Por: Bruno Porto
25/09/2014 às 08h12
Um grupo de cinco produtos, que juntos respondem por 68% da pauta de exportações de Minas Gerais, está em trajetória de desvalorização. Alguns deles com viés de queda nos preços há pelo menos um ano, sem horizonte de melhorias significativas no curto prazo. Todos eles são commodities: minério de ferro, ouro, café, soja e açúcar.
A motivação da depreciação nas cotações é majoritariamente externa, como os altos estoques internacionais, mas os impactos são locais e podem ser severos.
As taxas de emprego e o crescimento da economia sofrem as consequências da desvalorização dos embarques, e Minas Gerais já apresenta indicadores aquém da média nacional.
“A saída para regiões como Minas Gerais, com economia muito voltada para exportações, é a produtividade e competitividade. Quem não tem produtividade sente os efeitos com mais peso. No caso do Estado, as taxas de crescimento tendem a ficar abaixo da média ”, disse o professor do Ibmec Minas Márcio Salvato.
O Commodity Research Bureau(CRB) Index, índice internacional de preço médio de produtos básicos, caiu 1,78% na semana encerrada no último dia 19 em função da desvalorização de diversos produtos.
“Pelo menos até o primeiro semestre de 2015, não há fundamentos que justifiquem uma melhoria no cenário. O produtor agrícola até está capitalizado, com gordura cumulada de 2010 a 2012. Este ano também houve grande oferta de crédito agrícola. Mas com 2014 e 2015 de preços baixos, e isso se prolongando para 2016, haverá corte de investimento no campo, e consequências para a rentabilidade”, disse o diretor de Pesquisa Econômica da consultoria GO Associados, Fábio Silveira.
O enfraquecimento das commodities já foi sentido no balanço das exportações mineiras. No ano, os embarques estão 7% menores, sobretudo pela queda de preço do minério de ferro.
A soma de US$ 8,3 bilhões exportados em minério até agosto é 14,3% inferior ao comercializado no mercado externo em igual período de 2013. No caso do ouro, as exportações no período somam US$ 531 milhões, uma retração de 37% sobre o mesmo intervalo do ano passado.
Crédito ao agricultor ameniza desvalorização
Crédito ao agricultor ameniza desvalorização
A desvalorização das commodities em 2014 está sendo compensadas, em parte, com crédito agrícola. Para 2015, no entanto, um esperado ajuste fiscal deverá minar a principal fonte de capitalização, o governo, e em 2016 a situação do produtor rural poderá chegar ao seu pior momento, aponta o diretor de Pesquisa Econômica da Consultoria GO Associados, Fábio Silveira.
“Estamos pagando o preço por sermos muito exportadores de commodities. A economia mundial vive um rearranjo, e esse movimento sempre gera sofrimento. Se nada mudar o ambiente de forma significativa, 2016 será um pouco dramático”, observou.
A avaliação está direcionada, principalmente, para produtos como soja, milho e açúcar.
Minério
O preço do minério de ferro, que esta semana ficou abaixo de US$ 80, atingindo a pior cotação desde 2009, chegará em 2015 ainda desvalorizado, entre US$ 80 e US$ 85 por tonelada, de acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). O presidente do Inda, Carlos Loureiro, avalia que o mercado foi surpreendido pela demora das empresas em reduzir a produção, e isso se explica pelos pesados investimentos que já foram feitos até este momento. Ele citou a Anglo American, que comprou o projeto Minas-Rio da MMX, e agora não vai deixar de colocar minério no mercado, após ter realizado o investimento. “Se o grande custo era fazer a mina, o mineroduto, agora a empresa não vai entregar nada?”, disse Loureiro.
Fonte: Hoje em Dia
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