crédito é consequência desse processo, das dificuldades que o setor produtivo vem passando”.
Fonte:O Popular

Nenhum comentário:

Postar um comentário