O forte recuo na cotação internacional do barril de petróleo do tipo Brent neste mês - de 9,2% até a última sexta-feira - pode ajudar a balança comercial do país a ter um pequeno superávit neste ano. Na visão de analistas do setor, a redução esperada para o déficit da balança de petróleo e derivados, que neste ano até setembro estava em 21,9%, vai se intensificar, já que o Brasil importa mais combustíveis e outros subprodutos do petróleo do que vende o óleo cru.
Um efeito negativo, no entanto, deve ser observado no nível de exportações totais do Brasil. Neste ano, o petróleo, entre os três produtos mais vendidos ao exterior, é o único que foi expressivo nos embarques na comparação com o ano passado, o que ajudou a segurar o recuo nos preços do minério de ferro e da soja. De janeiro a setembro e na comparação com o mesmo período do ano passado, os embarques de óleo cru atingiram US$ 12,2 bilhões, valor 42,5% superior a 2013.
Analistas estimam que a maior parte dos contratos de venda de petróleo assinados pela Petrobras não passem pelo mercado "spot", mais sensível à variação de preços. Assim, o petróleo mais barato deverá aparecer nas estatística de comércio exterior entre um e dois meses. "Apesar de segurar um pouco o nível do crescimento das exportações de petróleo, a queda na cotação é favorável ao resultado da balança comercial. Algo do efeito desse movimento internacional ainda será observado na balança comercial até o fim do ano", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Neste ano até setembro, a balança de petróleo e derivados registrou déficit de US$ 15,2 bilhões, valor 23% menor do que ano passado. "Sempre quando cai o preço do petróleo bruto, há uma forte correspondência com o preço dos derivados. A tendência deste ano saldo negativo menor deve se acentuar, o que vai ajudar no resultado final", diz Castro.
O sinal do saldo da balança comercial em 2014 dependerá mais do volume exportado de petróleo do que da oscilação de preços. Na média entre setembro e as duas primeiras semanas deste mês, foram exportadas 98 mil toneladas ao dia. No mesmo período do ano passado, as vendas diárias foram de 64 mil toneladas.
Até o final de dezembro, no entanto, a commodity terá que ser embarcada em maior volume para compensar as três plataformas exportadas pela Petrobras no último trimestre de 2013, que adicionaram US$ 4,9 bilhões às exportações totais. Até setembro, os embarques totais do Brasil registravam retração de 1,7%, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
"Como não teremos esse tipo de embarque até o fim do ano, nas minhas contas, a média diária de petróleo vendida teria que aumentar para 130 mil toneladas para compensar esse feito. Com o óleo um pouco mais barato e não havendo esse crescimento tão grande no volume embarcado, por causa das plataformas, as exportações totais podem fechar o ano com recuo de 5,5%", afirma o presidente da AEB.
A projeção da GO Associados para as contas de petróleo e derivados é de recuo de 27,8% no déficit em 2014, que deve cair para US$ 12,6 bilhões na conta que exclui gás natural, hulha e outros energéticos. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) trabalha com redução no saldo negativo de 27%, mas com o déficit não passando de US$ 9 bilhões.
O aumento de produção por parte da Petrobras e a desaceleração da economia, que esfriou a demanda tanto do óleo cru quanto dos combustíveis derivados, ajudaram a aliviar a conta comercial brasileira. Até setembro, a produção nacional de petróleo havia crescido 3,7%.
"O comportamento da balança do setor de petróleo e gás ficou em linha com o projetado no começo do ano, em função da concretização do aumento da oferta e necessidade menor da importação, afetada pela desaceleração da economia", afirma Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômida da GO Associados.
Para Rodrigo Branco, economista do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento (CEDES/UERJ), o recuo da cotação do barril de petróleo tem "efeito marginal" no valor que será obtido com as exportações da commodity até o fim do ano. "O volume será muito mais importante para definir se teremos déficit ou superávit", afirma.
Nas previsões do centro de estudos do qual Branco faz parte, o petróleo é o produto com maior papel na definição do resultado do ano, já que os contratos de venda de minério de ferro a ser embarcado estão assinados e a soja foi praticamente toda exportada.
Caso se mantenha no médio prazo a tendência de permanência do barril de petróleo em um patamar de US$ 85, o principal efeito negativo para as exportações será sentido nos números do ano que vem, já que, em volume, "a produção vai aumentar e com isso teremos mais exportação e a importação deve recuar."
Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Pedroso | De São Paulo
Um efeito negativo, no entanto, deve ser observado no nível de exportações totais do Brasil. Neste ano, o petróleo, entre os três produtos mais vendidos ao exterior, é o único que foi expressivo nos embarques na comparação com o ano passado, o que ajudou a segurar o recuo nos preços do minério de ferro e da soja. De janeiro a setembro e na comparação com o mesmo período do ano passado, os embarques de óleo cru atingiram US$ 12,2 bilhões, valor 42,5% superior a 2013.
Analistas estimam que a maior parte dos contratos de venda de petróleo assinados pela Petrobras não passem pelo mercado "spot", mais sensível à variação de preços. Assim, o petróleo mais barato deverá aparecer nas estatística de comércio exterior entre um e dois meses. "Apesar de segurar um pouco o nível do crescimento das exportações de petróleo, a queda na cotação é favorável ao resultado da balança comercial. Algo do efeito desse movimento internacional ainda será observado na balança comercial até o fim do ano", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Neste ano até setembro, a balança de petróleo e derivados registrou déficit de US$ 15,2 bilhões, valor 23% menor do que ano passado. "Sempre quando cai o preço do petróleo bruto, há uma forte correspondência com o preço dos derivados. A tendência deste ano saldo negativo menor deve se acentuar, o que vai ajudar no resultado final", diz Castro.
O sinal do saldo da balança comercial em 2014 dependerá mais do volume exportado de petróleo do que da oscilação de preços. Na média entre setembro e as duas primeiras semanas deste mês, foram exportadas 98 mil toneladas ao dia. No mesmo período do ano passado, as vendas diárias foram de 64 mil toneladas.
Até o final de dezembro, no entanto, a commodity terá que ser embarcada em maior volume para compensar as três plataformas exportadas pela Petrobras no último trimestre de 2013, que adicionaram US$ 4,9 bilhões às exportações totais. Até setembro, os embarques totais do Brasil registravam retração de 1,7%, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
"Como não teremos esse tipo de embarque até o fim do ano, nas minhas contas, a média diária de petróleo vendida teria que aumentar para 130 mil toneladas para compensar esse feito. Com o óleo um pouco mais barato e não havendo esse crescimento tão grande no volume embarcado, por causa das plataformas, as exportações totais podem fechar o ano com recuo de 5,5%", afirma o presidente da AEB.
A projeção da GO Associados para as contas de petróleo e derivados é de recuo de 27,8% no déficit em 2014, que deve cair para US$ 12,6 bilhões na conta que exclui gás natural, hulha e outros energéticos. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) trabalha com redução no saldo negativo de 27%, mas com o déficit não passando de US$ 9 bilhões.
O aumento de produção por parte da Petrobras e a desaceleração da economia, que esfriou a demanda tanto do óleo cru quanto dos combustíveis derivados, ajudaram a aliviar a conta comercial brasileira. Até setembro, a produção nacional de petróleo havia crescido 3,7%.
"O comportamento da balança do setor de petróleo e gás ficou em linha com o projetado no começo do ano, em função da concretização do aumento da oferta e necessidade menor da importação, afetada pela desaceleração da economia", afirma Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômida da GO Associados.
Para Rodrigo Branco, economista do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento (CEDES/UERJ), o recuo da cotação do barril de petróleo tem "efeito marginal" no valor que será obtido com as exportações da commodity até o fim do ano. "O volume será muito mais importante para definir se teremos déficit ou superávit", afirma.
Nas previsões do centro de estudos do qual Branco faz parte, o petróleo é o produto com maior papel na definição do resultado do ano, já que os contratos de venda de minério de ferro a ser embarcado estão assinados e a soja foi praticamente toda exportada.
Caso se mantenha no médio prazo a tendência de permanência do barril de petróleo em um patamar de US$ 85, o principal efeito negativo para as exportações será sentido nos números do ano que vem, já que, em volume, "a produção vai aumentar e com isso teremos mais exportação e a importação deve recuar."
Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Pedroso | De São Paulo
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