O recuo de commodities agrícolas e minerais no mercado internacional e a trajetória mais favorável do câmbio reduziram estimativas para a inflação no atacado em 2014, o que pode dar alívio para os preços ao consumidor. Antes na casa de 7%, projeções de economistas consultados pelo Valor para a alta do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) estão, agora, entre 5,5% e 6%.
Já as previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seguem rondando o teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 6,5%, mas podem cair -ainda que em menor intensidade - a depender da evolução dos preços das matérias-primas e do dólar nos próximos meses.
Na semana passada, foram divulgados alguns dados de inflação ao produtor que acabaram levando a perspectivas mais modestas para o aumento do IGP-M no ano. Elaborado pelo Banco Central, o Índice de Commodities Brasil (IC-Br) caiu 1,96% em maio, após ter cedido 2,53% em abril. A primeira prévia do IGP-M de junho, na qual a Fundação Getulio Vargas (FGV) calcula a variação de preços entre os dias 21 e 31 do mês de maio, mostrou deflação de 3% nos preços agrícolas e de 0,63% nos industriais, mesmo com a alta de 1% do dólar no período.
O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, diz que a permanência da taxa de câmbio ao redor de R$ 2,20 é o principal fator que mantém os preços de commodities mais comportados no atacado, mas avalia que essa contribuição será passageira. Como a moeda nacional deve voltar a se depreciar após as eleições e o governo deve autorizar reajuste na ordem de 5% da gasolina, também depois de outubro, Silveira segue trabalhando com avanço de 6,6% para o IPCA em 2014, mesmo após ter revisado para 5,3% sua projeção para o IGP-M.
"Passado o período eleitoral, o dólar vai pular para R$ 2,35 ou R$ 2,40", prevê o economista, para quem, após outubro, o câmbio deixará de ser usado como âncora inflacionária pelo BC e voltará a ser pensado pelo governo como indutor de exportações. Mesmo sem a continuidade da ajuda do dólar, porém, Silveira avalia que a atividade mais fraca e a retração de alguns produtos no mercado internacional podem dar alguma pequena folga ao IPCA.
Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, observa que nem todos os vetores de desaceleração dos IGPs estão concentrados no câmbio ou na queda de preços fora do país. Segundo Leal, boa parte da retração dos itens agropecuários ainda está relacionada à perda de fôlego de alimentos in natura e carnes após os efeitos da estiagem, movimento que pode até levar o grupo alimentação e bebidas ao terreno negativo no varejo em junho. Essa reversão, segundo ele, tem potencial para reduzir as expectativas do mercado para a inflação oficial em 2014. As projeções do banco para o IGP-M estão em processo de revisão e, por ora, o ABC espera alta de 6,3% para o IPCA este ano.
Já André Muller, da Quest Investimentos, diz que está confortável com sua previsão de aumento de 6,5% para o IPCA no ano, mesmo com um IGP-M mais perto de 6% no período. A atual estimativa para o índice, de 7%, será cortada. "De fato os IGPs estão surpreendendo para baixo, mas depois de passado esse período de três meses de inflação mais baixa, as preocupações devem voltar".
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