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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Desaceleração de renda deve afetar setor de fertilizantes

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

Por: Camila Souza Ramos

A acomodação dos preços internacionais das commodities e a perspectiva de um crescimento de renda agrícola menor nesta safra devem impactar no resultado das vendas das empresas de fertilizantes neste ano, segundo analistas

No ano passado, o setor alcançou o terceiro recorde de vendas, com a estimativa de até 30,9 milhões de toneladas comercializadas - os números oficiais serão divulgados em fevereiro. Em 2014, o desempenho deve se manter positivo, com até 31,5 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde. Porém, já existem sinais de uma desaceleração no crescimento, de 4,6% em 2013 contra uma evolução que deve alcançar até 3% neste ano.
"O que vai antecipar a performance de mercado de fertilizantes é o desempenho da receita agrícola", afirma Fábio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados.
No ano passado, a receita agrícola bruta aumentou cerca de 12%, alcançando R$ 273,9 bilhões, por conta do bom desempenho das lavouras de soja, cana e milho. Já para este ano as maiores promessas estão no cultivo de soja, arroz e feijão, que devem contribuir para que a receita do campo suba cerca de 8%, atingindo R$ 296,5 bilhões, calcula a consultoria. "Neste ano, a renda ainda avança, mas não com a mesma intensidade, então o crescimento de vendas de fertilizantes deve ser de 2% a 3% sobre o ano passado", afirma Silveira.
Mesmo o mercado de soja, maior consumidor do insumo no País com 35% das compras, está instável. "O produtor tem deixado em aberto. Tem produtor que já comprou e outros que vão esperar um pouco mais, mas o mercado da soja está muito volátil", diz Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). A GO Associados estima que a receita da produção de soja deve subir 15% nesta safra contra 22,7% no período anterior.
Preços sob controle
Representando cerca de 70% das vendas do setor, os adubos importados devem acompanhar o movimento de menor aumento, e com a tendência de redução de preços, que já vem sendo registrada desde agosto. "Não vemos o preço do fertilizante disparando [em 2014]", diz o analista da GO Associados. A perspectiva de queda do preço do petróleo neste ano deve manter a redução no custo dos fertilizantes, já que eles são fabricados a partir de derivados da commodity.
No ano passado, o valor que os importadores pagaram por tonelada diminuiu 10,2%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O valor médio passou de US$ 499 por tonelada em 2012 para US$ 448 por tonelada.
A tendência de maior valorização cambial, porém, deve compensar a queda nos preços internacionais e manter o desembolso dos produtores sob controle. Isso já ocorreu no ano passado, afirma o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho. "Como importamos quase 70% do que consumimos, essa diminuição não foi muito sentida."
Ainda assim, o analista da GO associados acredita que a queda nos preços de fertilizantes deve ser maior que a dos produtos agrícolas, aumentando a competitividade dos produtores. Segundo a consultoria, desde agosto os agricultores têm reduzido a quantidade de sacas de milho necessárias para pagar por uma tonelada do insumo. Em novembro, a relação de troca chegou a 65 sacas por tonelada, após alcançar mais de 70 sacas por tonelada em agosto. "É uma tendência para o ano todo", diz Silveira.

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